2 meses depois...
Eu e Daryl estávamos fora da comunidade á dois meses. Só nós dois.
Andando pelo mundo, ele na moto, eu na pick up, colecionando coisas que seria útil levar para casa.
No final de cada dia, assim que arrumavamos um lugar para dormir, aquele desejo doido pelo Dixon regressava, pelo que faziamos bem mais do que dormir. Aliás, a gente dormia muito pouco.
Nesse dia, um dia quente de verão, com o sol brilhando em toda a sua beleza no céu, o cheiro de erva seca no ar, eu estava dentro do que antes fora uma farmácia. Denise, a nossa nova espécie de médica, tinha feito uma lista de coisas que precisava. Eu achava mais fácil entrar num hospital, mas Daryl me impediu, dizendo que lembrava muito bem da última vez que isso acontecera.
Tive de concordar com ele.
Enquanto vasculhava as prateleiras, pegando as caixas e lendo o conteúdo, minha mente lembrou de algo, quando os meus olhos passaram, por mero acaso, pelos produtos de higiene feminina.
Franzi o cenho, com a caixa de remédio na mão, olhando os outros, e comecei a fazer contas na minha cabeça.
- Daryl.
Ele, do outro lado da farmácia, de costas para mim, me olhou, esperando.
- Á quanto tempo a gente saiu de Alexandria?
Ele pensou por dois segundos e depois se aproximou. - Dois meses, porquê?
Ergui um dedo, pedindo um tempo e recomecei a contar.
Meu Deus! Minhas contas estavam certas, mas o resto não.
Senti um calor me invadir, passando por cada centímetro do meu corpo e depois olhei ele.
Daryl me olhava, preocupado.
- Estou atrasada. - Falei.
Ele franziu o cenho. - Para quê?
Revirei os olhos e ergui a mão, indicando os produtos femininos. - Eu estou atrasada, Daryl. Faz dois meses.
Vi ele ficar pálido e colado ao chão, completamente imóvel e em silêncio.
Me afastei, jogando a caixa na prateleira e me aproximando do lugar onde estavam os testes, pegando um e olhando Daryl.
- Já volto.
Ele apenas assentiu.
Entrei no banheiro e tranquei a porta.
Minhas mãos tremiam tanto ao abrir a caixa que tive de parar, respirar fundo e recomeçar.
Tirei o teste, olhando ele por uma eternidade. Eu queria mesmo saber aquilo? Não, mas eu precisava.
Fiz o que tinha a fazer e depois sentei no chão, colocando o teste no chão e olhando a parede em frente, esperando.
Dois meses. Eu estava com o Daryl á dois meses e agora... Como eu iria lidar com aquilo? Como eu iria... Fechei os olhos, respirei fundo e abri. Estava na hora da verdade.
Olhei para baixo e meu mundo ruiu.
As lágrimas caíram pelo meu rosto, feito torneira aberta, meu corpo tremia, minha cabeça parecia que ia explodir de pânico. O que eu iria fazer? Daryl iria me odiar e eu iria morrer se levasse aquilo adiante. A mãe da Judith morrera.
Limpei as lágrimas, peguei o teste e levantei, respirando fundo e abrindo a porta.
Daryl estava junto da janela, olhando o exterior, mas me olhou assim que percebeu que eu saíra.
Me aproximei dele, mordendo o lábio de nervosa.
- Então? - Perguntou.
Mostrei a ele o teste e Daryl voltou a colocar aquele ar estranho no rosto. Ele estava tão perdido quanto eu.
- Eu estou grávida. - Falei, como se falar, torna-se tudo real.
Ele franziu o cenho, ainda olhando o teste na minha mão e depois ergueu o olhar para mim.
- Não há a mínima chance de isso estar errado. - Disse ele.
Neguei com a cabeça. - No meu caso, não.
Ele assentiu. - Tá.
Suspirei, passei a mão pelo cabelo e encarei ele. - Olha, pode não dar em nada, mas eu posso pegar os remédios e cuidar disso. Pode ser que funcionem e assim você não precisa ficar todo nervoso por algo que não queria...
- O quê? - Ele me encarou, sério. - Você está, sequer, pensando na ideia de tirar?
Franzi o cenho. - Não é o que sugeriu?
- O quê?! Não! Ele... - Daryl olhou a minha barriga e depois para mim. - Não. Ele não tem culpa de existir, a gente tem, então vamos dar um jeito. Mas não esse jeito! Ele existe! Tem dois meses, já.
Fechei os olhos. - Eu posso morrer, Daryl.
Ele me segurou pelos ombros. - Ninguém vai morrer. Vamos regressar a Alexandria, Denise vai ver você e a gente vê o que pode fazer. Lá é seguro.
Assenti mas depois dei de ombros. - Eu sei que a Lori morreu no parto.
Daryl me abraçou e eu apertei ele nos meus braços, fechando os olhos.
- Lori não tinha as mesmas condições que você tem na comunidade. - Daryl respirou fundo. Depois me afastou um pouco e me olhou nos olhos. - Não vai tirar.
Assenti. - Tá. Mas eu estou tão perdida...
Ele assentiu. - Eu estou com você.
Sorri. - Perdido do mesmo jeito.
Ele riu. - Morrendo de medo, na verdade. - Depois beijou o topo da minha cabeça. - Vamos voltar, precisamos saber que está tudo bem e precisamos contar aos outros.
Suspirei. - Quero nem pensar.Abraham riu tão forte e tão alto, que temi que ele fizesse a casa cair.
Ele olhou Daryl.
- Não conseguiu tirar antes? Tadinha da Lara.
Estreitei os olhos. - Abe!
Ele ergueu as mãos. - Desculpa, Scar, foi mal. Você tem razão. Não é de você que devemos ter pena, mas sim de todos nós. Afinal, você está carregando um Dixon.
Daryl olhou ele fixamente e Abe ergueu as mãos.
- Isso é uma ótima notícia. - Disse Rick, sorrindo.
Olhei ele. - Denise não tem aqui tudo o que o que precisa para acompanhar uma gravidez, então irei sair com o Daryl, procurar coisas e... - Percebi Rick me olhando. - Quê?
- Você está grávida, Lara.
- E daí? Olha, ele está perfeitamente seguro aqui dentro e eu não vou ficar aqui dentro, não! Só quando minha barriga for tão grande que não veja mais os meus pés.
Todos riram e Deanna me sorriu. - E todos sabemos que o Daryl não deixará nada chegar em vocês.
Olhei Daryl e ele me olhou de volta.
Rick ergueu as mãos. - Fazer o quê?
Michonne se aproximou. - Posso? - Perguntou, com as mãos a centímetros da minha barriga.
Assenti e ela tocou, sorrindo e depois olhou para o Daryl.
- Só espero que ele seja igual a mãe.
- Engraçadinha. - Disse ele.
Todo mundo riu.
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Bite Your Kiss
FanfictionDaryl nunca achou que se adaptaria a Alexandria, aquele povo que parecia ter esquecido que, lá fora os mortos dominavam o mundo, matando todos os que eles mais amavam. Além disso, os Alexandrinos eram esquisitos, com suas roupas e vidinhas normais...