(O começo) Capitulo 7

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— Emi eu vou te matar!- disse Lin movimentando a boca pausadamente e em silêncio. Entender o que a amiga dizia era difícil, mas Emiko conseguiu captar a mensagem pelas expressões.

Os olhos da Emi gritaram "CALMA!" enquanto mostrava as palmas das mãos. Tinha acabado de ligar para a irmã e esperava que ela chegasse logo.

As duas estavam debaixo da pequena escrivaninha de madeira cercadas por nada mais nada menos do que Sakurai Riku, o pai das gêmeas.

Tudo ao redor se encontrava em total escuridão, apenas as luzes de emergência ligadas por toda a delegacia davam uns tons de vermelho e roxo nas paredes e tetos. Naquela sala não era diferente, a iluminação escarlate permanecia piscando, deixando uma atmosfera pesada e intensificando a tensão na respiração das meninas.

Sentido o ar faltar no pulmão a cada passo que o pai dava. Emiko se perguntou como que aquilo tinha acontecido e começou a relembrar como a situação ficou dessa forma.

Depois de ter ligado para a Lala e ter desejado boa sorte à irmã, desligou o celular, encarou o céu, colocou o capuz e respirou bem fundo aquele ar fresco das 22:00 para recuperar a coragem que deveria ter. Olho para Lin ao seu lado e se perguntou como ela tinha concordado com o plano.

Sempre conseguia se enturmar fácil e ser carismática, era natural pra ela, várias vezes fazia as pessoas ao seu redor ficarem felizes por apenas conversar e dar força a elas. Mas aquilo já era loucura. Roubar a delegacia e também seu pai era a coisa mais absurda que já tinha feito. Não que ela fosse santa, longe disso, ela sempre estava fazendo alguma merda como a ratazana, o seboso e o doido, como ela chamava seus amigos de infância. Já Yoko e Kyoko eram certinhas se comparadas com ela. Sempre "damas" que sabiam se portar, como seu pai falava.

— Emi? — Lin a chamou — aconteceu algo? Você está quieta e nem tá cantarolando nada.

A gêmea olhou nos olhos da outra e apenas negou com a cabeça dando um sorriso falso para não a preocupar. Não queria que ela tivesse a impressão que estivesse com medo, por mais que fosse a verdade. Mas por que estava com medo? Já tinha feito tantas coisas loucas e estúpidas antes, mas... dessa vez era com seu pai.

Emiko tinha muitos medos na vida, altura, escuro, perder as pessoas que ama, mas seus pais... esse era o maior medo dela. Todas as coisas que passou na infância comprovavam isso.
A única que sabia de seus medos era sua irmã. A sua metade que passou pelos mesmos abusos e negligência dos pais e que também tem medo dele: o famoso e rígido "chefe" da delegacia de Tokyo.

O pai das gêmeas tinha subido de cargo a três anos, virando o supervisor geral de tudo, antes ele era um investigador criminal muito famoso, conseguiu fazer várias pessoas serem pegas e fez alianças com outras para conseguir capturá-las.
Um feito muito importante foi conseguir pegar uma quadrilha inteira com um dos chefe da máfia. O outro chefe estava escondido ainda, um homem conhecido pelas iniciais H.S.

O senhor Sakurai, como era conhecido pelos demais, virou um exemplo como detetive e policial. O homem era difícil de matar, com nervos de aço e bem equilibrado. Isso só no trabalho.
Em casa se casou com uma política somente por ter engravidado ela "por acidente''.  As crianças, duas meninas gêmeas nascidas de um relacionamento sem amor e que nenhum dos dois queria, foram criadas com rigidez e sem carinho dos pais, sobrevivendo apenas com o amor uma da outra.

— EMI — gritou Lin balançando a amiga pelo ombro e tirando ela de suas lembranças ruins — Fala agora o que você tem!

Encarou firme a menina e suspirou fundo, tentando se abrir um pouco sobre o assunto.

— Medo — sussurrou cortando o contato visual .

— Que?

— Eu sei! Eu sei! — começou a explicar — Eu pulei de prédios e cai deles também, corri de uma gangue que EU estava espionando e ainda fiz essa merda de plano — se virou para Lin rapidamente mexendo os braços eufórica a cada palavra dita— Que aliás vocês são loucas de terem aceitado! É a primeira vez que nos vimos e a primeira vez que faço um plano que envolva mais pessoas. TUDO para dar errado... — parou para respirar já sentindo o medo nas veias. — É idiota ter medo.

Yane no Neko KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora