(Yin) Capitulo 17

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— Ei, vocês duas aí em cima! — falou o que ainda restava no local.

Estremeceram quando a voz baixa do careca, mesmo na chuva, alcançou seus tímpanos. Agora sim as duas se sentiam como roedores encurralados em uma toca. O arrepio percorreu os corpos e permaneceu por mais tempo, quando finalmente os olhos do "predador" entram em contato com os delas.

Um olho vermelho, o outro esbranquiçado e com uma cicatriz cruzando seu rosto, o que lhe dava um ar ameaçador. Tinha um olhar tão frio quanto o chão que estavam jogadas e o usava para encarar o rosto das duas paralisadas pelo medo. Não tinham feito barulho o suficiente para que ele pudesse ouvir alguma coisa, não naquela chuva. Suas respirações não estavam tão altas para serem ouvidas... ou estavam?

Tentaram recuar inutilmente pelo chão, mas seus corpos não responderam aos comandos.

— Me desculpa fazer essa bagunça— falou virando o corpo inteiro na direção delas com um sorriso frouxo — Meus amigos são sem noção — falou se curvando — Novamente desculpa.

Sem entender muito, as duas ainda estavam caídas no chão, e agora, com o rosto coberto de dúvidas, se entreolharam e voltaram a atenção para o menino. Sem emitir um único som elas o encaram com as sobrancelhas arqueadas ao verem que o mesmo ainda estava em reverência. Aos poucos ele voltou a uma pose ereta e um sorriso sem graça surgiu em seus lábios.

— Por favor — ele começou, abrindo os olhos multicolores — Não chamem ou contem a ninguém sobre o que viram. — a voz dele mudou bruscamente para um tom frio e sem emoção.

Esse aviso sutil que tinha feito tinha sido o suficiente para Lala e Kyoko entenderem bem a situação: ele havia as ameaçado.
"Se contarem, ELES vão fazer pior com vocês!" — dizia a ameaça subliminar na expressão do garoto. E elas sabiam que eles fariam pior se elas tivessem a audácia de denunciar.

Com receio e com os músculos não tendo reação a seus estímulos, elas concordaram com um acenar de cabeças sem tirar os olhos do inimigo. Como uma cobra de duas cabeças, cada uma olhava para um olho colorido diferente se prendendo ao pavor que emanava deles.

— Muito obrigada. — falou voltando a sorrir descontraído, espremendo os olhos afiados— Tchau. — com um aceno de mão ele se despediu colocando as mãos no bolso da calça, descendo em direção ao segundo andar e logo depois indo para o térreo, onde provavelmente estaria o restante dos "amigos", se podiam ser chamados assim.

Mantendo a respiração baixa, elas esperam ouvir o ruído dos passos diminuírem para colocar distância entre elas e os Shinigamis, como deveria ter batizado Emiko se ela estivesse por lá. Seria uma ótima analogia para eles. Deuses da morte que vem para buscar as almas dos indesejados e perdidos em um prédio abandonado, velho e perfeito para filmes de terror trash ou boatos maldosos que apareceriam em um programa furreca.

Se aquele dia fosse hoje, chuvoso e escuro, se tivesse alguém naquele prédio que pudesse encostar em coisas sólidas e tivessem ouvido os gritos da Lin, não duvidavam que ela seria considerada como uma assombração.

Esperaram 1 minuto inteiro depois de ouvir o último bater de solado no piso e depois de cessarem as palavras e vozes masculinas. Tudo apenas para terem certeza de que poderiam levantar do chão molhado, talvez pela água chuva, talvez pelo suor pegajoso causado pelo nervoso.

De toda forma, elas se levantaram sentindo o vento gélido e algumas gotículas de chuva bateram em seu rosto. Limparam as roupas, se encararam e tentaram entender a situação bizarra e assustadora que haviam passado em uma pequena fração de segundos.

— Vamos? — Lala perguntou, vendo o rosto amassado de Kyoko.

— Vamos.

Desceram os degraus do 4° andar até chegar no 3°, seguindo pelo caminho do corredor e indo em direção ao apartamento de Lin, com passos cautelosos e apreensivos. Chegaram em poucos passos, mas bem lentamente.

Yane no Neko KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora