(O começo) Capítulo 10

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A neblina formada pela água quente quase cobria o imenso banheiro. Era um local convidativo, aconchegante e acolhedor, com seus diversos banquinhos para o banho em frente de alguns suportes para objetos de higiene e espelhos paralelos entre si. Ao fim da sala, aquela banheira gigante com água quente e algumas ervas e especiarias para relaxamento e hidratação da pele, e acima na parede, um quadro do monte fuji bem iluminado pelas luzes amarelas.

O local continha oito "salas de banho", que eram divididas entre os gêneros feminino, masculino e o misto, sendo esse último mais frequentado por casais ou pessoas que não se aceitavam em nenhum dos dois gêneros. Também tinham salas de descanso, uma sala de armário para guardar os pertences e uma lavanderia grande para lavar as roupas daquele momento.

Essa era a casa de banho 24 horas famosa na fronteira de Shinjuku com Suginami. Sempre estava lotada na parte do inverno, mas durante o verão era fraco com a clientela.

As meninas se encontravam na recepção onde uma senhorinha as via com desconfiança. Os óculos redondos e os cabelos grisalhos da idosa dividiam a atenção entre as garotas e o dinheiro que elas deram.

— Vão usar também a lavanderia? — perguntou desconfiada.

As meninas apenas balançaram a cabeça desanimadas, exceto Emi que manteve o sorriso grande no rosto. Tinha entrado em uma discussão para tentar convencer as amigas a ir para um banho público.

Lin e Lala eram amigas de infância e tinham gostado da gêmeas, mas não ao ponto de tomarem banho juntas. Só não contavam que a loira mais velha tinha uma insistência maior que sua loucura e que tinha argumentos plausíveis o suficiente para fazerem elas deixarem o pudor de lado e irem juntas. O lado bom é que não teriam outras pessoas, fora elas quatro. O lado ruim... só teriam elas quatro.

— Vocês não fugiram de casa não, né?! — perguntou um homem mais novo, com uns 39 anos talvez, de cabelos negros bagunçados e olhos finos. Ele tinha ido buscar os pacotes de higiene pessoal e toalhas "descartáveis" que eles ofereciam por um valor considerável — Vocês estão todas sujas e machucadas.

— Depois do banho vamos para casa. — falou Lala com vergonha quando o olhar do homem veio em direção a elas, tão desconfiado quanto a da senhorinha. A semelhança entre eles era notória, deveriam ser parentes..

— Nos metemos em uma briga. — começou Emiko — E se nossos pais verem isso vão ficar tristes. — forçou uma cara tímida e fofa, imitando um cachorro pidão.

— Não queremos preocupá-los — a mais nova imitava as feições da mais irmã — Não conta para eles.

Quem via e ouvia essa voz manhosa e o rosto redondo e meigo, com os olhos brilhando e marejados, mal sabia que eram duas pessoas que não batiam bem da cabeça.
Mas os adultos não sabiam as diabinhas que elas eram.
Eles foram conquistados pelo "charme" das meninas, e mostraram o local do banho e como poderiam usar as máquinas na sala ao lado dos banheiros.

Acompanhadas pelo local, Emiko não podia deixar de olhar de canto de olho para as meninas e sorrir feliz.

Ao deixarem o local junto com todas as coisas que o homem forneceu, elas entraram no banheiro já tirando as roupas no vestiário colocando em um cesto de roupas e se cobrindo com as toalhas.

— Uou! — disse Lala vendo o corpo das gêmeas com a pele branca musculosa quase definida.

— A roupa realmente engana, né? — Kyo falou sorrindo.

— E muito — Lin começou a participar da conversa — Vocês duas fazem o que?

— A Kyo faz karatê desde os 5 anos e eu migrei para a ginástica olímpica com 7 — explicou Emi pegando as roupas de todas no cesto e levando para a pequena divisão que ficava as lavadoras e secadoras de roupas.

Yane no Neko KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora