(O começo) Capitulo 8

62 6 3
                                    

Emiko puxou Lin até a estante que as cobria por completo, ficando de costas para a porta.
A amiga ficou numa posição que não tinha visão para a entrada, mas para ela era totalmente visível quando estava agachada.

Pressionou os olhos tentando identificar a pessoa que tinha entrado, mas quando ouviu um pequeno click, Emi voltou para o mesmo lugar que estava. Uma luz preencheu uma boa porção da sala, vinda de uma lanterna bem melhor da que estava no bolso dela.

— Vamos ver — era uma voz familiar para a gêmea, que vasculhou suas memórias em busca do rosto referente a ela.

Quando a luz mudou de posição, ela tentou olhar novamente e viu a pessoa entrar na 3° fileira.

Ela fez um sinal de mãos para que Lin a acompanhasse. Foi seguida para dentro da fileira com passos leves até que chegarem ao final da sala onde outro corredor começava, conectando todos novamente. Andaram até a 4° fileira e, sorrateiramente, Emiko se esticou para ver a 3° fileira e Lin, desta vez, a seguiu.

E lá estava. Mesmo com a visão ruim dava pra reconhecer que era o homem que viram mais cedo sair da viatura com o pai das gêmeas. De cabelos negros e com o habitual óculos quadrado no rosto estava um dos ajudantes e parceiros de seu pai, o senhor Masato Tachibana.

Ele estava olhando para todas as gavetas que estavam classificadas com a letra H, em específico, a gaveta que tinham pego o arquivo que agora estava na mesa.

Emi se perguntou se eram os registros do Hikari Shibō que ele estava atrás. Um caso que o próprio Tachibana e seu pai estavam a tempos trabalhando juntos, mas não.

O homem pegou a ficha de outra pessoa e a levou até a mesa onde estavam o celular e o "objetivo", como ela gostou de chamar a ficha de Shibō. E voltou para a mesma fileira, agora em outra gaveta.

Fez esse processo algumas vezes antes de ir em direção a porta que, para a infelicidade das meninas, o policial levou tanto o celular quanto as fichas que tinha colocado na mesa. Mas antes de sair com a mão livre apontou a lanterna para o corredor que as garotas estavam, revisando se não deixou alguma gaveta aberta. Após a breve vistoria, ele estalou o pescoço e seguiu o caminho até a porta, abrindo e fechando ela com dificuldade.

— Merda! — se vendo finalmente sozinhas, Lin correu em silêncio até a mesa — Ele levou tudo! — a raiva e a indignação em sua voz eram nítidas.

Emiko ignorou a exclamação da amiga, mexeu exatamente onde Tachibana tirou todas as fichas e puxou o nome de alguns que estavam faltando na ordem. Dois deles estavam envolvidos com o caso de tráfico de drogas entre China e Tailândia, o mesmo caso do pai de Lin.

Como um estalo, seu cérebro ligou os pontos. Sabia justamente para onde iriam os objetos que foram levados. Afinal, seu pai estava a semana toda falando de alguma pista nova sobre o caso, hoje os dois iriam pegar toda a papelada e organizar as novas informações.

— Vem! — Emi chamou a amiga indo em direção a porta.

Abriu a porta devagar olhando para os cantos e voltou pelo caminho que entraram.

— Vá embora e espera as meninas. — disse virando para a mais velha.

— Quê? — proferiu — Não vou embora!

— Sou melhor sorrateira sozinha, Lin!

Emi não queria fazer desfeita da nova amiga, mas teriam que subir os dois andares para chegar na sala de reuniões ou na do seu pai, além de também se preocupar com pessoas nas demais divisões e setores do primeiro andar.

— Vou rápido e volto.

— Não! — recusou Lin — Eu não vou deixar você ir...

Antes de terminar de falar a pequena pegou as mãos dela e apertou firme. Um aperto que Lin se surpreendeu pelo latejo que deu. A gêmea tinha muita força nas mãos, mais do que esperava.
Parando para pensar mais cedo a loira pulou e segurou aquele degrau de ferro e se impulsionando para cima com muita facilidade. Talvez ela fizesse algum exercício.

Yane no Neko KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora