(Yin) Capitulo 14

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— NARAAA! —  uma voz rígida chama Lala de longe.

A menina, ainda olhando para as crianças, fecha os olhos numa tentativa de reprimir seu desgosto para se virar para a senhora de 48 anos com aparência de mais velha.
Olhos caídos, pele áspera, cabelo grisalho e marcas de expressão visíveis a olho nu, fariam com que ela desse 60 e tantos anos para a senhora Inoue, se não soubesse que ela tinha quase a idade da sua mãe.

— Sim, senhora Inoue? — falou com um tom pacificador.

— VOCÊ AINDA NÃO FEZ TODOS OS PREPARATIVOS? — os gritos aumentavam enquanto ela chegava mais perto — A APRESENTAÇÃO É DAQUI A ALGUMAS SEMANAS! E AINDA NÃO ESTÁ NADA PRONTO!

— Estou ter....

— NÃO QUERO OUVIR SUAS DESCULPAS! — a interrompeu com o dedo na face dela — QUERO OS PREPARATIVOS PRONTOS ATÉ O FINAL DA SEMANA QUE VEM!

— SIM! — afirmou em reverência, enquanto a velha lhe dava as costas.

Era assim desde quando começou a trabalhar ali: recebia uma sinfonia de exageros e cobranças da "dona" do local.

Senhora Inoue era uma das clientes fiéis de sua mãe. Foi onde teve contato com o ballet pela primeira vez.

Lembrava de chegar no Japão ainda com seus 4 anos, mal conseguindo falar o básico de japonês, quando em um dia ensolarado de primavera onde as flores da floricultura de sua mãe estavam em sua mais bela forma, a senhora Inoue entrou pedindo por rosas para a inauguração da sua academia de dança.

O bom da dança é que ela é universal. Era que nem em matemática: não importava sua nacionalidade, era sempre a mesma "linguagem". A mãe adotiva de Lala sabia disso e de todas as formas que procurou para a filha se acostumar melhor com o novo país, ela viu na dança a solução.

Claro que a morena amou a ideia, era uma das coisas que mais amava. Mostrou ter aptidão para arte. Experimentou de tudo que a academia poderia proporcionar: Hip Hop, dança contemporânea, ballet, odori, sapateado, jazz e entre outros.
E 12 anos depois, quando surgiu a proposta de emprego, a menina viu a oportunidade de ter o gosto da independência. Se candidatou a vaga para ensinar crianças entre 4 e 9 anos ballet e dança contemporânea, mas não pensou que fosse ser cobrada por tudo e um pouco mais. Às vezes parecia que Inoue tinha alguma coisa contra ela, pois com outros professores a senhora não mantinha o mesmo tratamento.

Mas não se importava tanto. Estava mais que satisfeita e feliz pelo simples fato de fazer o que amava, e ainda mais tendo crianças tão fofas e espertas como alunas.

— Enfim... — puxou o ar voltando a realidade — Vamos voltar à aula crianças — dava tapas leves chamando a atenção dos menores, tendo uma resposta positiva.

Já estava muito preocupada com a melhor amiga, pois não tinha conseguido conversar com ela o dia todo. Estava decidida a passar na casa de Lin depois do trabalho.
Hoje a aula terminaria tarde, mas bem antes das 18:00, que era o horário normal.

O lado bom era que dançar fazia o tempo passar mais rápido, então logo a aula chegou ao fim e as crianças começaram a ser buscadas por seus responsáveis. Exceto por duas meninas: as Mitsuyas.

Duas das suas alunas mais esforçadas. Com apenas 2 anos de diferença de uma para outra, elas eram bem educadas e gentis. Durante esse um ano que estavam na academia elas se mostraram boas nos movimentos e se divertiam dançando.
Lala normalmente ficava com elas aos sábados até o local fechar. Elas a ajudavam e até brincavam e dançavam com a mesma até o responsável chegar para buscá-las.

— Tia Nara — chamou a mais velha das irmãs, sentada no banco balançando os pés — a diretora Inoue estava brigando com você por quê? — observadora e direta como sempre.

Yane no Neko KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora