Yane no Neko Kai

Extra - Baji e Kyoko

Extra do arco "O começo"

[Pov: Baji Keisuke]

— KYOKO? — chamei por ela entrando no meio da multidão.

Aquele amontoado de adolescentes vendo uma briga e torcendo com gritos, deixava tudo abafado e apertado. O povo estava fazendo uma barreira em volta da briga.

Quando Chifuyu falou melhor a aparência da menina que estava brigando, eu não queria acreditar que era a Kyoko. Por mais que a descrição fosse igual a ela, não queria acreditar que era minha namorada que estava brigando.

Ela sempre foi forte e boa de briga, mas só se metia em confusão quando a irmã estava junto. Emiko sempre foi a gêmea problemática desde quando eu a conheci, era o que o povo chamava de "menino no corpo de menina", enquanto a irmã era calma e delicada.

Empurrei as pessoas até que vi um pouco o rosto da garota envolvida na briga e pude confirmar que era a minha namorada. Nossos olhos se encontraram e o olhar de espanto que ela me lançou deixou tudo ainda mais claro.

— KYOKO! — chamei ela estendendo a mão em sua direção, mas ela correu.

Ela... estava correndo de mim? Mas... por quê?

Começo a abrir espaço com mais brutalidade, sem tirar os olhos dela. O povo foi cedendo. Quando eu cheguei na metade do caminho, no centro da briga, vi alguns meninos machucados no chão e uma menina com o nariz sangrando.

Com toda certeza, foi a minha namorada que fez isso.

Chamei mais algumas vezes o nome dela, mas ela não voltou.
Do nada as luzes se desligaram. Eu estava na completa escuridão. Não conseguia ver nem a palma da minha mão.

— Kyoko? — preocupado por estar escuro a chamei, agora sem conseguir disfarçar meu desespero em não vê-la.

As pessoas ao redor assustadas pela falta de claridade correram em diversas direções. Eu preferi ficar parado, não iria conseguir sair dali mesmo. Fui empurrado algumas vezes.

— Baji-san? — era Chifuyu. Ele tinha me seguido até o centro da multidão com o Kazutora.

Não tinha reparado que eles estavam atrás de mim, estava só olhando para frente, preocupado demais para ver qualquer outra pessoa nas minhas costas.

Peguei meu celular para ligar para ela. O telefone iria tocar e pelo som eu a encontraria. Chamou algumas vezes e caiu na caixa postal. Tentei mais duas vezes e nada. Ela não estava atendendo e deixou no silencioso. Eu estava começando a ficar com raiva e preocupado, ela não é de fazer isso.

— Vamos sair daqui Baji. — começou Kazutora. O olhei com raiva, não pela ideia, mas por estar preocupado — Vamos pegar a moto e procurar por ela.

Confirmei com a cabeça e segui os dois com os olhos, já me acostumando à escuridão. Corremos até onde tínhamos deixado as motos. Iria atrás dela. Iria achar ela. Não queria deixar ela ir assim. Queria que ela me explicasse por que não estava na Yoko. Por que estava brigando. Por que está... fugindo de mim.

Chegamos onde deixamos as motos e decidimos que mesmo no escuro iríamos nos separar para procurá-la. Eu iria pela esquerda, Kazutora e Chifuyu iriam pela direita com a mesma moto, já que o Chifuyu veio de carona comigo.

A todo momento eu não conseguia parar de pensar na Kyoko, estava preocupado. Queria vê-la e abraçá-la. Queria apenas ter certeza que ela estaria bem.

Andei alguns minutos por aquela cidade escura com a ajuda do farol da minha moto. Já deveria estar passando das 22:00 e nenhum sinal dela.

Passei por algumas ruas e, até mesmo, quase atropelei alguns doidos que se enfiaram na frente da moto quando saíram dos becos se jogando na rua principal, com as desculpas de não estarem vendo. Até parece que iria acreditar numa besteira dessas.