— Ali me deu o código. — Gabriel respondeu.
— Bem que ela poderia ter me avisado.
— Ela esqueceu. — Gabriel explicou — Se te faz sentir melhor, ela não quis me dar a chave para não invadir sua privacidade. Por isso, aqui estou na sua presença.
Sofia apenas bufou.
Ele estava demorando mais do que ela imaginava para achar o tal documento, se é que havia esse documento. Ela não ia conseguir manter a compostura por muito tempo. Seus olhos estavam querendo lacrimejar novamente. De raiva, claro. Raiva por ser humilhada. Ela não estava de coração partido por um cara que ela mal conhecia. Ela era mais inteligente do que isso. Mas bem que podia ter um encontro naquela noite para esfregar na cara dele que não era de se jogar fora. O que a baixa autoestima não fazia com as pessoas, não é mesmo?
Como se alguém ouvisse seus pensamentos, suas preces foram atendidas e a campainha tocou novamente. Ela foi até a porta e lá estava o sr. Elton precisando de ajuda com o neto.
— Com licença, vou verificar o portão lá embaixo. Fique à vontade. — Com sorte Gabriel não teria ouvido a sua conversa com o vizinho. Assim poderia trazer o elemento surpresa para o apartamento e deixar Gabriel tão desconfortável quanto ele a deixava.
— Tudo bem. — Gabriel respondeu de costas, concentrado nos objetos que vasculhava.
Sofia desceu rapidamente para abrir o portão para Octavio.
— Oi Octavio, seu avô está esperando por você lá em cima.
— Oi Sofia, obrigada por abrir. — Octavio entrou no prédio. — Seu interfone não está funcionando? Você nunca desce.
— Estou com uma visita indesejada.
— Entendo — Octavio riu — Precisa de ajuda?
— Já que você está oferecendo... aceita um pedaço de lasanha e uma taça de vinho?
— Você sabe que eu adoro quando você leva quitutes ao meu avô. Como posso recusar? — Ele respondeu. — O que você precisa que eu faça?
— Apenas finja que você cancelou um jantar comigo e conseguiu comparecer.
— Sim senhora, às suas ordens.
Os dois subiram pelo elevador e entraram no apartamento de Sofia já conversando sobre amenidades como se fossem íntimos. O que de certa forma eram, se considerassem sobre uma ótica de amizade. Gabriel olhou para porta quando ouviu vozes. Sofia fez as apresentações.
— Octavio, este é Gabriel, amigo do meu cunhado. Gabriel, este é Octavio. — Os dois murmuraram cumprimentos.
— Que cheiro maravilhoso, como sempre Sofia. — Octavio elogiou entrando em seu personagem.
— Obrigada, fiz um dos seus favoritos.
— Não precisava ter tanto trabalho — Octavio respondeu sorrindo.
Gabriel apenas observava a interação dos dois com o canto do olho. Se ele conhecia as mulheres, e ele achava que conhecia bem, e se ele tivesse interpretado Sofia corretamente, o que ele também achava que tinha feito bem, aqueles dois não formavam um casal. Ela não era do tipo de que beijava um cara em um dia e saía com outro no dia seguinte. E com certeza, absolutamente, sem sombra de dúvida nenhuma, Sofia iria receber um homem de pijamas. A não ser que eles já estivessem em um relacionamento duradouro e íntimo. Mas então, novamente, ela não teria retribuído o seu beijo no casamento enquanto tinha outro namorado em casa que não estava presente no evento.
Enquanto os dois conversavam e trocavam gracejos, Gabriel encontrou o documento que buscava e resolveu partir para deixar os supostos pombinhos mais à vontade. Despediu-se de Octavio e de Sofia, a qual o levou até a porta. Ao sair, não resistiu à provocação e sussurrou em seu ouvido:
— Muito original receber um encontro de pijamas. — E saiu sorrindo.
Sofia surpresa olhou para sua roupa e quando olhou novamente para ele, corada como o molho vermelho de sua lasanha no balcão, não teve como responder. Já havia sido desmascarada e o fingimento só tornou a sua situação pior. Humilhada mais uma vez, só lhe restava fechar a porta.
— O que ele disse? — Octavio perguntou.
— Ele falou que eu era original por receber um encontro de pijamas. — Sofia baixou os ombros, derrotada.
— Puxa, não pensamos nisso. — E Octavio completou tentando melhorar seu humor: — Se serve de consolação, você fica linda com qualquer roupa.
— Você é muito gentil — Sofia sorriu — Venha, vou lhe servir um enorme pedaço de lasanha para levar para o seu avô também. Uma recompensa por todo o seu esforço, como prometido. Assim você pode fazer companhia a ele e eu sofrer com a minha humilhação na solidão.
— Desculpe o plano não ter funcionado como você esperava.
— Não tem problema, não foi culpa sua. Obrigada por ajudar de qualquer forma.
— Tem certeza de que não quer companhia? — Octavio perguntou.
— Está tudo bem, eu vou superar.
— Até mais então.
— Até.
Sofia levou Octavio até a porta e a fechou. Estava sozinha para seguir com a programação que havia planejado. Esperava que não tivesse mais interrupções, já havia tido muita emoção para uma noite.
Mais duas semanas e Alice estaria de volta, ela só precisava manter a mente ocupada até lá e não pensar em Gabriel. Depois disso, ele passaria a frequentar a casa de Alice e Tomás e não veria mais ela.
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Doces & Dramas
RomanceNovos capítulos toda semana! Espero que gostem! Após trabalhar com os melhores chefes europeus, Sofia MacLean voltou para casa para abrir sua própria confeitaria, a Siùcar Doces Finos. Entre o fornecimento de doces para tantos eventos e a loja, tudo...