Capítulo 5

16 3 3
                                    

 — Nada. Gabe e Tomás estão tentando terminar o meu namoro — Eric explicou, fuzilando Gabe com o olhar.

— Todos sabem que isso vai acontecer cedo ou tarde. Não custa ter opções — contrapôs Gabriel. Cecília resolveu intervir.

Assim como seu irmão e Gabriel, ela também não apreciava a nova namorada de Eric, então poderia tentar mudar a situação de alguma forma. E quanto ao próprio Gabriel, não era um caso totalmente perdido. Contudo, não seria qualquer mulher capaz de fazer aquele coração bater mais forte. Ele era alto, moreno e, com certeza, não procrastinava nos exercícios. Além da beleza, era extremamente inteligente, bem sucedido e, ora, rico. Um pedaço de mal caminho para qualquer desavisada. E como ele sabia aproveitar o encanto que despertava. Contudo, por trás das roupas caras e sorriso atravessado, havia vulnerabilidade. Cecília estava certa disso, só não havia conseguido atravessar os muros altos que o protegiam, nem Eric e Tomás conseguiram.

Por outro lado, Eric tinha o hábito de se apaixonar perdidamente por todas as suas namoradas, vendo qualidades que nem todos eram capazes de enxergar. Apesar da ascendência asiática e educação rígida, tinha um sorriso fácil e cativante, com um coração enorme e generoso, disposto a amar cada ser vivo da sua vida. Ele era um pouco mais baixo e muito mais agradável do que Gabriel. Porém igualmente inteligente, bem sucedido e rico, pois ambos eram sócios de uma empresa de educação e investimentos que fundaram quando ainda estavam na faculdade.

Os dois eram opostos, os dois eram grandes desafios. Mas valia a pena tentar. Naquela noite, ambos estavam muito elegantes em seus ternos escuros, qualquer garota teria sorte de namorar eles. E Samanta claramente não sabia valorizar o que estava ao seu lado. Cecília só deveria cuidar para que esta não a ouvisse. Aliás, onde estava ela? Deveria ter feito a pergunta em voz alta, pois Eric respondeu:

— Ela está conversando com alguns amigos dos pais de Tomás, tentando divulgar sua empresa de publicidade.

A expressão de Gabriel ao olhar para Cecília deixava claro o que ele pensava sobre essa divulgação. Cecília preferiu não estender o assunto e voltar para as possíveis opções de companhia para os dois.

— Sendo assim, sr. Lanvini e sr. Nakamoto — olhou primeiro para Gabriel e depois para Eric — posso dizer que conheci alguns amigos e amigas de Ali. Jade e Daniel são amigos da faculdade, parecem pessoas legais pelo pouco que conversei. Jade é pequena, mas parece bastante determinada.

— Para sobreviver à faculdade de medicina, ela precisa ser mesmo — Eric salientou.

— Ali também é assim — Cecília concordou. — Senão ela não ficaria com Tomás. — Os dois riram e ela continuou elencando as qualidades de Jade enquanto observava as expressões dos dois. Eric sorria da enrascada em que estavam colocando Gabriel e este, com a face impassível, não demonstrava emoções favoráveis ou desfavoráveis à moça. Diante da falta de reação, Cecília passou a descrever o outro amigo para amenizar o clima.

— Daniel é incrível, bastante engraçado e atencioso, e posso dizer que não será concorrência para vocês já que seu interesse é outro. Vai ser uma boa companhia como padrinho.

— Eles já anunciaram os padrinhos? — Gabriel questionou ao que Cecília respondeu:

— Ainda não. Contudo, como estou ajudando Ali na organização, já tenho uma ideia da lista dela.

— Nós seremos padrinhos? — Eric perguntou.

— E você tem alguma dúvida? — Cecília caçoou, dando um empurrão de leve em Eric.

— Não custa perguntar, oras. E quem serão as madrinhas?

— Vejo que a conversa sobre a Samanta está surtindo efeitos — Gabriel provocou.

— Estou perguntando por você, Gabe. — rebateu Eric.

— Não precisam brigar, vão ter outras mulheres na festa além das madrinhas — Alice apaziguou. — De qualquer forma, eu também conheci Vivian, amiga de infância de Ali. Já a encontrei em outras ocasiões, um pouco exagerada, porém é uma boa pessoa. É aquela de vermelho logo ali.

— Não é qualquer uma que fica bem de vermelho — pontuou Gabriel.

— Ela é bonita — ressaltou Eric — muito bonita.

Vivian era alta, magra e de cabelos bem escuros. Seguia um estereótipo que muitos homens admiravam e chamava atenção por onde passava. Conheceu Alice na escola e desde então eram amigas muito próximas, mas diferente de Alice que resolveu cursar medicina, ela preferiu seguir o caminho da advocacia. Era dedicada à profissão, no entanto, ultimamente seu foco estava em encontrar um marido. Se era pressão da família ou vontade própria, ela não deixava claro, mas os homens que se aproximavam deveriam tomar cuidado, como Gabriel foi descobrir depois.

— Quem sabe algum de vocês gostaria de conhecê-la melhor? — Cecília ofereceu.

— Eu estou comprometido, Sissi — respondeu Eric.

— E essa é a minha deixa para partir — observou Gabriel. Apontou o copo para os amigos e foi em direção ao bar reabastecer seu copo de uísque. Não ouviu os comentários seguintes dos amigos.

Estava decidido a encarar mais algumas doses para disfarçar seu nervosismo e lidar com a festa pelo bem de seu amigo. No dia seguinte faria uma bateria de exames para verificar condições específicas do seu organismo. Sorte que o álcool não interferia no resultado dos exames, ou ele estaria perdido. E parece que o álcool não estaria perto dele apenas dentro do copo. Ao caminhar em direção ao bar, trombou com uma garçonete que derrubou algo frio nele, provavelmente vinho.

— Eu sinto muito — exclamou a moça.

— Você deveria prestar mais atenção — rebateu Gabriel. Ou ele deveria fazer isso, pois ela não era uma garçonete.

Doces & DramasOnde histórias criam vida. Descubra agora