Capítulo 33

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 Depois de passar na casa das irmãs MacLean e sobreviver a uma semana de trabalho turbulenta, Gabriel foi para a vinícola passar o final de semana. Seus pais perceberam que ele estava distraído com alguma coisa. Ou alguém.

— Problemas na empresa? — Seu pai perguntou interrompendo seus pensamentos sobre Sofia.

— Na verdade não, tudo está indo bem.

— Ah, mulheres então.

Era claro que Raul tentava aproximar-se do filho.

— Elas só me trazem felicidade.

— Nem todas pelo jeito. — Gabriel preferiu não responder e Raul continuou. — Sabe, filho, depois da morte da sua mãe, você não deixou ninguém se aproximar, talvez esteja na hora.

— Eu estou bem levando a vida desse jeito.

Raul sacudiu a cabeça, desistindo do assunto. Nunca soube como lidar com as evasivas do filho. Gabriel não queria ouvir nada daquilo. Levantou e foi ajudar Angélica na cozinha. Seu pai não entendia que ele tinha medo de esquecer. Os exames tinham sido todos favoráveis, estava tudo bem com ele, no entanto, ele não sabia quando isso poderia mudar. Melhor conversar sobre a ajuda que eles precisavam dele.

O jantar progrediu sobre temas mais leves e amenidades. Seu pai não tocou mais no assunto e Gabriel achou melhor assim. O foco deveria ser a vinícola, ele já tinha novas informações e achava que eles ficariam felizes.

Após o jantar, enquanto ele e Raul degustavam um vinho digestivo, Gabriel começou:

— Conversei com Eric e alguns diretores sobre a vinícola e... — Angélica prendeu a respiração e Raul segurou a mão dela — e a princípio o interesse em investir foi unânime.

Angélica soltou o ar e abriu um enorme sorriso. Raul se levantou e abraçou o filho.

— Isso é ótimo! Isso é ótimo! — Seu pai não parava de repetir.

— Contudo — Gabriel desvencilhou-se do abraço e continuou — como exigência padrão de qualquer investimento, nossa equipe fará uma análise minuciosa de todos os setores para verificar se está tudo em ordem antes de assinar qualquer contrato. E a expansão para os Estados Unidos é uma condição imprescindível para o investimento. Então quanto antes nós dermos início às negociações com os americanos, será melhor. Por isso, já encontrei o profissional que acredito que será a pessoa certa para este caso.

— Claro, claro, forneceremos todas as informações que pedirem. E quem você encontrou?

— O nome dele é Adam Williams. Ele é americano, possui dupla graduação em direito e economia, e uma vasta experiência em trabalhar com empresas em outros países, adequando às negociações ao jeito americano. Ele forneceu consultorias para a minha empresa sobre alguns contratos com multinacionais e se saiu muito bem.

— Parece a pessoa certa para nos ajudar, Gabriel. — Angélica afirmou.

— Acredito que sim. Então minha sugestão é marcamos um jantar com ele para conversar sobre as expectativas antes de dar início às reuniões de fato. O que vocês acham?

— Com certeza filho, faremos o que você pedir, foi por isso que pedimos sua ajuda. Pode marcar o jantar, só nos avisar quando e onde.

E sorriu satisfeito para o filho. Gabriel sorriu também. Não era tão próximo dele e Angélica, mas estava feliz por poder ajudá-los. Ao longo dos anos ele se manteve distante, sem pedir ou oferecer ajuda. Ainda não estava pronto para falar sobre seus relacionamentos e assuntos mais íntimos. A postura do seu pai era a mesma dele. Esta seria uma mudança bem vinda ao relacionamento, uma forma de se aproximar sem tanta pressão ou interferência na vida um do outro. E já estava produzindo seus efeitos, pois o restante do final de semana havia sido mais agradável e natural do que suas visitas anteriores.

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