— Oi filha, que bom que você chegou. — Marta disse para Sofia — Sua irmã está um pouco atrasada.
— Tenho certeza de que ela não vai demorar. Trouxe flores para você.
— Obrigada Sofi, são lindas. Essas laranjas são astromélias?
— Cada vez mais aprendendo sobre os tipos de flores, mãe — Sofia afirmou e Marta apenas sorriu — Precisa de ajuda com alguma coisa?
— Não, o almoço está quase pronto. Faltam poucos detalhes para finalizar. Pode ficar com seu pai. — explicou Marta.
— Tudo bem — Sofia respondeu.
— Ah, e coloque as flores naquele vaso do aparador da entrada com um pouco de água, por favor. — Marta pediu.
— Pode deixar comigo.
Era domingo, dia do tradicional almoço na casa dos pais. Com rotinas tão diferentes, este era o único dia da semana em que os quatro, ou cinco com a adição de Tomás, conseguiam se reunir para um tempo em família. E apenas no horário do almoço, pois Sofia ainda precisava voltar para a confeitaria.
A casa dos pais era bastante aconchegante. Em estilo casa de fazenda e toda térrea, apresentava quartos grandes e janelas em madeira com venezianas, com uma varanda ao redor de toda a construção. Na sala, a composição da estrutura do telhado visível e o forro amadeirado proporcionavam muito mais altura e amplitude ao ambiente. A cozinha, com armários brancos e tampo em granito bege, era o espaço preferido de Marta na casa, enquanto Alan apreciava passar mais tempo no escritório com portas janelas para o jardim dos fundos. Ela tinha o tamanho certo para um casal, porém com um quarto de hóspedes para quando as filhas precisassem ou os futuros netos quisessem passar à noite com os avós. Alan e Marta contavam com isso, no entanto, não deixavam seus desejos tão explícitos para não pressionar as meninas. Alice e Sofia nunca imaginaram os pais em uma casa desse estilo, ainda mais com um jardim não tão pequeno para cuidar, contudo eles gostavam e haviam se adaptado muito bem à nova casa.
Enquanto sua mãe finalizava na cozinha e seu pai assistia a programas de esportes na televisão, Sofia pegou-se refletindo sobre a vida dos pais ao olhar a parede de fotografias. Sua mãe era muito apegada a lembranças, mas como médica, extremamente organizada e viciada em limpeza, então, para não ter tantos porta-retratos espalhados pela casa, ela criou uma galeria em uma das paredes, com quadros e fotografias de diversos momentos de toda a família. Havia fotos de Alice e Sofia pequenas, férias em família, festas escolares, casamento de seus pais, a família toda reunida com tios, primos e avós em um Natal, e a mais recente adição, uma foto de Alice e Tomás. Alice estava radiante. Será que um dia ela entenderia como seus pais e Alice se sentiam? Será que encontraria isso em alguém? Ela trabalhava muito, mas também gostaria de ter a sua família um dia.
O problema era que sua última experiência de namoro não havia sido muito saudável. Seu ex-namorado Ivan não encarou muito bem o término e não queria aceitar a sua decisão.
— Parece que alguém está bastante introspectiva hoje — Alice aproximou-se de Sofia sem emitir som algum, assustando-a. — Ainda preocupada com os doces do jantar?
— Nem tanto. Só estava admirando as fotos — Sofia respondeu — Você estava linda na festa de noivado, com um sorriso tão radiante quanto desta foto.
— Não vejo a hora de chegar o dia do casamento — Os olhos de Alice brilharam. — Vai ser incrível.
— Você vai me convidar para ser madrinha?
— Como se eu pudesse escolher qualquer outra pessoa que não fosse a minha irmãzinha. — Alice apertou o braço de Sofia.
Sofia olhou para ela de um modo estranho, uma reação que não correspondia ao tom da conversa. Alice continuou:
— Não precisa ficar com essa cara, eu não vou te abandonar. Mesmo com Tomás, eu sempre estarei por perto.
— Obrigada, mas isso não me preocupa.
Agora foi a vez de Alice olhar estranho, desconfiada do que a irmã queria dizer.
— Não? Então o que é? — questionou.
— Sua escolha de padrinhos e madrinhas. — Sofia deu de ombros e Alice riu alto.
— E isso é um problema por quê?
— Você já escolheu os pares?
— Ah, então a sua verdadeira preocupação são os homens. Bom, para você se acalmar, ainda não escolhi. A organizadora do casamento comentou algo sobre altura e porte dos padrinhos, parece que não pode ser uma escolha aleatória, porém não se preocupe que não deixarei você ficar com aquele primo inconveniente de Tomás. A mãe dele nos fez incluí-lo porque é irmã do pai dele e seria uma ofensa pessoal deixá-lo de fora. Você sabe como a família de Tomás pode ser, não é mesmo?
— Famílias são complicadas. — Sofia concordou — Pelo menos é só um dia de festa.
— Um dia de festa, mas vários dias de ensaios.
— Nós teremos que ter paciência.
— Sim. E pelo menos Cecília, irmã de Tomás, é um doce. E ele tem bons amigos. Você já conhece o Eric de outros encontros. Conheceu Gabriel também no jantar?
Sofia tentou disfarçar o rubor em vão, pois Alice a conhecia melhor do que ela mesma. Ela nem sabia por que tentava, sua irmã com certeza tentaria agir como cupido para arranjá-la com algum convidado do casamento. Mas precisava ser o desagradável e provável padrinho de Tomás?
— Você conheceu! Não precisa responder, sua cara diz tudo. Por que você está vermelha?
Sofia preferiu não responder e deixar a irmã divagar.
— De fato, ele é muito simpático e gentil. E todo aquele 1,90m de altura, ou pelo menos eu acho que é essa altura, não deixa nadinha a desejar. Estou noiva, mas não sou cega.
Sofia engasgou.
— Simpático e gentil? Acho que conheci o gêmeo do mal então. Ele definitivamente não foi nada disso quando derrubei vinho nele sem querer no jantar.
— Sofia! Você derrubou vinho nele?!
— Eu disse que não foi de propósito. Eu me desculpei, oras! — Sofia justificou.
— Então por isso ele saiu mais cedo da festa. Puxa, deve ter ficado com a camisa toda manchada.
— Era vinho branco. — amenizou Sofia e Alice avaliou o ocorrido.
— Mesmo assim. Com certeza ela ficou molhada.
— Ele podia ter aceitado as desculpas. — Sofia deu de ombros.
— Eu vou falar com ele.
— Por quê?
— Por que Sofia? Porque nós todos passaremos um bocado de tempo juntos até o casamento e vocês terão que ser amigos, ou pelo menos se tratar bem. E ele realmente é uma boa pessoa, já saiu várias vezes comigo e Tomás. Sempre foi muito amigável comigo. Talvez ele gostasse muito daquela camisa que você manchou? — Alice estava pensativa.
— Ou talvez ele não tenha gostado de mim. — Sofia brincou.
— E o que tem para não gostar? Você é linda, inteligente e dedicada a tudo que faz.
— Ele não tem como saber tudo isso de uma taça de vinho.
— A parte de linda sim.
— Os parâmetros dele podem ser diferentes. Ele deve sair só com modelos, atrizes e miss.
— Realmente eu já o vi com algumas garotas muito bonitas. — Alice estava relembrando das vezes em que encontrou os amigos de Tomás. Voltando a olhar para Sofia, rapidamente completou: — Mas nada que deixe você para trás, fique tranquila. Não é mesmo, Tomás?
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Doces & Dramas
RomanceNovos capítulos toda semana! Espero que gostem! Após trabalhar com os melhores chefes europeus, Sofia MacLean voltou para casa para abrir sua própria confeitaria, a Siùcar Doces Finos. Entre o fornecimento de doces para tantos eventos e a loja, tudo...