Marta foi para a cozinha sorrindo de orelha a orelha, deixando os quatro para se entenderem sozinhos. A primeira pessoa a falar foi Alice, tentando assumir o controle da situação.
— Sofi, você convidou Gabe para o almoço?
— Sim — Sofia não queria olhar para ninguém naquele momento. O quadro na parede que representava um campo de girassóis estava bastante interessante.
— Entendo. Existe alguma coisa aqui que devemos saber?
— Não.
— Então se livre dessa cara de desespero e assuma seu convite. Você realmente achou que mamãe não iria reagir assim depois de tanto insistir com você?
— É só um almoço. Só porque eu conversei com um cara não significa que eu vou casar com ele.
— Mas trazê-lo em um almoço de família diz muita coisa.
— Todos vocês já conhecem ele! — Sofia disse exasperada.
— Tudo bem, vamos deixar isso para lá. Depois você vai lidar com as perguntas de mamãe. E você sabe que serão muitas.
Gabriel e Tomás observavam a conversa das suas irmãs sem emitir qualquer som, Longe deles intervir em um assunto de família. No entanto, Gabriel estava bastante interessado em conhecer Sofia melhor e a família dela era a fonte de informações perfeita.
— E você se comporte — Alice apontou para Gabriel.
— Eu serei o convidado mais educado que você já viu.
— Eu te conheço — Alice encarou ele e depois sorriu. — Então vamos.
Alan, que estava lá fora cuidando da grelha, já havia sido avisado por sua esposa sobre a situação no hall. Ele era muito mais discreto que Marta e conseguiu agir normalmente perto de Gabriel.
— Oi filha. Gabriel, que bom vê-lo aqui.
Os dois trocaram um aperto de mãos.
— Digo o mesmo senhor.
— Pode me chamar de Alan.
Gabriel assentiu. Alice foi buscar bebidas para todos e eles sentaram na varanda enquanto aguardavam o churrasco ficar pronto.
Depois da comoção inicial, Marta não fez mais nenhuma insinuação direta sobre a relação da filha com o convidado, porém estava empenhada em contar a ele todas as histórias importantes da infância dela durante o almoço.
— Foi uma infância feliz — Gabriel respondeu sobre as histórias das pequenas travessas Sofia e Alice. Os dois anos de diferença de idade não atrapalharam. Desde pequenas elas foram muito próximas, nas brincadeiras, nas confidências e nos machucados. As duas estavam envolvidas em tudo juntas, só as profissões escolhidas foram diferentes. Os pais lhe proporcionaram uma infância bastante estruturada, própria para etapa. Bem diferente de Gabriel que teve que amadurecer e cedo e tomar conta de si.
— Ah sim, cada momento nos tornou as pessoas incríveis que somos hoje — Alice comentou com falsa modéstia.
— E você Gabriel? Já ouvimos alguma coisa pelas histórias de Tomás, mas muito pouco.
Ele não gostava de falar sobre sua infância e juventude, no entanto, era educado demais para cortá-la.
— Com certeza Tomás as contou melhor do que eu. — Ele sorriu — Nós éramos os três mosqueteiros, junto com o Eric, e Sissi nossa donzela a ser salva. Verdadeiros cavalheiros salvando o mundo.
— E isso nos tornou pessoas incríveis — Tomás repetiu a fala da noiva rindo.
— Depois crescemos e Tomás por algum motivo estranho resolveu ir para área de ciências humanas, enquanto eu e Eric ficamos nas finanças e fundamos a nossa empresa. — Gabriel sorriu para Tomás.
— Com o que vocês trabalham? — Alan perguntou.
— Nossa empresa é especializada em educação financeira. Ensinamos às pessoas a poupar e investir melhor.
— Basicamente, eles ganham dinheiro ensinando os outros a ganhar dinheiro — Tomás explicou.
— Genial — Alan elogiou.
— Muito obrigado, senhor. Abrir a empresa com o Eric foi um risco muito grande na época, mas ele se pagou.
— Quanto maior o risco, melhor a recompensa, meu jovem. Vocês estão no caminho certo.
— Parece um trabalho um tanto desgastante. — Marta afirmou.
— Com certeza nem de perto quanto ficar longas horas de pé em cirurgias. — Gabriel respondeu. — De fato temos que ficar bastante atentos às mudanças e tendências do mercado para orientar os alunos de maneira correta, porém temos boas equipes para nada passar despercebido. E o Eric é nosso mestre da tecnologia, sem ele não conseguiríamos chegar aos clientes com um bom produto.
— Talvez a gente devesse fazer uma consultoria com eles. — Marta sugeriu ao marido, convencida da apresentação de Gabriel.
— Com certeza mamãe! Gabe está nos ajudando a organizar as finanças para o casamento.
— Fiquem à vontade para marcar um horário com o Sony. Eu irei atendê-los pessoalmente. — Gabriel ofereceu.
— Faremos isso, querido. Agora coma mais. — Marta não podia deixar seu instinto de mãe e empurrar comida a todos os jovens como se fossem crianças. — Aceita mais salada? Pão?
— Eu estou bem, obrigado.
— É bom guardar um espacinho para a sobremesa. — Alice falou baixinho.
Gabriel imediatamente olhou para Sofia, pensando que ela teria feito o doce, porém ela apenas deu de ombros para ele como se não soubesse nada a respeito da sobremesa.Alice continuou:
— A sobremesa é de mamãe. De onde você pensa que a Sofia herdou todo esse talento?
— Eu não havia pensado a respeito.
— Marta é excepcional na cozinha. — Alan elogiou, olhando carinhosamente para a esposa.
— Bom, já que todos estão tão ansiosos pela sobremesa, vamos retirar os pratos. — Marta anunciou.
Alice e Tomás ajudaram Marta enquanto Sofia fazia companhia a Gabriel e seu pai. Ela não podia correr o risco de seu pai assustá-lo também. Sua mãe já havia sido direta demais e ele poderia ter se ofendido. Ela não sabia dizer, pois ainda não o conhecia tão bem. Depois daria um jeito de descobrir com Tomás.
A sobremesa ansiosamente comentada era um pudim de laranja, uma receita que Marta foi aprimorando ao longo dos anos, sempre diversificando os acompanhamentos. Naquele dia ela havia completado com uma grande tigela de merengue italiano assado no forno.
— Isso está delicioso. Realmente, Marta é excepcional na cozinha. — Gabriel repetiu o elogio anterior de Alan.
— Muito obrigada. Qualquer dia Sofia pode repetir para você, ela tem a receita.
Aí estava a sutileza de sua mãe novamente.
— Eu ainda não tive oportunidade de provar as criações de Sofia.
— Isso é inacreditável. Ela fez os doces do jantar de noivado. — Alan exclamou.
— Eu tive que sair um pouco mais cedo e não consegui provar.
Alice e Sofia trocaram um olhar significativo. A irmã mais velha tentou segurar o riso, contudo o sacudir dos seus ombros a denunciou. Se os pais perceberam, não demonstraram. Marta, determinada em sua missão de ajudar a filha mais nova, insinuou:
— Que pena! Haverá outras chances, tenho certeza.
— Eu também. — Gabriel se limitou a concordar.
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Doces & Dramas
RomanceNovos capítulos toda semana! Espero que gostem! Após trabalhar com os melhores chefes europeus, Sofia MacLean voltou para casa para abrir sua própria confeitaria, a Siùcar Doces Finos. Entre o fornecimento de doces para tantos eventos e a loja, tudo...