Capítulo 3

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Nesse momento, um garçom se aproximou com uma bandeja de taças de vinho branco bem gelado. Cada uma pegou uma taça. Com tanta gente no salão, o local estava um pouco abafado e um vinho gelado iria muito bem. Só o fato de tocar a taça fria já aliviou o calor que Sofia sentia.

— Eu realmente não sei, mas tudo que tentei não teve sucesso, então essa é a nova estratégia. Localizar os solteiros do local e atacar o mais agradável aos olhos.

— Você não deve procurar só beleza, talvez esse seja o erro. — aconselhou Sofia.

— Eu começo pela beleza, mas inteligência e doçura fazem parte do pacote. Também não sou tão superficial, ou não seria amiga de vocês há tanto tempo — Vivian rebateu com as sobrancelhas erguidas.

— É verdade, você é uma amiga muito querida. — Sofia respondeu sorrindo. — Talvez você possa tentar algo com os padrinhos. É o que acontece em casamentos, não?

— De fato, mas Ali ainda não definiu a lista. Cecília está auxiliando com a organização do casamento, porém ainda faltam muitos detalhes.

Cecília era irmã de Tomás e tinha os mesmos 28 anos de Alice, o que rapidamente as aproximou e as tornou amigas muito próximas. Além disso, as duas eram baixas, tinham pele muito clara e olhos verdes vivos, porém Alice era morena e Cecília loura. Fisicamente, pareciam mais irmãs do que a própria Sofia, pois a última era mais alta e não exatamente delicada, com olhos verdes escuros, sendo muitas vezes confundida como irmã mais velha de Alice e não o contrário. No entanto, Sofia não se importava. Estava feliz que a irmã havia encontrado alguém tão próxima enquanto ela esteve morando fora. E, agora, com tanto trabalho nos eventos e na confeitaria, talvez não conseguisse dar toda a ajuda que Alice merecia no planejamento do casamento. Cecília estava sendo uma verdadeira irmã para ela.

— E os amigos de faculdade de Alice e Tomás? Ainda não os conheci, mas deve ter algum que lhe agrade. — Sofia questionou.

— Dos amigos de Tomás, só Eric e Gabriel. Parece que os três são amigos de infância. O primeiro está comprometido, mas o segundo pode ser um desafio interessante. — Vivian respondeu com um olhar insinuante e um meio sorriso. — E os amigos médicos de Alice fazem tantos plantões nos hospitais que não vale o esforço de conhecê-los.

— Não deve ser muito fácil namorar um médico mesmo. A vida dos meus pais sempre foi bastante conturbada.

— Você conhece melhor do que eu, sabe que é uma cilada então. De qualquer forma, posso te apresentar a eles. Talvez algum faça esses olhos verdes brilharem. — E olhou sugestivamente para Sofia.

— Eu estou bem, no entanto, posso ser sua dama de companhia. — Sofia sorriu com a referência antiga. Vivian aprovou.

— Huum, muito educado da sua parte. Vamos lá.

— Só vou passar no toalete antes.

— Tudo bem, me encontra do outro lado do salão. — Vivian assentiu e partiu.

Antes de alcançar metade do caminho, foi abordada por um rapaz de terno azul marinho impecável e olhar ferino.

— Muito prazer, Arthur Hurst ao seu dispor.

Sofia não soube reagir àquela inesperada e direta abordagem. Nem teve tempo de responder, quando ele questionou quem era a linda jovem.

— Sofia MacLean.

— Ah, parente da noiva? — Arthur continou.

— Irmã.

— A famosa chef enfim retorna para casa, estou certo?

— Não acredito que seja famosa, ainda estou começando minha carreira. — Sofia evitou olhar em seus olhos que pareciam intensos demais.

— Bobagem, sua família fala muito bem de você. É só uma questão de conhecer as pessoas certas para alcançar a fama e fortuna que você deseja. E com isso, eu posso te ajudar — Arthur ofereceu.

Sofia não gostou do tom de Arthur. Ou de qualquer outra característica dele. Não podia negar que ele era bastante apresentável, mas a forma como se portava e como destacou sua fama de chef soavam suspeitos. Segundo o que Alice havia lhe contado, Arthur e Tomás eram da mesma família, contudo, apresentavam personalidades completamente distintas. Enquanto o segundo dedicava-se a encontrar o próprio caminho, o primeiro estava claramente satisfeito com seu sobrenome e o destino escolhido para ele. Não haveria nada de errado nisso se ele não fosse tão egocêntrico e esnobe, combinado à sua falsa intenção de ajudar alguém por puro altruísmo. Sofia sabia que ele não faria nada pela simples vontade de ajudar, um favor agora significaria que ele cobraria seu preço mais tarde.

— Eu estou bem, não precisa se incomodar — ela já estava procurando uma forma de escapar enquanto respondia.

— Sofia, logo você vai perceber que a família Hurst pode ser muito mais do que só parentes da sua irmã. Nós podemos te apresentar aos melhores contatos para você trabalhar no restaurante da sua escolha.

— Eu prefiro ter meu próprio negócio.

— Então talvez você precise de um investidor — Arthur piscou para Sofia, a qual finalmente conseguiu pensar em uma forma de fugir dele.

— Veja bem, talvez você deva conhecer meu trabalho antes de tão gentilmente oferecer sua ajuda e contatos. Afinal, você não gostaria de associar seu nome a algo de baixa qualidade e retorno, não é mesmo? Você pode provar os doces naquela mesa — Sofia indicou a direção e preferiu não dar chance para outra resposta dele — Enquanto isso, eu preciso me ausentar por um momento. Com licença.

— Bonita e inteligente. Aguardo você nos doces, linda.

Sofia não tinha nenhuma intenção de dar continuidade aquela conversa.

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