Trégua

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Havia sido um dia cansativo demais para prolongar, assim que cheguei em casa tomei um banho e dormi. Nem ao menos pensei ou contei a alguém sobre a proposta do Alan. Logo me dei conta que já tinha amanhecido e eu estava atrasada para trabalhar, quase esqueci que tinha prometido ao Peter que cuidaria dele.

Por sorte não tinha encontrado com o Alan, estava apenas os pais do Peter ansiosos para que seu filho recebesse alta.

Mesmo não tendo encontrado com o Alan, ainda precisava pensar numa resposta para dar a ele sobre retomar ou não para escola. Em minha visão não havia nada que me prendesse ao meu país nesse momento, até porque não era apenas o Brasil que estava passando pela pandemia, é possível prestar ajuda fora do meu país também. Havia combinado de encontrar com a Laura para conversarmos sobre isso durante o almoço, ao invés da Laura tive a ilustre presença da Audrey durante o almoço. 
 — Como se sente querida? Soube pelo Javier que vocês já não são mais um casal. – disse sentando próximo a mim – Queria poder expressar alguma tristeza mas a verdade é que estou satisfeita por estar certa, eu sabia que vocês não iam durar.
— Estou bem Audrey, obrigada por perguntar. – tento manter a calma – Eu queria mesmo falar com você, não só terminamos a nossa relação como também voltei a falar com meu pai. E também gostaria de poder resolver essa situação entre nós.
— Não me venha com essa conversa, você não me engana.
— Dessa vez estou sendo muito sincera, não estou pedindo para que você seja minha amiga e que me perdoe. Só estou dizendo que não irei mais te provocar, para mim ficará tudo no passado e espero que você possa fazer o mesmo.
— Então ter sido usada te fez mesmo querer mudar? Porque esse término e agora essa mudança só prova que a relação de vocês era um meio para que Javier  conseguisse cargo e agora que ele conseguiu não precisa mais de você. – ela rir – Patética!
— Acreditando ou não, não irei mais te incomodar, espero que você faça o mesmo. 
— Suponhamos que isso seja verdade, tenho uma condição. 
— Quer negociar até mesmo isso?
— É simples, deixo tudo pra trás se você não se intrometer mais entre mim e o Javier e deixar a casa.
— Não será problema para mim, viva bem. – disse ao deixá-la sozinha na mesa

Um pouco perdida aproveitei o tempo livre para sentar no banco em que havia conhecido Miguel. Lembrar daquele dia me fez sentir uma dor imaginável, mesmo não sendo próximos a morte do Miguel foi algo lamentável. Enquanto aguardava liguei para a Laura que estava afundando no trabalho, pensei em contatá-la através da ligação mas não queria atrapalhar. Por isso fui em busca de uma outra opinião.
— Minha sobrinha, não sabe o quanto estou feliz em receber a sua ligação. – disse o tio Conner
— Sinto muito não estar fazendo isso com frequência, aconteceram tantas coisas.
— Fique tranquila, entendo perfeitamente. A Laura está sempre me atualizando sobre os acontecimentos, você tem se saído muito bem. Mas o que está acontecendo? Algo a preocupa?
— Recebi uma proposta de retomar os estudos na EENF Gale.
— E o que fará?
— Ainda não sei ao certo, com a nova variante e a segunda dose das vacinas fico me perguntando se viajar é a escolha certa.
— Não é bem assim, você não está fazendo uma viagem para curtir e sim para estudar. Conheço essa escola, ela não é do tipo que costuma dar segundas chances, por outro lado se isso não é o que você ainda almeja está tudo bem em recusar.
— Estou me esforçando em colocar as coisas no lugar, me acertei com meu pai e com a Audrey. Fazer isso nesse momento parece ser a coisa certa, mas tenho medo que eu não seja capaz.
— Soube por ele que vocês fizeram as pazes, não imagina o quanto estou feliz. Não se preocupe em relação a sua capacidade, você está mais do que qualificada. Essa segunda chance é uma prova disso, agarre-a.
— Obrigada tio, irei pensar bem.

Através dos seus Olhos (2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora