Problemas avista

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Sempre estive de acordo com Steve Jobs disse que "A única forma de fazer um grande trabalho é amar o que você faz".

Se esforçar tanto para aprender algo apenas por dinheiro, não proporciona felicidade, não permite estar bem consigo mesmo. Isso ficou ainda mais claro após a pandemia, no tempo em que trabalhei no hospital vi dia após dia pessoas frequentando o árduo trabalho com garra e vontade de lutar pela vida do próximo.  Enquanto um paciente se encontrava com grandes dificuldades para respirar, existia alguém respirando bravamente para que ele se estabilizasse. Por isso agarrei a oportunidade de poder fazer mais.

Desde que saí do meu país, havia poucas pessoas da qual ainda mantive contato. Apesar do Alan ter me presenteado com mais uma oportunidade nos tornamos bons amigos, já era improvável que nosso dia a dia entrasse em harmonia quando morava no Brasil por causa dos nossos empregos, fora do meu país seria ainda mais difícil. Apesar de que ironicamente ele havia mandado uma mensagem dizendo estar visitando o país.
— "Poderíamos nos encontrar, o que você acha?” dizia a mensagem

Essa amizade permitiu que tivesse acesso de primeira mãos aos casos da minha cidade, o Alan me informava quanto ao aumento e as melhoras.

Outra pessoa que sem dúvida me mantinha informada de como andava as coisas principalmente no hospital era a Laura, todas as notícias, das difíceis as mais suaves ela me contava.

Durante uma aula estressante recebi uma mensagem dela pedindo que entrasse em contato o mais rápido possível. Era o tipo de mensagem que fazia qualquer pessoa saber que algo não estava bem. Praticamente não consegui me concentrar em nada do que o professor dizia, assim que tive um tempo livre liguei para ela preocupada.
— O que está acontecendo, está tudo bem? – pergunto nervosa
— Primeiro se acalma, nada grave aconteceu, você sabe que te ligaria se fosse.
— Mesmo assim, você não é disso.
— O Conner testou positivo pro Covid mas apesar disso ele está bem, por enquanto nada que apresente preocupações aos médicos.  –  apesar de saber que uma hora ou outra isso podia acontecer novamente, sentir uma tontura quando a Laura contou. Talvez por isso trazer lembranças do Miguel – Você sabe que seu pai precisa fazer o teste, ele divide o apê com o Conner. Mas ele se recusa, diz que não é necessário pois ele está a maior parte do tempo trabalhando no quarto.
— Ele tem apresentado sintomas? – perguntei preocupada
— Ainda não, mas há o risco dele ser assintomático.
— Irei ligar para ele, não sei porque ele tem sido tão teimoso.
— Ficou ainda mais depois que você foi embora, ele não acredita que tudo está resolvido entre vocês.
— Bobagem, eu fui sincera quando conversei com ele.
— Não sei não, ainda há algo estranho.
— Deixa de desconfiança, me fala sobre o  tio Conner.
— Graças a Deus não foi preciso ele vir ao hospital, se bem que ele praticamente se recusou. Está se tratando em casa, seguindo rigorosamente cada letra da prescrição. Se tem alguém que não quer morrer é ele, talvez seja por isso que ele acabou de contaminando. – ela rir
— Fala assim mas deve estar super preocupada.
— Tenho que distrair a mente senão posso acabar indo lá, querendo cuidar dele.
— Vai dar tudo certo, tenta fazer um programa diferente em casa.
— Difícil, o Sr. Diretor ou está atolado no trabalho ou na casa da fulana, a pandemia passou longe, para ele. Não há ninguém além das paredes para conversar. – um ano se passou e ainda me sinto triste toda vez que mencionam sobre ele
— Você sabe que pode sempre me ligar.
— Queria que tivesse aqui.
— Logo o tempo vai passar e voltarei para um Brasil saudável na medida do possível.
— Espero que sobre brasileiros.
— Qualquer coisa eu me empenho em povoar ele. – rimos

Logo após encerrar a ligação liguei para o Conner para saber como ele estava, felizmente a situação aparentemente estava sob controle. Quanto ao meu pai foi muito difícil convencê-lo fazer o teste, mas ele prometeu pensar a respeito.

Ao voltar para aula continuei com dificuldade para me concentrar, não sabia exatamente se estava nervosa, mas algo não estava bem. Além de estar tonta, comecei a apresentar dificuldades para respirar, dores nas articulações. Tentei levantar para beber uma água, mas foram questão de segundos até que tudo ao meu redor se resumisse a uma escuridão total. Só havia acordado no hospital.

Através dos seus Olhos (2022)Onde histórias criam vida. Descubra agora