-- Estou ansiosa, sabe? Em pouquíssimos meses saio finalmente. -- Mona comemorou e Ava sorriu, olhando em volta.
Elas estavam na mini-arquibancada onde apenas Sara se sentava enquanto a menor havia ido ao banheiro. O dia estava ensolarado e já fazia quase dois meses que a mais alta estava presa e quanto mais tempo ali, mais curiosa ela ficava sobre Sara, mas não a pressionaria.
-- Você também deveria estar. Faltam quatro meses. -- Mona disse sorrindo e Ava forçou um sorriso, assentindo.
-- Estou, afinal verei minha sobrinha. -- Ava disse, sorrindo, dessa vez, sinceramente.
-- Olha só como nos olham. -- Mona disse olhando em volta. -- Como as rainhas do mundo. Céus! Eu nunca havia sentado aqui antes. -- Falou animada e Ava riu. -- Acho que ninguém daqui, na verdade. A única pessoa que sentava aqui era a ex-amiga de Sara. -- Ava franziu o cenho.
-- Ex-amiga? -- Ava perguntou confusa.
-- Sim, a ex líder. -- Mona explicou e Ava a olhou surpresa.
-- Sara derrotou a própria amiga? -- Ava perguntou e Mona deu de ombros.
-- Não se surpreenda com algo assim, estamos na cadeia. -- Mona disse, porém Ava ficou ainda mais intrigada. Sara dissera que não queria amigos aqui dentro. Seria culpa?
-- Séria assim por quê? -- Sara perguntou, fazendo Ava negar com a cabeça e sorrir fraco. A menor suspirou e subiu na mini-arquibancada, sentando-se ao seu lado. -- Não ficou contente com o que fizemos mais cedo?
-- Muito. Obrigada. -- Ava disse, deitando a cabeça em seu ombro. -- Eu estava com saudades de falar com ela.
-- Falaram em um celular? -- Mona perguntou chocada e Sara olhou em volta, verificando se não havia policiais por perto. -- Vocês são doidas. Ava, você está prestes a sair, não deveria arriscar.
-- Eu não deixaria ela levar a culpa. -- Sara disse solenemente. -- E é melhor não tocarmos nesse assunto, não quero dar brecha para alguém nos ouvir. -- Avisou. -- Olha só o que eu trouxe para nós. -- Falou, retirando de baixo de sua blusa um cacho de uvas roxas.
-- Como conseguiu? -- Ava perguntou erguendo a cabeça, vendo Sara retirar uma uva do cacho e levar até a boca da mais alta.
-- Sem perguntas. -- Ela disse, dando um selinho em Ava assim que ela capturou a fruta entre seus dentes.
-- Chata. -- Ava disse rindo, mastigando e engolindo a fruta antes de passar dois braços ao redor do pescoço de Sara e apoiar seus seios no braço dela. -- Mais uma. -- Pediu, abrindo a boca e Sara riu, levando mais uma fruta até seus lábios.
A mais alta segurou a fruta entre seus dentes e a direcionou até a boca de Sara, fazendo a menor roubá-la e comê-la. Ava sorriu e pincelou seu nariz no de Sara antes de apoiar sua testa na dela.
-- Me conta? -- Ava insistiu e Sara sorriu, bufando antes de assentir.
-- Eu tenho amizade com a tiazinha da cozinha. -- Sara disse baixinho e Ava riu de uma forma nasalada antes de fechar os olhos e lhe dar um beijo casto.
-- O mais bonito de tudo é que sem vocês nos falarem é possível ver o quão apaixonada vocês estão. -- Mona disse suspirando e Ava, que acabara de capturar mais uma fruta entre seus lábios, começara a tossir incessantemente.
-- Você está bem? -- Sara perguntou e Ava assentiu, tossindo ainda mais.
-- Foi só... -- Ela tomou ar quando a tosse cessou. -- A fruta. -- Disfarçou.
-- Uh, que bom. -- Sara disse, vendo Mona sorrir em sua direção e logo corou. -- Eu, uh, vou ali dentro ver se não...
-- Certo. -- Ava disse constrangida. -- Eu vou ficar bem aqui com a Mona. -- Sara assentiu e se levantou, entregando o cacho de uvas para Mona.
-- Nos vemos. -- Sara disse, incerta sobre beijar ou não Ava logo após Mona ter tocado em um assunto tão frágil.
-- Certo. -- Ava respondeu e Sara sorriu amarelo, se afastando. A mais alta soltou o ar de seus pulmões e enterrou o rosto em suas mãos.
-- O que foi isso? -- Mona indagou confusa e Ava negou com a cabeça.
-- Não toque em assuntos como amor, paixão ou algo assim entre Sara e eu, Mona. -- Ava pediu.
-- Por quê? -- Indagou confusa.
-- Porque... Não posso dizer a ela como me sinto. Não vê que ela fugiu? Claramente ela não quer que nos envolvamos nisso de sentimento.
-- Besteira! Vocês já estão envolvidas, só não tocam no assunto.
-- Você acha que ela... -- Ava mordeu o lábio inferior e Mona sorriu.
-- Óbvio. -- A outra respondeu apressadamente. -- Deveriam aproveitar que sentem isso e falar uma com a outra. Não precisam se separar ou fazer aquele drama todo de "não deveríamos e blá-blá-blá.".
-- Não é tão simples desse lado aqui da história. -- Ava disse.
-- É sim. Vocês só precisam falar, porque qualquer um que olha vê que estão irremediavelmente apaixonadas.
-- Não precisamos falar então. Se qualquer um vê, então ela já deve ter notado também. Há coisas que não precisam ser ditas.
-- Você sequer tinha certeza se era recíproco se eu não tivesse falado. -- Mona alertou. -- Ela deve se sentir igual. -- A loira olhou em volta e suspirou.
-- Aos poucos nós duas vamos conversando. -- Ava disse e Mona sorriu.
-- Você tinha razão, sabe? -- a morena falou e Ava franziu o cenho.
-- Em quê? -- Indagou confusa.
-- Em dizer que ela é boa. -- Falou naturalmente. -- Ela se esconde por trás da pinta de durona, mas tem um bom coração.
-- Sim. -- Ava disse, deixando um sorriso enorme rasgar seu rosto. -- Ela tem.
-- E é todo seu. -- Mona falou e Ava a fitou.
-- Eu acho que eu vou lá falar com ela. -- Ava disse e foi Mona quem sorriu abertamente dessa vez.
-- Sim! -- a outra disse, batendo palminhas de excitação antes de um ruído escapar de si. -- Droga de risada que estraga meus momentos. -- Ela falou e Ava gargalhou.
-- Eu te adoro, garota! -- Ava falou ainda rindo e abraçou sua amiga.
-- Agora vá lá e use esse mesmo entusiasmo para falar que está apaixonada.
-- Eu não vou falar isso. -- Ava disse rindo. -- Digo, eu vou tentar, mas se eu ver que ela reage mal eu vou desistir.
-- Certo. Boa sorte nisso e bom divertimento no acasalamento pós revelação. -- Ela disse, piscando para a loira, que riu.
-- Não iremos transar. -- Ava disse, porém no fundo desejava que sim.
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𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮
RomanceO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo Inocente? Ava Sharpe não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o melho...