Cap.28

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Eu tinha esquecido o quanto essa fanfic é grande 👁️👄👁️

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-- Sara? -- Ava chamou no meio da madrugada, fazendo a menor abrir os olhos imediatamente.

-- O que foi? -- Ela perguntou meio sonolenta e Ava se virou na cama, enterrando o rosto em seu pescoço.

-- Tive um pesadelo. -- Ela disse baixinho e Sara nada disse, apenas envolveu um de seus braços em torno de Ava e iniciou uma carícia mansa.

-- Quer compartilhar? -- A menor indagou e Ava assentiu.

-- Eu saía daqui e você ficava... E eu nunca mais te via. Você não queria me deixar te visitar, nessa droga de pesadelo. -- Ava disse e o silêncio se propagou pelo ambiente.

-- Sh... -- Sara falou, depositando um beijo nos cabelos castanhos. A mais alta a abraçou fortemente antes de voltar a falar algo.

-- É exatamente o que fará, não é? -- Ava perguntou e Sara a fitou. Apesar do escuro ela conseguia ver com clareza os olhos azuis e tristes.

-- Eu sou pobre fora daqui. -- Sara disse por fim. -- E fodida. Eu não tenho ninguém lá fora. Sequer tenho onde ficar. -- Confessou. -- Nunca fiz uma faculdade e terei a ficha manchada, o que dificultará minhas chances de arrumar um emprego. -- Sua mão foi até o rosto de Ava unicamente para enxugar uma lágrima solitária. -- É isso o que quer para a sua vida?

-- Eu quero você para a minha vida e não importa o resto, Sara. -- Ava falou e a menor umedeceu os lábios.

-- Você merece coisa melhor, Ava. Alguém que possa...

-- Não! -- A mais alta a cortou. -- Eu não preciso de alguém rico, eu já sou e sei que o dinheiro não pode comprar amor. -- Falou firmemente. -- Não preciso de alguém formado em nada, Sara. Olha, você pode não ter um lugar na alta sociedade, mas cuidou de mim melhor do que qualquer pessoa antes.

-- Quando você sair faltará um ano e meio ainda para eu sair, Ava. -- Sara disse tristemente. -- Você pode encontrar alguém lá fora e...

-- Não! -- A cortou novamente. -- Um ano e meio não é nada perto do resto de nossas vidas. -- Sara sentiu seus olhos arderem, ninguém nunca havia insistido nela daquela forma.

-- Você só me conhece há dois meses, babe.

-- Mas já percebi que o coração da garota que me deu um bilhete anos atrás não mudou e eu gosto disso em você.

-- Podemos... Não falar disso agora? -- Sara pediu e Ava assentiu tristemente.

-- Tudo bem. -- Ava disse e se inclinou, aplicando um beijo nos lábios da menor antes de se virar, puxando o braço de Sara junto com ela, fazendo-a abraçá-la. Fazia semanas que Sara não dormia na própria cama, Ava sempre queria ela ali com ela.

-- A terceira vez que nossas vidas se cruzaram foi em um hospital. -- Sara disse do nada, a abraçando mais forte. -- E é por essa vez que eu sei que você merece mais do que eu. -- Ava se virou para ela rapidamente, analisando minuciosamente suas feições.

-- Não pode me dizer só isso. -- Alegou e Sara riu.

-- Eu posso sim, na verdade, mas não farei isso. -- Ela disse. -- Meu avô tinha uma doença rara no pulmão e por isso vivia internado. -- Ela começou, não vendo o porquê de esconder aquilo de Ava. -- Ele precisava de duas cirurgias, mas era um valor exorbitante e não tínhamos condições, por isso eu trabalhava de qualquer coisa que aparecesse.

-- Eram da Florida? -- Ava indagou e Sara assentiu.

-- Mudamos para cá porque conseguimos uma vaga num hospital melhor para ele. -- Sara explicou. -- Ele estava prestes a morrer e eu sentia meu muito inteiro desmoronando, porém fui contemplada com a notícia de que o número do quarto do meu avô foi sorteado por uma doadora e com esse dinheiro conseguimos pagar uma das cirurgias que passamos anos adiando. Era você, babe... -- Ava viu o lábio inferior de Sara tremer e levou uma mão ao rosto da menor, espantando as lágrimas com o polegar.

-- Eu sempre faço doações em hospitais, só não tinha a noção da dimensão da minha ajuda. -- Ava confessou e Sara sorriu tristemente.

-- Você me deu de presente sete meses a mais com meu avô e eu nunca, nunca irei esquecer isso. -- Ela disse, abraçando a mais alta. -- Sempre desejei te agradecer, mas nunca tive a oportunidade, então obrigada, Ava.

-- Sete meses? -- Ava perguntou confusa e Sara assentiu.

-- Como eu disse, ele precisava de duas cirurgias. Só realizamos uma. -- Ava sentiu seu coração se comprimir em seu peito e sua boca secar.

-- Como... Por que você não... Deveria ter me contatado. Eu poderia... -- Maldito planeta onde sem dinheiro permitiam alguém morrer. Que tipo de crueldade era aquela? -- Me desculpa, Sara. Me perdoa, eu poderia...

-- Não. Não faça isso com você, meu amor. -- Sara pediu ao ver que Ava havia começado a chorar. -- Você não poderia saber de nada. Sem você ele morreria em semanas. Você me deu o melhor presente do mundo, sete meses a mais com ele. -- Disse, vendo Ava ainda desolada. -- Eu só te conheci ali por Ava Sharpe, sem rosto, apenas um nome. Quando vi você entrar aqui e ser anunciada como Ava Sharpe eu não pude crer que as duas pessoas que mais admirei na vida eram a mesma pessoa.

- babe, você não tentou me contatar por quê?

-- Você era rica e importante, nunca deixariam uma pobre falar com você. Te procurei em redes sociais, mas não achei. -- Sara confessou. -- E eu sequer te conhecia para pedir tudo aquilo de dinheiro.

-- Eu daria. Céus, eu teria dado sem pensar duas vezes. -- Falou com firmeza. -- Por favor, me perdoa.

-- Eu sei que você teria dado. -- Sara disse sorrindo fraco. -- Você é você, a pessoa dona de um coração gigantesco.

-- Eu estou me sentindo impotente e vazia. -- Ava falou e Sara a beijou docemente nos lábios.

-- Você é o anjo da minha vida, não deveria se sentir assim.

-- Então por que ainda me sinto? -- Ava perguntou sentindo um buraco em seu peito e Sara suspirou.

-- Porque essa é você. Tende a sentir a necessidade de melhorar o mundo e odeia injustiças. Essa é você, babe. -- A mais alta umedeceu os lábios, ainda frustrada.

-- Se eu pudesse ter salvado o meu pai eu teria feito, Sara. Não posso acreditar que eu poderia ter te ajudado. Eu não...

-- Sei como se sente. -- Sara disse. -- Eu também tentei salvar meu avô, mas olha só a diferença de uma rica para uma pobre... Eu precisei acabar presa para isso. -- Ava ergueu o rosto e a fitou.

-- O que quer dizer, Sara? -- A menor suspirou. Diria o motivo de ter ido presa para ela sem remorso, diria porque Ava a tinha por completo; diria porque finalmente sentia-se pronta para isso.

𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮 Onde histórias criam vida. Descubra agora