Emergir após você ter quase se afogado te faz sentir aliviado, exasperado, inquieto, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que Sara se sentia, como se quase houvesse se afogado.
Ava era seu mar.
Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da mais alta , vibrando internamente com o contato.
Não era um beijo qualquer, era Ava ali. Ava Sharpe. Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...
Ela vetou seus pensamentos quando a mais alta chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Ava voltou a aprofundar o beijo e Sara a puxou mais para si, levando uma de suas mãos até os cabelos da nuca da mais alta e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.
Ava arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se os tentasse fundir.
-- Detentas! -- A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. -- Aqui não é lugar para isso. -- Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.
-- Não deveríamos ter feito isso. -- Sara, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Ava negou com a cabeça.
-- Claro que deveríamos. -- Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Sara .
-- Você tem problemas de interpretação? -- Sara perguntou. – Charlie disse para você não encarar e você me encarou; eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.
-- Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. -- Ava rebateu e Sara suspirou, indo em direção à sua cela.
-- Pare de me seguir, Ava ! -- Sara pediu.
-- Só quando me disser por que não deveríamos. -- Ava falou e Sara entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Ava suspirou e se encostou na parede de frente para o beliche. -- Eu não sabia que te incomodava tanto assim. Desculpe.
-- Não faça isso.
-- Isso o quê? -- Ava perguntou e Sara se virou para ela.
-- Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. -- Sara explicou e Ava a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Sara suspirar. -- Ava?
Silêncio.
-- Ava?
-- O que é? -- Ava perguntou e Sara se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.
-- Está brava comigo? -- Sara perguntou e Ava negou. -- Então por que não me respondeu de primeira?
-- Não faz sentido as discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. -- Ava disse encarando-a, vendo os olhos azuis refletirem um lampejo de tristeza.
-- Desculpe. -- Sara murmurou e Ava se surpreendeu. -- Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. -- Sara falou. -- Eu ainda tenho mais dois anos aqui, preciso manter meu foco.
-- Bem, se a minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois, então boa sorte com seus dois anos. -- Ava disse e Sara mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.
-- O que fez para pegar tanto? -- Sara perguntou curiosamente e Ava foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Sara .
A menor encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a mais alta lhe puxar para seu lado. Sara respirou fundo, sentindo o cheiro do condicionador de Ava impregnado no travesseiro.
-- Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado assassinar minha mãe. -- Ava disse, vendo Sara arregalar os olhos completamente surpresa. -- Eu não fiz isso, eu juro, mas sei que você não vai acreditar em mim. -- Ava disse, brincando com a baínha de sua camisa.
Ela se surpreendeu quando sentiu Sara acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.
-- Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? -- Sara perguntou e Ava assentiu ainda cética.
-- Você vai acreditar que sou inocente assim... fácil? -- Ava perguntou e Sara assentiu.
-- Já acreditei. -- Sara disse sorrindo de lado e Ava se virou para ela.
-- Eu não vou perder meu tempo processando eles. -- Ava disse e Sara franziu o cenho.
-- Por que não? -- Indagou sem jamais deixar de acariciar o rosto da mais alta , que suspirou ante ao toque gentil.
-- Porque eu quero viver minha vida, desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? -- Ava perguntou. -- Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.
-- O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. -- Sara disse e Ava sorriu, assentindo.
-- Me soaria um bom lugar para eu dizer que a amo. -- Ava disse e Sara suspirou. -- Uma pena nada disso existir. -- Falou e Sara assentiu.
-- Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo o que já ofereceu a este mundo. -- Sara disse e Ava subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Sara havia dito.
-- Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? -- Ava perguntou e Sara negou, parando sua carícia.
-- Nada. -- Respondeu baixando seu olhar. -- Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?
-- Cinco meses e duas semanas. -- Ava disse e Sara assentiu, fitando os lábios tão atrativos da mais alta .
-- Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. -- Ela sussurrou e Ava a olhou cheia de expectativa. -- Mas me prometa que não fará tantas perguntas.
-- Não posso prometer isso. -- Ava disse, umedecendo seus lábios. -- Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. -- Ava disse sorrindo maliciosa e Sara riu. -- Por que mudou de ideia? -- Indagou curiosa e a menor suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.
-- Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. -- Sara confessou ruborizando e Ava sentiu um arrepio cortar sua espinha. Quanto mais tempo passava, mais encantadora Sara se tornava aos seus olhos.
-- Então pode aproveitar bastante. -- Ava sussurrou, levando uma mão até a nuca de Sara para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da menor.
Ela gemeu quando sentiu Sara beijá-la e então a mais alta a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins trancafiada ali com a menor.
Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Sara para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía a língua de Sara se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Ava para acariciar diretamente sua pele.
É, o "agora" era bem atrativo.
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𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮
RomanceO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo Inocente? Ava Sharpe não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o melho...