Sara não sabia exatamente o que havia dado nela, entretanto, ver Ava sofrer nunca seria algo que ela fosse ver sem tentar fazer algo para ajudar. Era quase como se o estado de alerta que ela havia adotado nos últimos anos na cadeia se despertasse instantaneamente naquela situação.
Ela estava quase arrependida de estar ali parada atrás da cama de Pâmela. A mulher não dormia, estava fitando a parede exatamente como quando Ava havia entrado no quarto e, Sara só não desistiu porque precisava ao menos tentar.
-- Uh... Com licença... -- Usou seu tom mais doce, fazendo a mulher suspirar.
-- Eu estou cheia de remédio. -- A voz saiu mole, a língua ligeiramente dormente. -- Não preciso de mais, por enquanto. -- Falou sem emoção na voz. Sara mordeu o lábio inferior e se atreveu a dar a volta na cama, ficando de frente para a mulher, que ergueu demoradamente os cílios, levando os olhos de encontro aos azuis.
-- Eu não, uh... Não trabalho aqui. -- Explicou, ganhando a atenção da mulher ali sentada. -- Eu vim conversar com você, mas você parece cansada. Por que não dorme um pouco? -- Sugeriu, vendo a mulher negar levemente.
-- Eu tentei, mas eu não consigo. -- Ela disse baixo, vendo Sara suspirar.
-- Problemas com os sonhos? -- Sara indagou e a mulher negou com a cabeça, sentindo os olhos pesados.
-- Eu juro que eu queria dormir. -- Explicou. -- Qualquer coisa é melhor que minha realidade. -- Disse, passando a mão pelo rosto. -- Eu não sinto a minha língua direito. -- Disse rindo tristemente. Sara mordeu o lábio inferior e se aproximou alguns passos.
-- Posso, uh, te tocar? -- Perguntou mansamente. -- Sabe, para te ajudar a deitar. Sentada fica mais difícil do sono vir e acredito que você precise dormir, ao menos um pouquinho. -- Os olhos verdes da mulher analisaram Sara, assentindo mansamente antes de sentir a garota lhe acomodar sob as cobertas e se sentar ao seu lado.
-- Você veio para tirar a dor? -- A mulher perguntou e Sara franziu o cenho. Ela sabia que dizer coisas sem sentido às vezes era efeito da forte dosagem. Um riso amargurado saiu fraco por entre os lábios da mulher antes de suspirar. -- Me sinto tão mole que não consigo nem fazer o que eu queria.
-- E o que você queria fazer? -- Sara perguntou, iniciando uma leve carícia no dorso da mão da mais velha.
-- Chorar. -- A mulher sussurrou, fitando Sara com os olhos quase fechados.
-- É inevitável não sentir dor, só não é justo que você se culpe, uh? -- Sara falou calmamente. -- Que tal descansar? -- Mudou de assunto, vendo a mulher assentir.
-- Só um pouquinho. -- Pâmela murmurou, fechando os olhos.
-- Eu vou deixar você dormir tranquila, assim que acordar eu volto. -- O aperto em sua mão a fez parar eu voltar a fitar a mulher.
-- Fique. -- Foi tudo o que ela disse e, mesmo a mulher já estando de olhos fechados, Sara respondeu baixinho.
-- Eu não vou sair daqui então.
[...]
O barulho dos pássaros fez Sara arregalar os olhos rapidamente, percebendo que ainda estava ao lado da cama da mãe de Ava. Seu olhar foi de encontro ao da mulher e a viu encarando-a.
-- Quem é você? -- A voz saiu confusa, baixa e ainda arrastada.
-- Ontem a noite eu...
-- Eu me lembro. -- A mulher disse. -- Só quero saber quem é você.
-- Sou a, uh, vim com a Ava. -- Disse, não sabendo o quão bem a mãe dela recebia algumas informações relacionadas à filha.
-- Oh. -- Ela respondeu. -- Ela te mandou aqui? -- Indagou e Sara negou rapidamente.
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𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮
RomanceO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo Inocente? Ava Sharpe não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o melho...