Cap.13

241 37 5
                                    

Maratona 4/5

Esse era o medo de manter proximidade com Ava : Uma hora ela baixaria sua guarda e a outra perceberia algum deslize.

-- O quê? -- Sara perguntou incrédula. -- Você enlouqueceu?

-- Como sabe sobre o meu pai? -- Ava voltou a perguntar com solenidade. -- Os olhos azuis  se fecharam para a menor  enxaguar o condicionar de seus cabelos.

-- Eu não colocaria uma estupradora ou serial killer dentro da minha cela, então pedi para Normani puxar sua ficha. -- Sara falou e Ava a olhou cética.

-- Você viu o crime que fui acusada? -- Ava perguntou incrédula.

-- Vi. -- Sara disse naturalmente.

-- E mesmo assim me mudou para sua cela? -- Indagou surpresa.

-- Não, você sonhou até agora e vai acordar ainda na cela de Beatrice. -- Sara disse seriamente, fechando o chuveiro antes de caminhar alguns passos e buscar com a guarda duas toalhas ainda embaladas, haviam esquecido de pegar.

-- Por que eles teriam em minha ficha que meu pai está morto? -- Ava perguntou cética e Sara bufou.

-- É a porra da polícia federal. Eles sabem tudo sobre você. -- Sara disse e Ava aceitou a resposta, desligando o chuveiro. Ela caminhou até Sara e pegou a toalha de sua mão, vendo a menor  desviar os olhos para outro lugar qualquer.

-- Quantos anos você tem? -- Ava perguntou, abrindo a embalagem de sua toalha antes de começar a se enxugar.

-- O suficiente.

-- Você não sabe responder nenhuma pergunta direito? -- Ava perguntou e Sara suspirou.

-- Não é nada pessoal, tudo bem? Eu só não quero amizades. -- Sara disse e Ava assentiu, vestindo sua roupa íntima antes de ir até a porta pegar um conjunto de uniforme limpo com uma das guardas e deixando o sujo.

-- Sabe que eu saber sua idade não faz de você minha amiga, não é? -- Ava perguntou, indo para o vestuário apenas para se vestir rapidamente.

-- Mas seria um começo. -- Sara alertou.

-- Então tenho um belo começo de amizade com meus atores preferidos de Hollywood, preciso que eles saibam. -- Ava disse sarcástica e Sara revirou os olhos.

-- Vinte e seis. -- Sara disse por fim e Ava ergueu a vista, soltando a toalha para vestir a parte de cima do uniforme.

-- Doeu? -- Ava perguntou sorrindo e a menor  franziu o cenho. -- Dizer sua idade. Doeu?

-- Quase. Qual a sua? -- Sara perguntou.

-- Não viu na minha ficha? -- Ava perguntou debochadamente e Sara revirou os olhos, terminando de se vestir antes de marchar a passos duros para sua cela, deixando Ava sozinha ali.

A outra riu para si mesma e terminou de se vestir, voltando sem resquício algum de pressa para a sua cela.

-- Desculpe. -- Ava pediu ao ver a menor  penteando seus cabelos com uma carranca. -- Eu só acho engraçado suas caretas, mas não quis soar rude ou algo assim.

-- Não soou. -- Sara disse seriamente e Ava assentiu.

-- Tenho vinte e quatro anos. -- Ava mencionou, cruzando os braços e se sentando em sua cama. -- O que mais viu em minha ficha? -- Ela perguntou temerosa.

-- Nada. Só o fato de saber seu crime.

-- Não foi meu crime, mas entendi. -- Ava disse. -- E sobre meu pai, certo? -- Ava perguntou e Sara assentiu.

-- Certo.

-- Sabe o que é bem curioso? -- Ava começou, pegando sua escova de dentes em suas coisas. -- Que de todos os fatos ali, você não gravou a minha idade, preferiu gravar que meu pai faleceu.

-- O que está insinuando? -- Sara perguntou e Ava meneou a cabeça, indo até o pequeno lavatório dali.

-- Nada. Só que não acredito que você tenha visto minha ficha. -- Ava disse, vendo Sara terminar de pentear seus cabelos e preensá-la contra a parede antes que pudesse levar a escova de dentes até sua boca.

Os olhos acizentados enxergaram o músculo do maxilar de Sara tensionado e os olhos azuis  lhe fitarem solenemente. Seu olhar desceu para os lábios rosados de Sara antes de ela sentir sua pulsação acelerar.

-- Nunca duvide de mim. -- Sara disse firmemente e Ava foi ousada em seu próximo ato, esticando o pescoço para ficar mais perto de Sara antes de fitá-la intensamente.

-- Então me diz, Lance ... -- Ava começou, com a voz carregada de poder. -- Se você realmente viu minha ficha... -- Umedeceu seus lábios. -- Qual foi meu crime?

Ela viu a hesitação invadir o olhar azulado e ali ela teve certeza: Sara não havia visto sua ficha.

Seu raciocínio parou de funcionar corretamente quando um braço de Sara rodeou sua cintura e grudou os corpos, causando uma leve falta de ar na outra.

-- Você fica realmente abalada com toda essa proximidade, não é? -- Sara perguntou, sorrindo sugestiva. Seu rosto se aproximou mais alguns milímetros do de Ava antes de roçar seus lábios nos dela. -- Não é só proteção para você, eu vejo a forma como me olha... -- Ava engoliu em seco e se inclinou, dando um beijo suave no canto dos lábios de Sara . Nas esferas azuis  nasceu um brilho hipnotizante aos olhos de Ava , mas ela se conteve.

-- Não tente me persuadir a esquecer nossa conversa. -- Ava disse, virando o rosto quando a menor  sorriu vitoriosa e se inclinou. -- Sem distrações. Quero que me responda! -- Pediu com veemência e Sara a soltou, chutando o lavatório antes de suspirar e se afastar, subindo em sua cama.

-- Eu não sei a merda do seu crime, está bem? Você me pegou. -- Sara disse irritada. -- Mas não me pergunte como sei sobre seu pai. Não irei te contar. -- Disse, se deitando e virando para a parede.

-- Mas...

-- Deixei algumas coisas para você comer em sua cama, afinal você perdeu o horário da refeição com a médica gostosa. Boa noite!

Ava sorriu sem perceber ao notar que Sara continuava se preocupando com ela.

-- Sara ? -- Ava chamou.

-- Hm?

-- Obrigada. -- Agradeceu, começando a escovar seus dentes.

-- Não há de quê. -- Respondeu unicamente, tentando levantar a parede invisível que ela mesma criava entre elas sem saber que Ava não aprendia a lição. Quanto mais misteriosa, mais atrativa aos seus olhos.

𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮 Onde histórias criam vida. Descubra agora