Cap.34

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Os olhos azuis prestavam atenção em como Ava a olhava ansiando uma resposta e a daria, sem dúvidas. Confiaria aquilo à sua namorada, mesmo sabendo que se descobrissem a verdade ela apanharia muito.

-- Como assim? -- Ava indagou. -- Vai me dizer que é uma infiltrada do governo para acabar com a corrupção daqui? -- Perguntou rindo baixinho e Sara suspirou.

-- Não, Ava. -- Ela disse rindo nervosamente. -- Antes fosse, assim eu desistiria dessa merda de missão e iria ter uma vida com você lá fora. -- Falou.

-- E então?

-- Confio em você, mas precisa me jurar não vai contar nada a ninguém, por favor. -- Ela pediu e Ava assentiu freneticamente, sentindo a curiosidade aflorar em sua pele através dos poros de seu corpo.

-- Prometo. -- Ava falou e Sara assentiu.

-- Bem, quando eu entrei aqui eu estava arrasada pelo medo de meu avô me odiar. -- Ela começou. -- Passei dias e mais dias de pânico com cantadas inapropriadas de detentas veteranas e, quando eu achava que não podia piorar, me avisaram que meu avô havia falecido. -- Os olhos acizentados se arregalaram ligeiramente antes da loira fazer uma pequena careta.

-- Céus, deve ter sido um inferno. -- Ava disse e Sara assentiu.

-- Mas tenho muita sorte de sempre aparecer anjos na minha vida. -- Ela disse com um sorriso triste em seus lábios.

-- O que quer dizer? -- Ava questionou confusa.

-- Que a detenta que estava na minha cela se tornou minha amiga. -- Ava paralisou seu olhar no de Sara. Mona havia comentado sobre essa mulher com ela, se bem se lembrava.

-- O que, uh, houve com ela? -- Sara riu e a fitou.

-- Te contaram, não é? -- Ava corou levemente e assentiu.

-- Mais ou menos. -- Confessou com uma careta e Sara assentiu.

-- Bem, seu nome era Donna e ela era a antiga líder. -- Explicou. -- Ela notava a constante luta que eu vivia com o assédio neste lugar e no dia que apareci com o olho roxo após três dias na detenção, ela ficou irritada, afinal havíamos nos tornado amigas.

-- Por que foi para a detenção? -- Ava perguntou curiosamente.

-- Não deixaria que me tocassem facilmente e acabei brigando feio com uma delas. Ambas fomos para a detenção.

-- Eu posso entender esse sentimento. -- Ela disse e Sara sorriu, umedecendo os lábios.

-- Sim, ainda lembro de você dizendo que eu poderia mandar minha "capacho" te arrebentar que mesmo assim eu não tocaria em você. -- Sara falou rindo.

-- O engraçado é que hoje eu faço questão de que toque. -- Ava disse mordendo o lábio inferior e a menor suspirou.

-- Não sei o que eu fiz para te merecer, mas não estou reclamando em absoluto. -- Sara disse e Ava a puxou para um beijo rápido antes de a fitar com ansiedade.

-- Mas e então? -- Perguntou curiosamente.

-- Bem, fomos nos tornando cada vez mais íntimas e resolvi lhe contar o porquê de ter vindo presa. Nessa época Donna começou a vomitar com frequência e a cuspir sangue constantemente e eu sempre a ajudava lavando seu rosto, a levando comida, sabe? -- Perguntou retoricamente. -- Depois de levar mais uma surra aleatória ela me contou que tinha pouco tempo de vida. Tinha um câncer em um estágio avançado e me confessou que fui a única que se importou com ela em todo seu tempo de cadeia. -- Sara disse, limpando a garganta. -- Um dia estávamos no pátio tomando sol e ela cuspiu sangue em uma de suas tosses. Foi tudo muito rápido, no momento seguinte ela mandou eu bater nela.

Sara fitava a parede com um olhar nostálgico, perdida nas lembranças de infelicidade daquela trágica semana.

-- Não aceitei, mas ela me implorou e disse que era para meu bem. Decidi a empurrar de leve, mas ela mesma se jogou com força contra a parede e me puxou, falando para eu fingir que a batia. Foi tudo confuso e me lembro de tê-la obedecido.

-- Assim virou líder? -- Ava indagou.

-- Ainda não. Ela pediu para que eu a desafiasse no dia seguinte, mas eu não queria. Ela estava fraca e pálida, porém ela era teimosa. -- Disse e fitou sua namorada. -- Assim conheci Astra, porque naquele dia Donna mandou Astra ir buscar alguns remédios para ela, porém quando voltava ouviu a conversa e Donna a fez jurar jamais contar nada a ninguém.

-- E houve a falsa briga nesse dia?

-- Sim, o sangue que ela cuspia fez tudo parecer mais real e ela gritou ter perdido o posto para mim diante de quase todas. -- Sara falou antes de suspirar. -- Ela fez todas me temerem e pediu para uma de suas garotas me ensinar a lutar de verdade, porque apesar de ser a nova líder, e ter várias que estariam lá para mim na hora da pancadaria, ainda assim talvez eu precisaria lutar.

-- Não sei o que dizer. -- Ava disse abismada e Sara lhe deu um beijo casto.

-- Ela me pediu para jamais conversar com ninguém, não mostrar vulnerabilidade, falar como se eu não tivesse medo de ninguém e jamais desmentir um boato sobre algo ruim que fiz. -- Sara disse rindo com escárnio. -- Naquela semana ela faleceu e todo o presídio achou que eu a matei na cela enquanto dormia. Tenho certeza de que isso foi ideia dela. -- Falou rindo tristemente. -- As únicas que sabem disso aqui dentro são três pessoas, além de você. -- Ava a fitou com anseio.

-- Charlie e Astra eu já sei, mas quem seria a outra? -- Ava questionou e Sara riu.

-- Você não vai acreditar.

-- Odeio essa merda de suspense. Você o faz desde que cheguei. -- Ava reclamou e cruzou os braços, fingindo chateação. Sara a puxou mais para seus braços e riu com vontade.

-- Quanto dengo, coisa linda. -- Ela murmurou e Ava suspirou ao sentir um beijo de Sara contra a pele de seu pescoço.

-- Diz, para mim, amor... -- Ava pediu e Sara assentiu.

-- Digo tudo o que quiser. -- Ela disse sorrindo. E lá ia ela novamente, abrir seu coração e sua história completamente para Ava. Bem, completamente não, ela jamais contaria sobre o pequeno segredo que guardava com Charlie.

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Acho que vou deixar vocês surtarem um pouquinho 👀

𝙿𝚛𝚎𝚜𝚊 𝙿𝚘𝚛 𝙰𝚌𝚊𝚜𝚘 -𝓐𝓿𝓪𝓵𝓪𝓷𝓬𝓮 Onde histórias criam vida. Descubra agora