WOOYOUNG
San e eu estamos fingindo que não existe um grande elefante azul entre nós dois nos últimos dias. Com o final do semestre, provas e os preparativos para o último jogo da temporada, tivemos pouco tempo juntos e nos poucos momentos que passamos, evitei ao máximo o assunto do contrato com Jackson Wang. Ele já recebeu ligações sobre times interessados, porém eu sei que San merece mais do que os times pequenos locais. Ele até mesmo recebeu uma ligação do seu pai e por mais que ele parecesse nervoso, eu estava ao seu lado quando ele contou para o pai que um agente importante tinha se interessado por ele.
Eu estou orgulhoso dele, honestamente. Eu estou feliz por ele estar conquistando tudo o que merece, mas não consigo evitar a sensação azeda de se manifestar sempre que penso que esse pode ser o nosso fim.
Por isso, estou evitando o assunto ao máximo, mas os dias se passam numa velocidade assustadora e com a correria dos treinos e ajustes para a competição nacional de patinação, eu me deixo levar. San não insiste no assunto, acho que ele sabe que eu estou preocupado, mas prefere não tocar no assunto e eu estou realmente muito grato. E, quando nos despedimos ontem a noite, no estacionamento do campus, ele me segurou por mais tempo, esmagando o ursinho de pelúcia entre nós dois.
– Vejo você em algumas horas. Procure por mim na arquibancada, vou estar gritando, vai ser fácil de perceber.
Não escondi a minha risada.
– Ok. Anotado.
– Estamos bem, não é? – ele perguntou, segurando meu rosto perto demais.
San carregava aquele olhar preocupado que eu não gostava nem um pouco. Me estiquei e plantei um beijo em seus lábios.
– Melhor do que bem.
[...]
– Quer mais batatinhas? – Felix pergunta apontando para a porção ainda intocada na minha frente.
– Pode comer.
Não estou com fome e sequer estou prestando atenção ao que eles dizem. Estamos reunidos no salão separado para nossa equipe no estádio onde a competição vai acontecer. Não estou nervoso, nem nada, mas minha mente está longe daqui.
O bichinho de pelúcia no meu colo me distrai das conversas alheias e eu fito os olhos do urso, suspirando. Nas últimas duas semanas, eu estive indo e vindo sobre onde eu estou com San. Quando estou com ele, estou feliz, tudo está perfeito e eu estou orgulhoso e contente por ele. Mas, quando ele não está por perto, tento me lembrar de como eu era antes dele. Para me preparar para o que eu vou voltar e para me convencer de que vou ficar bem sem ele. Sem todos os beijos e sem as noites para dormir ao seu lado.
– Wooyoung?! – estalo para fora dos meus pensamentos, fitando Minho. – Vamos? Precisamos nos preparar para a apresentação.
– Ah, claro.
Não estou tão animado quanto deveria. Eu amo patinar, amo quando a música me envolve e eu me perco no frio do gelo, mas hoje não estou sentindo a adrenalina ou a necessidade de deslizar pela lâmina. Eu me sinto pesado. E, admito que me sinto vagamente doente com a ideia de deixar San ir. Eu preciso falar com ele, ou essa situação vai me deixar louco.
De quem foi a ideia de colocar emoções dentro das pessoas? Nunca precisei delas. Agora, parece que sou uma bagunça delas.
Porém, quando eu verifico meu celular mais tarde, encontro uma mensagem de San me desejando sorte hoje e me derreto um pouco por dentro.
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The thin ice; woosan
Teen Fiction"Cuide de Wooyoung e não dê encima dele." O pedido do meu melhor amigo, Yeosang parece fácil e simples. Ficar de olho no irmão dele no campus e manter minhas mãos para mim. Fácil. Mesmo que Wooyoung seja um patinador surreal de talentoso, que eu ach...