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Any Gabrielly

As semanas foram passando e eu e o Lucas cada vez mais enxergávamos que nascemos para ser amigos... eu me identifico muito com ele e por isso nossas conversas rendem bastante, mas... não passa disso, pois é, uma pena.

Nós decidimos ser amigos mesmo. Ele ainda não superou o divórcio e isso foi se tornando cada vez mais evidente.

E ainda tem o Josh... eu não superei... ele me enlouquece. Nós ainda estamos meio assim um com o outro e eu de verdade me sinto cada dia pior... eu sinto falta dele... de como nós éramos antes.

Josh anda meio triste e isso me preocupa... estou quase engolindo o orgulho e indo falar com ele. Hoje ele chegou do trabalho tão pra baixo... a única coisa que o anima são as crianças. Eu não sei o que fazer.

Como sempre, nós quatro jantamos juntos num clima bem agradável, sempre que Josh chega cedo do trabalho, comemos todos à mesa. Os pequenos ficaram radiantes com a chegada do pai e grudaram nele. Depois de um tempinho notei que o humor do loiro parecia ter melhorado.

Terminada a janta, houve um curto período de brincadeira e então colocamos as crianças na cama.

Assim que deixei o quartinho de Eva (após passar um bom tempo contando historinha), decido me dar um descanso. Hoje as crianças deram trabalho.

Vou para o meu quarto e ligo a televisão. Estou afim de terminar o meu seriado.

[...]

Cerca de três episódios depois, sinto vontade de pipoca e desço para fazer.

Antes de ir, dei uma checadinha no Ethan, ele estava dormindo bem... agarrado a um ursinho, como o bebê mais fofo do universo! Ótimo.

Eu me dirigia para a cozinha quando me deparei com o Josh do lado de fora e decidi ir até ele.

O loiro parecia estar perdido em pensamentos quando me aproximei, mas logo ele me olhou surpreso.

— Josh... está tudo bem?

— Uhum. Por que? – ele soa meio apreensivo.

— Bem... Você não parece estar muito feliz há um tempo.

— Eu não estou mesmo, mas isso não importa.

— Como assim? Claro que importa... o que houve? – me sento ao seu lado.

— Você pode me contar... seja lá o que for... – sou sincera e tento passar segurança segurando a sua mão.

— Você não entenderia.

— Eu posso tentar.

— É sobre os meus pais... eles estão agindo como sempre e... merda, Any não vou te encher com futilidades... não deve ser nada perto do que você sente e...

— Se pensa assim por que os meus pais já se foram, pode ficar tranquilo... isso não diminui o seu problema, Josh... as pessoas podem ter dores diferentes – o interrompo e digo séria.

— Prossiga.

— Você está certa... eu só... enfim... é só que a Sina está organizando um chá de bebê e os queria aqui... mas como sempre eles não vêm... vão enviar uma tonelada de presentes, mas, como sempre, não vêm. Impressionante como sempre há algo mais importante na agenda que... nós. Isso me frustra. Só isso mesmo.

— Ah...

— Eu já desisti faz tempo, sabe, mas a Sina ainda sente uma carência enorme principalmente da nossa mãe... – ele completa.

— Ah, Josh... sinto tanto... bem... isso não está certo... eles são os pais de vocês! – fico meio revoltada.

— É... é uma merda mesmo.

— Não há nada que possamos fazer? – tenho a intenção de ajudar.

— Eu não sei...

— Vocês já foram totalmente sinceros com eles?

— Não exatamente... nós nunca falamos umas verdades pra eles... apenas... aceitamos com o tempo. Claro que sempre demonstramos que nos sentíamos meio abandonados, mas só.

— Entendi... Que tal você ligar pra sua mãe e falar? – sugiro.

— Não.

— Sim, Josh, quem sabe ser sincero resolva.

— Não acho.

— Eu ligo então – me estico até seu bolso atrás de seu celular.

— Enlouqueceu, Gaby? – ele ri enquanto desvia e segura meu pulso.

— Não quero vocês tristes... – respondo por impulso e então nossos olhares se cruzam me causando um arrepio.

— Obrigado... por isso... – ele afrouxa o aperto em meu punho.

— Eu me importo contigo... com os dois... – sou verdadeira e então me surpreendendo, pois ele me puxa para um abraço.

Passamos tempo demais naquele abraço, nenhum de nós queria quebrar o contato.

— Queria tanto que as coisas fossem diferentes... – Josh murmura e de repente não estamos mais falando de seus pais.

— Por que tem que ser assim? – pergunto chateada e até um pouco cansada de tudo.

— Você sabe bem o porquê, Any.

— Não, eu não sei. Eu não aguento mais pra ser sincera – me solto dele e então vejo todo aquele clima fraterno se dissipar dando lugar a uma discussão iminente.

— Gosto de você, Josh. Só faltava dizer com todas as letras. Pronto. Disse! – ele parece surpreso... como se já não estivesse nas entrelinhas.

— Eu não entendo você, juro! Não faz sentido não podermos ficar juntos... não faz!

— Claro que faz, Any! Eu sou um viúvo! Você tem noção que nesse mesmo mês no ano passado eu estava casado?

— Eu tenho sim, estava... mas isso... esse seu apego... não faz sentido... me faz mal... você alimenta as minhas esperanças e as destrói na mesma velocidade! Você cuida de mim como se fosse o meu namorado e depois nomeia de amizade e eu odeio isso.

— Eu não consigo entender... nós somos duas pessoas solteiras... o que tem de errado? O que de tão mal você vê nisso? – exprimo toda a minha indignação.

— O pior é que, por mais que eu tente, não consigo te esquecer! Isso têm me parado... me afastado do meu sonho de me casar e ter a minha própria família e eu não posso ficar presa nesse jogo.

— Não quero mais isso! Eu juro que vou te esquecer! – digo expressando toda a minha frustração.

— Sabe o que eu acho disso tudo? Que você tem medo de se envolver de novo. Só isso. Tudo se resume a medo. Acho que perder a sua esposa acabou contigo, mas não precisa ser assim... eu tentei te mostrar... enfim... que a próxima seja paciente o suficiente pra resolver isso aí.

Uau, isso foi bem libertador! Depois de desabafar, Josh não disse uma palavra e então me levantei para deixar aquele jardim e me enfiar no quarto até amanhã. Acho que depois dessa, adeus emprego.

12 LETTERS | BEAUANY STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora