Morada

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busquei externamente.
me neguei a ver dentro.
só senti mais vazio.
me vi presa.

afundei me em armadilhas na busca do vibrante sentir.
conheci o pior de mim, afogada em culpa.
caos e confusão, depois da explosão.
nada restou.

despedi-me de antigas ilusões.
despedi-me de mim mesma, pois as preferia.
desapego permitiu explorar uma nova eu.

relaxei depois de soltar o que tanto pesava.
comecei a encontrar amor em mim.
perceber naqueles que me rodeavam.
havia amor em cada coisa existente.
já não fazia sentido mais buscar.

te encontrei.
não sei ao certo se foi um encontro, pois não procurei.
o acaso fez com que nos esbarrássemos, numa sexta de lua cheia.

ansiávamos alguma coisa, sem saber o que.
o desconhecido sussurrou em nossos ouvidos.
nos levou até aquele exato ponto.
naquele exato momento.

ao som do grupo revelação, acontecemos naturalmente.
não houve esforço nenhum.
houve colisão.

as coisas realmente estavam acontecendo diferente daquela vez.
naquela noite, sonhos se profetizaram.
percebi que eu realmente era livre.
encontrei a liberdade quando deixei de a perseguir.

antes da carne, já houve mergulho.
nos entrelaçamos em nossas próprias profundezas.
traçamos conexão.
uma ponte.
significava mais.

nos encaixamos como nunca imaginei ser possível.
o tempo costurou.
tive certeza.

obstáculos se colocaram pra além da paixão.
nossa teimosia nos fez os atravessar.
descobri que te amava.

nada além do nosso amor iria nos guiar.
no turbilhão, basta fazer morada em mim mesma.
na clareza, voltar a compartilhar intensamente contigo.

na lembrança de que carrego em mim a minha casa.
você carrega em si a sua.
e no nosso encontro nos aquecemos diante do confortável lar.

a fonte da minha luz é interna.
reconheço isso.
assim te aqueço com tanto do amor.

saboreio do universo que nos transborda cada vez que vejo o infinito em seus olhos.

finalmente paz.

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