Prazer cisgênero esse
O de nos pisotear com olhares e palavrasNos encarar profundamente
Notar cada traço de expressão que mostra quem realmente somos
E ainda sim fazer o que pode na tentativa de nos deslegitimar por puro tesãoTransformar nosso corpo e roupa em pura fantasia
Impor goela abaixo uma cisinvençãoApagando a pureza de nosso viver
Chamar pelo nome morto pelo simples prazer de nos ver sofrer
Humilhação bruta e continua
Mil facadas em meu serTodos sabem que esse nome é mentira
Mas ele também é a maior arma contra nossa existência
Acordo invisível de nos despreciar
É o insistente ato de com ele nos chamarSonoridade audível em poucas sílabas
Violência silenciosa
Palavra pesada e agonizante
De efeito colateral delirante
Inumano ciclo nos faz padecerNão aguento mais deteriorar
Ser presa em um grande aquário de fadiga e covardia
Sem energia pra me resgatar
Nenhuma perspectiva de saída ao angustiarTenho medo de ser vista
Temo o mundo,
pois o vejo e abraço,
e isso não é recíprocoMe chamem pelo meu nome
Permitam que eu contemple minha existência
Parem de me matar cada vez que dizem essa palavraApesar da dor ainda quero estar viva
Sou como um lobo sem matilhaFeroz, radiante
IncompreendidoNão tenho forças pra uma batalha imbatível
Me esforço a lutar sozinha, repetidamente fracassadaAté quando a hegemonia cis nos fará engolir a amarga vida subalternizada?
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TRANS FORMAR
PuisiAlguns chacoalhões criativos. Explosões dolorosas e libertadoras ao mesmo tempo. Versos feitos por quem sente, pra quem sente... Leia de coração aberto