Dialética do Desejo

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Queria ser desejada por você
Que me olhasse como olha e de você saísse uma força tão grande que lhe fizesse impossível me negar
Me esforço muito pra isso, mas só me frusto
Nada realmente acontece

Você não me beija
Se afasta quando o clima esquenta
Mas também não me nega
Cultiva um fervor compartilhado quando as coisas ainda estão lentas

É uma grande ilusão tentar ter controle sobre o desejo
Arrogância acreditar que há escolha no desejar

As vezes eu quero, mas não desejo
Pior ainda quando muito desejo mesmo não querendo

Lutei contra mim pra permitir o meu sentir por ti
Chega a ser divertido assistir o esforço
Meu tesão por você é inevitável, quer eu aceite ou quer eu tente ocultar dentro de mim

Apenas está lá
Não devo me culpar por isso
É natural

Assim como é natural que essa nossa dança ocorra em um lento ritmo de encosta-afasta
Sem colidir de imediato nossas fantasias

Talvez elas nunca se colidam, e tudo bem
O esbarrar é fruto do acaso
A nós, só resta a entrega
Ou nem isso

Pouco sei se você me deseja, ou ainda se me quer
Só sei que a gente cria e tem algo só nosso
Que acontece nos momentos de janela em que a gente se vê
Abrem infinitas possibilidades

Tenho consciência total do descontrole
Aceito o ritmo do tempo na tentativa de evitar estresse

Permito me conectar a você
Sentir o fervor de quando a gente se aproxima
Derramar meu toque sobre seu corpo,
sentir o seu no meu
Ansiar por mais e aos poucos me jogar em sua direção
O assistindo se afastar antes que algo mais seja

Se for pra ser é

Sua luta também é em vão, não controlamos o desejar
Sigo te desejando, e agora ainda te quero
Posso esperar pra ver no que dá

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