maratona 3/4
MALUAbri os olhos com uma certa dificuldade por conta da claridade. Tentei reconhecer o lugar mas foi em vão já que eu não fazia ideia de onde era aquele chiqueiro.
- O que aconteceu? - falei comigo mesma
Vi que eu tava acorrentada nos punhos, eu tentava processar o que estava acontecendo mas não conseguia. Então comecei a gritar na esperança de alguém me ajudar.
- Ou, cala a boca caralho. - um homem mascarado entrou armado no quartinho podre - Tá querendo levar chumbo?
- Moço, pelo amor de Deus. Deve ter havido algum engano. - choraminguei - Me solta, por favor.
- Que engano o que garota, nóis tava atrás da princesa do PPG mermo. - riu - Tu vale ouro.
Como assim valia ouro? Eu não entendendo nada do que estava acontecendo, eu só queria minha casa.
- Onde é que eu tô? - perguntei na esperança de conseguir arrancar alguma coisa desse homem
- Te interessa não, garota. - se aproximou e colocou a arma próxima ao meu rosto - Acho melhor tu ficar quietinha, tá perguntando demais.
Abaixei a cabeça olhando o meu corpo e graças a Deus nenhuma marca de violência, também não sentia nenhuma dor na parte íntima. Só Deus sabe o alívio que isso me deu, apesar dos pesares.
Continuei de cabeça baixa enquanto o homem de fazia presente ali, ele estava assistindo algo no celular e se acabava de dar risada. Tava na cara que ele é bem lerdo mas a pistola que ele portava falava mais alto.
Juro que se não fosse a arma, eu peitava esse otário.
- Coe. - me cutucou com o pé - Tu tem cara de ser estudada, me explica um bagulho.
- Trocas. - olhei pra ele que me olhou sem entender - Eu te ajudo e você me ajuda.
Ele ficou pensando um pouco e levantou a máscara pra coçar o rosto. Analisei sua feição e conclui que não o conhecia.
- Tu é muito folgada, parceiro. - concordou - Fechou então, mas num vem com bagulho de soltar não e nem pergunta sobre o chefe.
- Tudo bem. - concordei - Onde eu tô?
- Tu ta no Jacarezinho. - deu de ombros - Sim, parceira. Qual foi desse bagulho de mais e mas, qual a diferença mermo?
Eu queria dar risada mas a situação não me permitia, inclusive, achava legal o interesse dele em aprender.
- Mais é pra quantidade e mas é a mesma coisa de porém. Entendeu?
- Entendi, mermo. - balançou a cabeça - Tu é maneirinha, só tem a cara de nojenta. Pensei até que ia ser chata pra caralho.
Ri fraco e fiquei pensando no que eu estava fazendo no Jacarezinho, que porra queriam comigo?
O homem saiu do quartinho me deixando só e esse foi o meu momento de chorar até não aguentar mais.
Tava quase pegando no sono quando entraram no quarto novamente. Levantei a cabeça pra olhar e dei de cara com um homem e uma mulher.
- Você? - disse sem acreditar - O que você quer comigo?
- Olha como você fala comigo. - me deu dói chutes, um no rosto e outro na boca - Sua puta.
- Puta é você, nojenta do caralho. - falei com dificuldade - Me pegar assim na covardia é fácil, Gisele.
- Bora parando vocês duas. - o homem falou pela primeira vez - O bagulho é o seguinte, quero saber de tudo que tu sabe sobre os negócios do Coroa.
Olhei pra ele com uma cara estranha, eles eram tão burros a ponto de achar que eu sabia alguma coisa que acontecia no morro.
- Tá perdendo tempo. - ri fraco - Eu não sei de nada, faço parte do tráfico não.
Calei nem a boca e ele já foi metendo o maior tapão na minha cara que ferveu na hora. Meu corpo ferveu de ódio, ele tá pensando que é quem?
- Vagabunda. - apertou meu rosto forte - Eu tô ligado que tu é filha do Coroa, vem meter essa não.
- Sou apenas filha dele, não me envolvo em nada. - olhei pra Gisele que tava com o maior carão de deboche - Passa as informações certas, amor. Eu descobri que era filha dele tem nem 1 ano ainda.
Olhei pra ele que esfregou o rosto, se ele tinha alguma esperança de arrancar algo de mim, eu acabei com ela ali mesmo.
- Sua vagabunda do caralho. - foi pra cima da Gisele - Tu me garantiu que a garota era peça chave pra conseguir invadir o morro.
- E-ela é sim. - deu uns passos pra trás - Tu pode pedir o comando em troca dela.
Nunca imaginei como ela poderia ser tão suja, também, nem conheço essa garota direito. Ela simplesmente cismou comigo por causa de macho.
- Se eu não conseguir essa porra. - apontou o dedo na cara dela - Eu vou fuder com tua vida, vai morrer queimada no pneu.
- A única que vai morrer aqui é essa piranha. - veio em minha direção e segurou meu rosto cravando as unhas nele - Pra aprender a não entrar no meu caminho.
- Larga mão de ser maluca, caralho. Vocês não tinham nada. - cuspi na cara dela só de ódio
Gisele começou a me dar uma sequência de chutes e socos, só parou por que o homem segurou ela.
- Me solta Th, eu quero acabar com a raça dessa vagabunda. - praticamente gritou
O cara sem paciência alguma meteu um tapa na cara dela que ficou quietinha na hora.
- Fica na tua, caralho. Preciso da garota viva, tá entendendo? - segurou o pescoço dela - Se eu chegar aqui e ela tiver morta ou pior, tu tá fodida.
Ela concordou saindo junto com ele. Eu tava chorando mas era de ódio por não poder acabar com a raça dela, eles tão achando que vão conseguir tomar o morro do meu pai assim fácil mas tão enganados.
Carlos é esperto e tem os melhores soldados, quando perceber que eu sumi, vai traçar um plano com os caras. Eu sabia que ele viria atrás de mim, meu medo era alguém sair dessa machucado.
Espero que ele barre o Victor, vai querer jogar tudo pro alto pra participar da missão e eu não quero que ele estrague tudo que construiu por minha causa. Só de saber que ele tá comigo é o suficiente, pra missão tem os soldados, próprios pra isso.
Maldita hora que eu fui cortar caminho por aquele beco.
meta: +30 votos e +10 comentários (vou lançar a maratona mesmo sem bater a meta mas os outros cap só vou lançar dps q esses baterem a meta)
![](https://img.wattpad.com/cover/305840567-288-k825363.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
OUTRA DIMENSÃO • MC CABELINHO
RomanceMC Cabelinho | "Não esperava que nossos caminhos iam se cruzar logo na nossa favela." Autoral Plágio é crime.