Capítulo 7

210 19 28
                                    

_Como assim você está estudando com Macarena e não me fala nada?

Saray me encurralou enquanto dava a sua carona após as aulas. Apenas revirei os olhos com aquilo e dei mais um trago em meu cigarro.

_Isso não é da sua conta cigana, sabe que quando se trata de um assunto de extrema importância, eu te conto.

Falei enquanto apagava o cigarro no cinzeiro improvisado que eu tinha dentro do carro.

_Sei, saiba que eu e Cachinhos somos um casal agora, então por favor não apronte com a melhor amiga da minha namorada.

Saray realmente me falava sério fazendo com que eu sorrisse ao ver o quão capaz alguém consegue ser no sentido de mudar outra pessoa.

_Na boa, tá tudo na paz e eu só quero que acabe logo, Macarena é chata pra caramba.

Falei enquanto Saray desligava o som do rádio e me olhava pasma, ela agia de  uma forma na qual eu realmente desconhecia.

_Deveria experimentar conhecer Macarena melhor, ela é uma boa pessoa, diferente de nós.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, talvez porque eu não tivesse o que responder a ela naquele momento. Macarena poderia até ser uma boa pessoa, mas suas atitudes e seu jeito meigo me deixava estressada como se ela estivesse forçando tudo isso para gostarem dela.

_o homem é mau por natureza, a menos que precise ser bom.

Saray me olhou confusa sobre a citação de um filósofo no qual eu acabará de fazer.

_Ah sua filha da puta, não vem citar Maquiavel para mim não. Isso não é verdade, Zulema e eu acredito que você sabe disso. E só pra te informar, prefiro Rousseau, ele acreditava que o ser humano nasce bom e que a sociedade o corrompe.

Ri do comentário da cigana, na verdade eram pensamentos distintos para nós e para um todo, todo mundo pensava diferente e acreditava naquilo que mais se parecia com a sua realidade.

_Que seja, achei que duraria no máximo um mês, e pelo visto não. Tem dias que Macarena não pode estudar comigo.

Cigana concordou, era realmente dificil acreditar que eu estudava junto a loira. Eu sempre peguei em seu pé na faculdade, sempre arrumava uma forma de tentar fazer com que ela saísse do sério, mesmo eu nunca ter consigo tal feito.

_Ela é legal, vocês deveriam parar de implicar com ela.

Saray ligou o rádio novamente se reencostando no banco e colocando os pés em cima do mesmo.

_Tá de sacanagem? Tira esses cascos do meu banco, são de couro e custa uma fortuna se você danificar.

Rapidamente comecei a dar batidas em seu ombro para ela se sentar decentemente fazendo com que eu perdesse o controle da direção por um segundo e quase bater em um caminhão.

_Tá doida, presta atenção Zulema.

Saray falou me olhando assustada, confesso que eu também havia me assustado, dei um tapa em sua cabeça vendo a mesma se sentar direito.

_Não fode, se você não ficasse de frescura não teria me distraído, que sirva de lição.

Desviei meu olhar da cigana e voltei a focar na estrada, por mais que eu aparentasse não me importar muito com as coisas e viver cada momento, eu preservava minha vida. Voltamos a ficar em silêncio, Saray fazia sons com suas batucadas em cima do painél.

_Sabia que ela gosta de você?

Ouvi ela quebrar novamente o silêncio e fazer com que eu a fitasse assim que parei no sinal vermelho.

_Ela quem, doida?

Respondi fazendo com que ela parasse de bater com as mãos no painél e me olhar com a cara mais sonsa do mundo.

_Macarena! Mas é uma lesada mesmo heim? De quem estamos falando?

Apenas soltei um "Ah!" e voltei a dirigir ouvindo a cigana ao meu lado insistir.

_Ela te acha uma boa pessoa, acredite. Mesmo que você a machuque com suas brincadeiras, ela acha isso de você. Acredita que algum dia, talvez, você mude.

Revirei os olhos com o sentimentalismo de Saray, ela sabia ser inoportuna.

_Não adianta, não gosto dela e ela é irritante, na próxima manda ela esperar sentada, porque em pé cansa.

Saray riu com meu comentário, apenas a ignorei até porque não tinha nada a dizer, dirigi mais um pouco até estacionar na frente de sua casa.

_A festa dela é esse fim de semana, se quiser ir já sabe... Ela te convidou.

Ela saiu do carro fechando a porta e se debruçando em minha janela.

_Já disse que não vou, e outra acho bom ela se preparar porque se pensa que na festa dela vão ir apenas pessoas do caminho que ela segue, ela tá enganada. Helena espalhou a notícia pro pessoal todo, se preparem para os imprevistos que possam acontecer.

Alertei após dizer a ela sobre os rumores que havia escutado por ali.

_Não brinca! Porque não me disse antes?

Sua voz parecia estar um tanto impressionada.

_Não sei, como eu disse. Fique tranquila que quando for algo importante, será a primeira a saber e aviso com antecedência.

Liguei o carro novamente vendo-a desencostar da porta e dar um tapa na lataria quando comecei a sair dali.

_Mais é uma filha da puta mesmo, torça para nunca precisar de alguém, torça. Puta!

A ouvi gritar ao mesmo tempo no qual lhe mostrava meu dedo do meio a ela, logo cheguei em casa e como o de costune foi preparar algo para comer e só então tomar um banho e me jogar em minha cama depois para descansar.

Peguei meu celular em mãos ao sentir ele vibrar, vi que era a notificação da criação de um grupo no whatsapp feito por Helena entitulado "Cabaré da estranha". Confesso que ri ao ver o nome, mas quando cliquei nas conversas me senti desconfortável, ela combinava com uma galera de ir a festa de Macarena e acabar com a alegria dela.

Algo dentro de mim toparia na hora, mas insinuar para que Fábio a agarasse a força para saber se ela ainda era virgem, passou passou do limite para mim.

"Qual é porra, vocês têm 15 anos ou o que?"

Enviei a mensagem enquanto via Helena me responder no particular.

"Qual é? Vem dizer que não vai ser engraçado?"

Respirei fundo, ela não podia estar falando sério desse jeito.

"Irem lá com bebidas alcoólicas e depravação entre vocês é uma coisa, agora querer que Fábio a agarre contra a vontade dela? Isso é tão quinta série"

Eu detestava esse tipo de "brincadeira" justamente por conta do que já havia passado e querendo ou não por mais que Macarena fosse chata, não merecia passar por esse desconforto.

"Qual é Zulema? Você não perdia a oportunidade de aprontar com ela, o que tem de diferente agora?"

Helena estava realmente me cansando e fazendo com que meu lado agressivo começasse a desabrochar e eu sabia muito bem o quanto era ruim quando isso acontecia.

"Nada, só acho que deveria ser menos idiota. To te avisando, se eu souber que Fábio tocou nela, você e ele vão se ver comigo"

Suspirei após mandar a mensagem, eu não gostava de Maca, apenas era justa o suficiente para ter discernimento nos tipos de brincadeiras.

"Perfeito"

Foi o que recebi e resolvi ignorar, realmente eu não queria me estressar, então somente coloquei o aparelho de lado e resolvi dormir um pouco.


Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora