Capítulo 8

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"Perfeito"

Aquilo não saia da minha mente e eu estava realmente perdendo a paciência com Helena tentando me desafiar, aquela noite não dormi muito bem onde apenas me levantei as 5:00 a.m arrumei minha cama e após tomar um banho demorado fui esperar o sol nascer na varanda do meu quarto enquanto fumava alguns cigarros.

A festa de Macarena seria hoje a noite e como eu havia deixado bem claro sobre  não ir, cumpriria com minha palavra. Essa era uma qualidade em mim, radamente voltava atrás com uma decisão e não seria dessa vez que eu iria quebrar algo.

Suspirei pesadamente ao mesmo tempo  em que apagava o cigarro no cinzeiro, dei meia volta e entrei em meu quarto onde imediatamente peguei a chave do carro junto a arma e saí.

Enquanto eu dirigia até a praia senti meu celular vibrar no bolso e o peguei imediatamente notando o nome de Saray aparecer no visor.

_Diga?

Falei ao atender ouvindo Saray eufórica  do outro lado.

_E ai puta, mudou de ideia?

Balancei a cabeça em sinal negativo, Saray e seu jeito de insistir.

_Nem parece que me conhece, não é não.

Respondi séria enquanto escutava ela rir do outro lado e parar logo em seguida.

_Poxa Zule, Macarena iria gostar.

Bufei, eu já havia deixado claro e detestava quando não respeitavam a minha vontade.

_Falei não e se você insistir eu vou desligar na sua cara.

Mas como ela era Saray com certeza ela continuou até porque ela sabia que nossas brigas nunca duravam e que sempre voltávamos a nos falar.

_Pô Zu, pensa ai... Você mesma disse que Helena havia convidado o pessoal.

Sim eu sabia o que tinha dito assim como também sabia que havia ameaçado quem fizesse algo com a loira, mas como eu disse. Eu sabia, Saray não.

_Cigana, vou pedir educadamente e vê se me entende dessa vez tudo bem?

Ouvi Saray assentir do outro lado da linha enquanto esperava minha resposta.

_Não fode!

Respondi e encerrei a ligação arremessando o telefone no banco do passageiro.

Eu já havia me resolvido com Helena, e seja lá o que fosse acontecer não era responsabilidade minha e Saray também estaria lá.

Depois de pouco tempo cheguei ao meu destino, abri a caixa térmica que estava posta sobre o banco de trás do carro e retirei uma cerveja. Caminhei até a areia e me sentei ali mesmo.

Não gostava de adentrar no mar, então sempre preferi me sentar na areia e beber enquanto admirava toda sua imensidão. Aquilo me trazia paz, o som da água e toda sua intensidade.

Sabe quando dizem que não conhecemos ninguém de verdade? Não estão mentindo. Anos atrás algo me transformou e tornou quem sou hoje e isso se chama dor. A dor consegue nos mudar de uma tal forma que as vezes nos torna impossível voltarmos atrás.

Eu tinha minha vida como disse junto aos meus pais e aquela vida era boa pelo menos no tempo em que um fazia o outro feliz, mas parece que nada é perfeito ou dura para sempre e foi ali que eu aprendi isso.

Então quando as coisas aconteceram depois da separação deles e eu tive que me defender sozinha, passei a acreditar que ninguém além de mim mesma era capaz de me proteger, ninguém! Mas nem tudo é como pensamos ser e no final acabei por descobrir que nem mesmo eu sou capaz de me proteger ou proteger alguém.

Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora