Capítulo 9

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Após sair da casa de Macarena entrei em meu carro e saí dali o mais rápido possível, eu só queria poder encontrar Helena.

Sentia meu sangue percorrer por cada veia em meu corpo por conta da adrenalina, nesse momento eu nem sequer me importava em respeitar as leis de trânsito.

Fiquei por horas perambulando pelas ruas em busca dela, já havia ido até em sua casa, mas a essa altura Fábio já deveria ter a alertado o que aconteceu naquele quarto e ela estaria com medo sobre o que eu disse que iria fazer com ela caso isso fosse acontecer. E bem, costumo não falhar com minhas palavras.

Por um momento desisti de procurar e até agradeci por isso pelo simples fato de deixa-la sentir a sensação de que eu estava blefando e depois pegá-la e confronta-la.

Novamente parei o carro na frente da casa de Macarena, todas as luzes estavam apagadas a não ser a de seu quarto, fiquei ali no carro por meia hora mais ou menos tentando entender tudo aquilo que havia acontecido. Eu nem me importava com ela, porque diabos eu estaria estacionada na frente de sua casa na angústia de saber como ela estava.

"Tu tu tu"

Assustei ao ouvir três batidas em meu vidro, olhei para o lado e suspirei aliviada ao notar que era Saray, abri a porta para que ela pudesse entrar.

_Vai assustar a puta que o pariu.

Resmunguei vendo-a entrar e sentar no banco do passageiro.

_Foi mal, é que vi seu carro pela janela da sala, de início achei que você fosse embora mas isso já tem meia hora Zule. O que houve?

Sua voz soava séria, ela realmente me conhecia porém nessa altura somente ela sabia o que estaria por vir, digo ela, porque eu não iria admitir.

_Helena me paga!

Falei cerrando os dedos contra o volante sentindo Saray tocar meu ombro.

_A loira nos contou o que aconteceu, Cachinhos está lá com ela.

Suspirei soltando as mãos do mesmo as repousando em meus bolsos da blusa de frio que usava.

_Como ela está?

Perguntei vendo um olhar admirado de Saray, talvez por que pela primeira vez eu havia mostrado preocupação com a loira.

_Arrasada, sabe como ela é e também preocupada com você. Porra Zulema, você apontou uma arma para o Fábio mesmo?

Saray me questionou em tom de surpresa.

_Sim!

Falei tranquilamente como se fosse algo normal.

_Helena tem algo a ver com isso?

Assenti com a cabeça vendo a cigana se surpreender.

_Porra, por isso falou que se eu a encontrasse era para te chamar. Zulema isso é bastante sério, não pode sair por ai ferindo as pessoas.

Por um momento meu êxtase se passou e voltei a sentir a raiva dentro de mim.

_Não posso ferir ninguém? E aquela vaca pode me desafiar? Pode pedir para seus amigos pegarem alguém a força, Saray...

Suspirei antes de continuar e pude notar a cigana me olhar.

_O que teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo?

Pude notar ela fazer um sinal negativo com a cabeça e dando de ombros.

_Tem razão!

Ela respondeu concordando comigo.

_Eu jamais me perdoaria.

Por fim acabei por contar tudo a Saray, o grupo de Helena, que eu já havia avisado a ela e a audácia de me provocar, contei tudo mesmo.

Ficamos ali por mais um tempo, até ela receber uma mensagem de Kabilla dizendo que Macarena havia dormido.

_Kabilla precisa ir para a casa, minha sogra tem Alzheimer sabe como é né?

Por um momento hesitei, fiquei ainda olhando a casa de Macarena.

_Podem ir, eu fico com ela.

Saray mais uma vez me olhou horrorizada, talvez desacreditando de minhas palavras.

_Tá de zoação, só pode.

A olhei confusa.

_Tá maluca Cigana?

Retruquei vendo ela rir.

_Antes a maior oportunidade que tinha de estar longe dela, você vazava. Agora quer ficar com ela.

Saray gargalhou e por um lado ela estava certa, mas deveria entender que eu queria vingança por Helena ter me desafiado.

_Vai se foder!

Saray saiu do carro e eu a acompanhei até entrarmos na casa da loira, Cachinhos havia descido e disse que ela dormia e me agradeceu por ficar com ela. Acabei por emprestar meu carro para que elas fossem embora.

Fiquei sentada na sala por um tempo criando coragem para subir, eu estava sem sono e era muito provável que eu ficasse com um cão de guarda.

Com muita luta optei por dar uma olhada na loira a porta de seu quarto estava entre aberta novamente e o quarto era iluminado por um pequeno abajur enquanto a mesma parecia dormir tranquilamente.

Caminhei lentamente até sua cama e fiquei observando seus traços e por um momento imaginei que aquela filha da puta realmente conseguia ser bonita.

Em um movimento rápido e talvez inconsciente leve minha mão até seu rosto deslizando meu polegar por sua pele pálida retirando alguns fios de cabelo loiro que caiam por ele.

Macarena involuntariamente se mexeu abrindo os olhos um pouco assustada, mas logo se recompôs ao me ver ali.

_Sou eu loira.

Falei de imediato a acalmando.

_Olá Zahir, pensei que havia ido embora.

Sua voz soou baixo o suficiente para que eu pudesse ouvir.

_Eu fui, mas voltei. Queria saber como estava.

Pela primeira vez usei a sinceridade com ela.

_Onde está as meninas?

Ela perguntou ainda sonolenta, fazendo com que eu me sentasse na cama.

_Precisaram ir, vêm... Deita ai, vou ficar aqui contigo.

Respondi e pude vê-la assentir, Macarena se deitou novamente virando de costas para mim dessa vez, onde apenas novamente por impulso alisei suas costas.

A alça do seu baby doll escorregou deixando o topo de suas costas nuas, a pequena luz do abajur refletiu em sua pele palida mostrando novamente as marcas roxas, por um momento toquei-as com a ponta do dedo. O que diabos eram aquilo?

Macarena já havia caído no sono e dessa vez profundamente, por curiosidade procurei mais manchas em suas costas e vi que haviam algumas ali.

Alguém a machucava?

Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora