Capítulo 2

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Minha mãe havia me deixado em paz por um tempo e por incrível que pareça  faziam alguns dias que ela não aparecia em casa.

Eu continuava a faltar as aulas da faculdade no qual custei a me formar anos depois, e olha que custei mesmo. Macarena continuava impecavelmente estranha como o de costume segundo o que Saray e Helena me contavam, aquela garota chamava minha atenção, quando digo atenção, me refiro a forma como ela agia e parecia ser, ou ela realmente era assim 100% do seu tempo ou ela mentia muito bem e sabia manipular.

Os negócios não andavam muito bem, não se fazem parceiros como se faziam antigamente, os atuais não seguem o plano como deve ser planejado e não arrisco mais levando Saray comigo.

Então até arrumar uma nova equipe, resolvi dar uma pausa ao freelance que me ajudava com uma grana extra.

_Eu acho que você consegue recuperar.

Saray me falava enquanto seguiamos corredor adiante em rumo a sala.

_Tô pouco me fodendo se não recuperar, também.

Retruquei-a vendo a mesma revirar os olhos, Saray e eu nos entendiamos muito bem, poderia dizer que ela sim era o mais próximo de família que eu poderia ter.

_Olha, escorpião. Sinto lhe informar, mas não irei ao bar contigo esse fim de semana.

Ela soltou fazendo com que eu a olhasse incrédula, Saray nunca deixava de ir beber comigo, porquê diabos agora mudaria seu esquema?

Notei que a cigana deu uma gaguejada para me responder, ali eu sabia que talvez tivesse um concorrente.

_Então, lembra de Kabilla?

Como me esqueceria de Kabilla? Saray era apaixonada nela desde quando nós nos escrevemos no curso de direito.

_O que tem ela?

Arqueei a sobrancelha enquanto entravamos na sala e caminhavamos em rumo as cadeiras nos sentando uma ao lado da outra.

_Vou sair com ela e...

Ela novamente deu uma pequena pausa enquanto abria seus livros.

_E? Desembucha cigana.

A encurralei, fazendo com que ela finalmente me olhasse e respondesse antes de o professor adentrar a sala.

_Vamos na missa pela manhã, então não beberei.

Quando pensei em responde-la o professor pegarreou anunciando o inicio das aulas, Saray era cigana, o que me fez pensar sobre o que um rabo de saia não é capaz de fazer, não é  mesmo? Apenas assenti para ela que sorriu por conta da minha incapacidade momentânea de questiona-la.

As aulas demoraram para passar e quando me dei conta havia acabado de acordar de um cochilo, eu sabia que se não me empenhasse iria ficar bem atrasada e não adiantaria pagar as reprovas. Olhei ao redor e vi o pessoal se levantar anunciando o fim da aula, quando ameacei fazer o mesmo para finalmente questionar Saray, a cigana me encarava em pé ao lado de Kabilla que a esperava.

_Te vejo depois, elfo.

Ótimo, minha melhor amiga me trocava definitivamente. Terminei de pegar meus livros e me levantei finalmente caminhando para fora da sala.

_Porra, presta atenção.

Falei um pouco alterada ao esbarrar em alguém e me abaixar para pegar minhas coisas. Aquilo não era muito comum e eu estava saindo dali tentando decidir se continuaria para assistir as proximas aulas, ou iria curtir o restante do dia na praia?

_Foi você quem esbarrou em mim.

A voz dela fez com que eu levantasse o olhar para me certificar de quem seria e ter minha própria conclusão.

_Ahhh, você!

Falei desanimada enquanto me levantava após pegar meus livros, Macarena fazia o mesmo visto que se levantou minutos depois.

_Acredito que sim, Zahir. Ainda sou eu!

Ela me deu um de seus sorrisos fazendo com que eu revirasse os olhos e lhe desse as costas pronta para sair dali.

_Otimo, Zulema. Agora a estranha vai tirar onda com sua cara.

Falei mais para mim mesma ouvir porém tinha certeza que Macarena tinha escutado também até porque ela parecia me queimar com o olhar.

_Zulema?

Sua voz me chamou fazendo com que eu me virasse para olha-la.

_O que foi loirinha?

Dessa vez foi ela quem revirou os olhos ao me escutar chama-la assim fazendo com que eu segurasse um riso.

_Embora eu fosse lhe contar que nossas amigas estão juntas, não temos intimidade alguma para me chamar assim, já lhe disse que para você e especialmente você, meu nome é Macarena, só Macarena.

Não pude negar que eu gostava de estressa-la, Macarena não se deixava alimentar pela fúria por muito tempo, ela logo cedia a boa samaritana que era e ficava em paz com seja lá quem a deixasse brava e com ela mesma.

_Não é da minha conta, problema delas.

Falei lhe dando as costas novamente, mas logo a ouvi concordar.

_Pode até ser, mas são nossas amigas e devemos apoiar, inclusive vi que está com problemas na matéria.

Novamente parei de andar notando que a mesma me seguia, olhei para os lados antes de encurralar ela na parede.

_Isso não é da sua conta, para de me acompanhar e mais uma vez lhe digo, problema todo delas.

A garota ficou em silêncio somente me olhando enquanto minha mão segurava firme seu ombro a encostando na parede. Seu olhar se prendeu no meu fazendo com que mantessemos contato visual, Macarena não piscou momento algum, ao contrário pareciamos petrificadas. Eu jurava que poderia ver sua alma através de seus olhos esverdeados, e porque não? Os olhos são as portas da alma, não é o que costumam dizer?

Por um momento me vi perdida e sem saber o que fazer, mas logo tomei uma reação ao ver que o corredor estava ficando movimentado visto que outras salas haviam sido liberadas, soltei o ombro de Macarena que ainda me olhava incrédula, e sai dali o mais rápido possivel sem manter contato visual novamente.

Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora