Capítulo 6

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Hoje seria o dia em que Macarena iria me ajudar com os estudos, eu já havia chego em casa da faculdade onde me surpreendi com a ausência da loira nas aulas, ela nunca faltava e isso fez eu estranhar tal acontecimento, sem contar  que o combinado seria eu ir até onde ela morava. Não questionei até porque quem precisava dela era eu e sendo assim teria que aceitar o que ela iria impor.

Preparei algo para comer e após almoçar dei uma rápida organizada na casa, peguei os materiais necessários para nosso estudo e segui rumo a sua casa. O lugar era calmo e o jardim tinha a grama bem aparada onde talvez pensei ser seu irmão que cuidasse dela.

Por um instante paralisei ali dentro do carro, não tira coragem de sair de dentro dele e foi quando meu celular vibrou me mostrando uma notificação de mensagem, era Macarena.

"Estou te esperando, quando chegar toque a campainha".

Não sei porque mas senti um gelo percorrer minha espinha, tirei a arma que eu carregava da cintura a colocando dentro do porta luvas, não queria assusta-la e isso ocasionar em sua mãe me expulsando de sua casa e eu ficar sem meus estudos extras. Enfim ascendi um cigarro o tragando, aquilo me trazia paz.

Sai do carro dando meu último trago no cigarro e o jogando dentro da lixeira após me certificar que estava apagado, segui em direção a porta de sua casa e novamente fiquei imóvel por alguns míseros segundos, aquilo era novo para mim. Respirei pesadamente rindo de meus pensamentos.

"Vamos Zulema, é só uma campainha e você está na casa da reverenda da cidade"

E foi dessa forma que a toquei e aguardei que fosse atendida, logo Encarna abre a porta e me olha de cima a baixo com uma feição séria.

_Saiba que eu não concordei com isso, Zahir!

Encarna proferiu dando espaço para que eu entrasse dentro de sua casa.

_Eu imaginei.

Falei para que só eu escutasse no mesmo tempo que eu observava a sala na qual estava, ali continha tudo aquilo no qual eu desacreditava, crucifixos, imagens e até mesmo Jesus. Pedi para que Alá me perdoasse antes mesmo de saber o que viria a acontecer.

_Macarena já está descendo, sente-se e a espere.

Encarna falou ríspida e eu percebi ali que ela não gostava nem um pouco de mim e quer saber? Eu não me importava com isso, só queria mesmo era não reprovar novamente e recuperar as notas. Depois tudo voltaria ao normal.

_Obrigada.

Forcei simpatia e percebi que a mais velha havia entendido ainda me cerrando com o olhar.

_Olha, Zulema. Realmente não me agrada sua presença aqui mas Macarena insistiu muito para que eu aceitasse. Minha filha tem um coração bom e grande o suficiente que mal cabe dentro de seu peito onde aceitou te ajudar,  então eu espero que você não falhe,  saiba que se isso acontecer você vai se entender comigo, estamos entendidas?

Encarna falava seriamente e confesso que senti firmeza em sua voz, mas não me deixei intimidar, logo fomos tiradas de nossa conversa ao vermos Macarena descer as escadas vindo ao nosso encontro.

_Oh, você chegou faz muito tempo?

Sorriu para mim fazendo com que eu olhasse para Encarna e depois para a loira.

_Não meu amor, ela acabou de chegar. Eu estava dizendo a senhorita Zahir que você estava quase descendo.

Encarna sorriu para a garota beijando sua testa e me dando um olhar intimidador.

_É isso ai, loira.

Confirmei olhando a mais velha ainda me confrontar. Encarna poderia ter se mostrado convicta em suas palavras e até mesmo rude, mas o seu modo de tratar Macarena era genuíno e estranhamente protetor.

_Vou preparar o sermão de domingo, fiquem a vontade.

Ela falou fazendo com que concordassemos e ela sumisse de nossa vista.

_Desculpe minha mãe, Zahir. Ela só quer me proteger.

Macarena falou em tom baixo confessando para mim que havia escutado a intimidação de sua mãe para com minha pessoa.

_Tá, tá. Tanto faz loira, só quero que possamos começar logo, o quanto antes começarmos, mais rápido saio daqui.

Falei observando ainda a decoração de sua sala, Macarena sorriu para mim novamente. Ela vestia uma camisa de manga comprida fina, e estava pálida.  Por um momento e curiosidade quis perguntar o porque ela teria faltado a aula hoje cedo, mas acabei por me conter ao me certificar que não era da minha conta.

Permanecemos ali na sala mesmo, Macarena se dedicava para me informar sobre o que deveria ler e fazer, ela tinha uma paciência danada. Hora ou outra eu olhava em direção ao escritório de sua mãe onde sentia seu olhar pairar sobre nós e a maior prova disso era a sua porta que permanecia aberta.

Ficamos ali por algumas horas, talvez se eu me dedicasse isso duraria no máximo um mês, Macarena percebeu meu desconforto olhando a decoração da sala a cada minuto.

_Algo de errado?

Sua voz irritantemente doce soou fazendo com que eu a olhasse.

_Sim, sirvo ao islamismo.

Respondi séria vendo a mesma sorrir meigamente.

_Se preferir podemos escolher um outro lugar para estudarmos, onde se sinta a vontade da próxima vez.

Bufei com aquilo, era inacreditável a forma como ela queria sempre ter uma solução para tudo.

Não a respondi, apenas concordei com aquilo. Estudamos por mais um tempo antes de eu decidir ir para casa, precisava descansar e notei também que Macarena estava cansada.

_Obrigada por ter vindo, Zahir. Até a próxima.

Macarena falou parada em frente a porta, por um momento vi a manga de sua blusa descer e algumas marcas roxas aparecer em sua pele pálida o suficiente. Ela pareceu perceber meu entretenimento e rapidamente desceu a blusa cobrindo-as.

_Tanto faz.

Falei dando as costas e caminhando em direção ao carro, logo ouvi a porta da casa sendo fechada e me virei para conferir. Macarena havia entrado, suspirei aliviada e segui para onde eu iria.

Adentrei o veículo dando partida no mesmo, peguei minha pistola no porta luvas e a coloquei na cintura novamente. Eu só sabia de uma coisa aquela noite, a familia Ferreiro em si era estranha.


Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora