Capítulo 4

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E não era que ironicamente eu iria precisar da loira? Eu precisava de ajuda com as matérias das quais fui reprovada, precisava estudar e ela querendo ou não era a melhor da turma visto que Saray só quer saber de Kabilla.

De início pensei que seria apenas fogo no rabo da cigana mas ao notar que a mesma frequentava as missas de domingo me fez ter a visão de que as coisas estavam sérias entre elas.

Hoje era domingo e eu estava nesse exato momento sentada no capô do carro bebendo uma cerveja enquanto admirava a beleza do mar, eu gostava de ficar sozinha com meus pensamentos até porque ver e conviver com o ser humano em si me causavam estresse.

Além das minhas notas na faculdade eu tinha outros problemas que me incomodavam e um deles era meu pai, eu não tinha notícias dele há alguns dias e no mundo errado não ter notícias não é um bom sinal. Minha opinião sobre ele sempre foi bem neutra, até porque ele nunca foi tão presente, mas quando precisei ele estava lá para mim e não desacreditou de nenhuma palavra que eu tivesse dito. Atualmente a única recordação que tenho dele é uma pistola prateada a qual sempre carrego junto a mim, a mesma arma que eu matei o porco que havia me tocado anos atrás e esse era o motivo de eu ter vindo para Espanha.

Minha cerveja já havia acabado e quando cogitei jogar a garrafa ao chão a voz doce e irritante de Macarena ecoou em minha mente "Jogue-a no lixo, Zahir" sorri com tal pensamento, como era possível existir uma pessoa dessa forma? Tão chata! Eu não sabia, mas optei por levar a garrafa comigo e jogá-la no lixo de casa e assim o fiz.

Quando cheguei estacionei meu carro na garagem e adentrei com a garrafa entre os dedos a jogando no lixo da cozinha, estava exausta, haviam tantas coisas que eu deveria fazer mas eu resolvi apenas tomar um banho demorado para relaxar antes de preparar algo para comer.

Tempos depois sai do banheiro secando meus cabelos na toalha branca, meu celular ligou a luz do visor na cama mostrando que Saray havia mandado uma mensagem se desculpando por hoje, me sentei na cama para responde-la. Eu estava feliz por ela, por ter encontrado alguém que a fizesse bem, se tem alguém que merecesse isso era ela.

As vezes eu achava que deveria fazer a mesma coisa, sair, curtir, pegar pessoas. Mas só o fato de saber que para fazer isso preciso conhecer gente nova me dá uma preguiça. Tem a Helena também, quando quero transar eu a chamo e tudo se resolve, então não preciso me enroscar com ninguém, não agora e não tão cedo.

Quando eu ia colocar o celular em cima da mesa de cabeceira, notei que ali havia um pedaço de papel com um certo número anotado, eu havia tirado do painél do carro e o colocado ali caso fosse precisar um dia. Revirei os olhos até porquê eu estava prestes a fazer algo onde eu certamente não iria me submeter se fosse outra ocasião.

Salvei o número de Macarena em meu whatsapp e por incrivel que pareça a loira estava online, sorri com aquilo até porque era dificil acreditar que ela tivesse amigos fora o pessoal da igreja ou Kabilla.

"E ai varoa"

Mandei para ela na expectativa de zoa-la.

"Desculpe-me, quem é você?"

Ela me respondeu fazendo com que novamente eu sorrisse, Macarena era hilária e novamente se passava em minha cabeça como era possível existir alguém assim?

"Não lembra de mim, baby?"

Enviei para ela aguardando a sua resposta.

"Você deve estar me confundindo com alguém, não entrego meu número para qualquer pessoa"

Maravilha, eu era especial para ela então? E de uma forma mega irônica me senti lisonjeada por isso.

"Bom saber que eu não sou qualquer pessoa, Rúbia "

Respondi me entregando enquanto via ela digitar, eu sabia que a garota iria se irritar comigo por conta da brincadeira mas eu não me importava. Macarena já digitava por algum tempo porém a mensagem não chegava até mim.

"Qual é loira? Vai queimar o pé? Foi só uma brincadeira"

Mandei novamente ao notar que a mesma havia ficado offline.

Confesso que me incomodei com aquilo, ela iria me ignorar? Isso era sacanagem, deve ser o fim do mundo ser ignorado por alguém como ela, significava que eu realmente estava em um outro patamar nessa história.

Terminei de secar meu cabelo e resolvi descer para preparar algo para comer, resolvi fazer uma lasanha no microondas mesmo o que seria bem rápido, após terminar de esquentar fui até a sala me sentando no sofá para assistir algo na tv enquanto eu jantava, não fiquei lá muito tempo, somente o necessário para comer.

Quando voltei ao meu quarto a luz do ecrã estava ligada mostrando uma notificação de mensagem da Macarena.

"Olá Zahir, não estou zangada só achei estranho a forma como a mensagem foi escrita, não percebi que era você pela ausência da sua foto de perfil e pelo visto vai continuar me chamando assim, não?"

Eu sorri com a mensagem, aquela garota realmente era estranha, sua inocência gritava.

"Eu te chamo da forma que eu quiser, não se sinta especial não"

Novamente o online anunciava que ela teria visto minha mensagem.

"Tudo bem, Zahir. Aliás se me chamou para auxilio nos estudos, podemos marcar um horário. Agora preciso dormir, até mais"

Macarena sabia ser direta também quando queria e isso me causava dúvidas sobre sua possível falsa inocência, balancei minha cabeça de forma negativa colocando o aparelho sobre a mesa de cabeceira. Eu a chamei nessa intenção e eu iria aceitar sua ajuda com as reprovas.

Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora