Capítulo 38

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Depois de muito relutar, estávamos no avião rumo a Salt na Jordânia, decidimos que Saray e Kabilla iriam conosco nessa viagem. Maca e eu sentavamos uma ao lado da outra nas poltronas, a loira parecia estar cansada o bastante e descansava sua cabeça encostada em meu ombro enquanto mantinha Anthony firme em seus braços que também dormia junto a sua manta azulada o protegendo do ar condicionado.

Fiquei observando os dois por um instante e me perguntando se aquela viagem era o certo a se fazer visto que tudo foi feito de última hora, afastei delicadamente a loira de meu ombro passando o braço por trás de seu pescoço para que ela deitasse em meu peito de uma forma mais confortável.

Lentamente olhei para o lado e pude ver que Kabilla e Saray também estavam dormindo, apenas sorri com aquilo, estávamos em família.

Na Jordânia as mulheres devem se vestir de forma comportada por causa da crença do país e suas regras, estrangeiras não tem obrigatoriedade em usar burcas, porém calças compridas e camisas sem decotes.

Olhei para o relógio e vi que faltava pouco para pousarmos ainda mais ao constatar a visão das praias do mar morto fora da janela.

Cuidadosamente alisei os cabelos de Macarena fazendo com que ela despertasse de seu sono me olhando e sorrindo graciosamente e em seguida se ajeitando e arrumando Anthony em seus braços.

_Já chegamos? Perguntou sonolenta enquanto assentia.

_Quase, não falta muito. Após respondê-la ouvimos o piloto avisar que iríamos aterrissar e as comissárias de bordo pedirem para apertarmos os cintos.

Uma pequena turbulência era possível ser sentida, percebi Saray acordar assustada o que me fez segurar o riso, Macarena se aninhou ao meu lado onde segurei sua mão a tranquilizando-a.

Não demorou muito para o trem de pouso alcançar a pista ao aterrissar, saímos do avião tempos depois e fomos em busca das nossas malas.

_Você um dia me paga por me fazer passar por isso. Saray falava enquanto caminhavamos.

_Tá reclamando do quê? Está vindo com tudo pago! Retruquei e ela deu de ombros.

Após pegarmos as bagagens fomos pedir um táxi para que nós levasse ao hotel onde estávamos hospedadas.

_Fica longe esse hotel? Kabilla perguntou e eu neguei.

_Até que não. Respondi enquanto dava sinal para um deles.

O taxista se aproximou e logo colocou nossas malas no bagageiro, entramos no carro e eu sentei do lado do passageiro informando o endereço do hotel contando que somente eu falava árabe.

Quando viemos alertei as meninas sobre os costumes daqui e principalmente a recepção que tinham com o pessoal lgbt. O país tinha suas regras e não era possivel qualquer demonstração de afeto em público, não era proíbido, desde que fossem feitos dentro de quatro paredes, as penas para quem violasse essas leis eram rígidas desde a prisão até a condenações mais severas.

O motorista ficou em silêncio, somente olhava para o retrovisor hora ou outra observando as garotas, logo chegamos ao nosso destino paguei o taxista após ele retirar nossas malas de dentro do carro, fomos até a recepção onde me indentifiquei para pegarmos as reservas e os cartões de acesso do nosso quarto. Entreguei o de Saray e Kabilla que ficariam no quarto ao lado do nosso, fomos em rumo ao elevador onde os funcionários do hotel levariam nossas malas até nossos quartos.

_Nos vemos mais tarde. Macarena falou para as garotas enquanto abriamos a porta para que o rapaz colocasse nossas malas.

Assim que ele colocou lhe dei uma gorjeta e fechamos a porta por trás da gente. O quarto era aconchegante e acompanhava uma cama kingsizze onde obviamente Macarena me lançou um olhar enquanto colocava nosso filho adormecido em cima dela.

_Não se preocupe, podemos providenciar algo para ele dormir. Falei e ao mesmo tempo a vi sorrir.

Caminhei até a varanda do quarto onde tínhamos a visão magnífica do mar morto, e foi quando senti Macarena chegar de mansinho e me abraçar de lado.

_É lindo! Exclamou enquanto ficava na ponta dos pés para beijar meu queixo.

_Realmente, têm lugares maravilhosos por aqui com vistas incríveis loira. Falei a apertando no abraço.

Macarena suspirou me abraçando de frente, estávamos cansadas o suficiente por conta da viagem e se não bastasse Saray tinha inventado de sairmos para beber a noite.

_Vai querer ir no bar mesmo? Ou daremos uma desculpa para cigana? Questionei vendo-a sorrir.

_Para mim tudo bem irmos, Zulema. Ela falou animada e eu a apertei no abraço.

_Se quiser posso usar uma desculpa. Arqueei as sobrancelhas a fitando.

_E qual seria? Perguntou ainda em meus braços.

_Sei lá, temos um bebê inquieto e uma mãe com os seios doloridos por conta do leite acumulado. E outra para que vou a um bar se não posso beber? Falei e a vi gargalhar fazendo com que eu a soltasse.

_Maldade, Zulema! Ela falou e eu dei de ombros.

_Não seria maldade se fosse para passar o resto da tarde deitada ao seu lado. Argumentei e ela concordou.

_Mas se quiser podemos ir, eu também não bebo. A voz da loira soou firme e séria, mostrava que ela queria ir e estava animada.

_Tudo bem então cariño, podemos ir ao bar se quiser. Falei me aproximando dela e selando nossos lábios antes de me deitar naquela cama.

_Não quero ir se você não quiser. Ela falou e eu ri da sua resposta.

_Eu quero ir, mas no momento só quero descansar um pouco e quando eu disse que é dolorido ficar com o peito cheio de leite, falava sério. Falei e ela se sentou ao meu lado na cama.

_Havia me esquecido que demos fórmula pra ele no avião e locais públicos, me desculpa. Macarena falou se deitando ao meu lado. _Quer que eu o acorde? Até porque ele dormiu bastante e precisa guardar um pouco desse sono para quando for a noite.

Concordei com ela e lentamente a loira o pegou acordando-o, Anthony era um pouco ranzinza quando o acordavamos e com isso ouvíamos os seus resmungos enquanto abria os olhos fazendo beicinho.

_Eu diria que ele se parece comigo quando acordo. Falei enquanto ela o entregava a mim.

Realmente essa situação era complicada e só quem era mãe sabia, os seios sensíveis quando enchem demais e doloridos, ou quando se aproxima da hora da cria mamar.

_Ele tem mais do seu jeito do que de mim. Macarena falou.

_Mais uma coisa ele tem em comum contigo loira. Falei séria enquanto Anthony mamava.

_O que? Ela perguntou inocente.

_Ele é tão fã dos meus peitos quanto você. Macarena sorriu batendo de leve em meu braço.

_Para de dizer essas coisas perto dele, essa idade são umas esponjinhas. A loira falou e eu ri da sua reação.

Ficamos ali no quarto até que o sol resolvesse  se por e fossemos nos arrumar para sairmos, eu precisava me distrair até porque amanhã encontraríamos meu pai.





Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora