Capítulo 13

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Naquele dia a única coisa no qual eu queria fazer era, voltar no tempo. Mas porque? Pelo simples fato de me arrepender de tratá-la da forma que eu tratava, queria ter sido diferente. Quem sabe talvez éramos um casal hoje em dia?

A idéia de ao menos pensar em perder Macarena, me machucava é era como se minha alma fosse dilacerada em diversas partes e nenhuma ao menos sequer conseguia ter uma parte dela.

Fiquei estacionada questionando o porquê de tudo isso acontecer e me esqueci de quantas vezes acabei por socar aquele volante por conta da raiva. Eu só queria proteger e cuidar dela, só queria uma solução.

Liguei o carro e sai dali o mais rápido que pude e quando me vi eu estava parada em frente a casa de minha mãe sem ao menos saber se aquilo era certo ou não, foi como se mesmo que eu não quisesse procurá-la, algo em mim resolveu que seria melhor vir pra cá.

Respirei fundo sentindo minhas mãos ainda trêmulas e o coração acelerando a cada vez mais, desci do carro batendo sua porta com toda força e caminhei a passos largos até a entrada de sua casa.

_Vamos, atenda!

Eu falava enquanto tocava a campainha e olhava para o alto para ver se ela aparecia na varanda.

Minha impaciência era notória, ainda mais quando eu apertava aquela campainha diversas vezes e ainda complementava batendo na porta.

Foi quando a porta se abriu mostrando minha mãe com um roupão em volta do corpo, sonolenta por conta do horário, talvez eu tivesse ficado na frente da casa da loira tempo o suficiente para escurecer.

_Zulema? O que foi querida?

É sempre assim não é? Seguramos o choro, mas quando nos fazem essa pergunta nossa pose sempre cai fazendo que seja impossível continuar a segurar.

Eu não falei nada apenas chorei e me aproximei aceitando com que ela me envolvesse em seus braços, me abraçando.

_Filha, o que houve?

Sua voz preocupada falava e eu só sabia soluçar e chorar enquanto ela me guiava para dentro e me sentasse no sofá.

Não a respondi, somente chorei tudo o que estava segurando e eu me odiava por estar sendo tão vulnerável, minha mãe ficou em silêncio apenas me observando e esperando o meu momento de falar em visto que eu não havia respondido.

Foi quando tomei o ar em meus pulmões e bebi o copo de água no qual ela havia trazido para mim, finalmente criando forças para conter as lágrimas.

_Ela está morrendo!

Falei enquanto bebia o restante da água sentindo sua mão segurar meu ombro.

_Ela quem querida?

Minha mãe perguntou confusa enquanto eu colocava o copo de volta em cima da mesa de centro da sala e a olhasse.

_Macarena!

Minha mãe arregalou os olhos, talvez pelo fato de não ser algo muito comum eu aparecer em sua porta chorando por causa de pessoas.

_O que você fez Zulema?

Minha mãe se levantou assustada levando as mãos até a cabeça confusa, talvez pensando que eu tivesse feit algo de ruim a loira.

_Não, não. Tá maluca? Não fiz nada não,  ela tá morrendo porquê o Deus dela é injusto eu não tenho nada ver com isso.

Minha mãe aparentou estar aliviada e se aproximou de novo.

_Me explique melhor para que eu possa entender e principalmente entender o motivo pelo qual Macarena é importante para você, Zulema em tanto tempo só vi você chorar assim...

A cortei imediatamente até porque não queria ficar enraivecida por conta desse assunto, eu queria era me abrir e poder confiar em minha mãe uma vez na vida.

_Não ouse tocar no nome dela, por favor!

Falei em uma súplica, Fátima era tudo o que eu tinha de mais importante e ali notei que Macarena também seria importante para mim até  porque só ousei chorar na vida quando a perdi.

_Só espero que um dia você possa me perdoar.

Minha mãe falou, eu realmente estava ali em paz, com uma bandeira branca estendida, eu só queria alguém para desabafar e eu sei que poderia ter feito isso com Saray, mas algo em mim fez eu dirigir até aqui ao invés de ir para a Cigana.

_Se eu não tivesse te perdoado, acha que eu estaria aqui ou te aceitaria na minha casa?

Falei arqueando as sobrancelhas e dizendo o óbvio, no fundo eu tinha perdoado minha mãe.

_Obrigada por se esforçar.

Ela sorriu tocando minha mão.

_Macarena é importante para mim, confesso que no começo ela não me interessava, mas agora, agora não consigo me ver sem a sua presença. E isso me enlouquece até porque nunca senti isso por alguém antes.

Falei percebendo que ela prestava atenção em mim.

_Talvez isso se chame amor, Zulema.

Será mesmo? Paixão eu até aceitava, mas amar era muito para mim.

_Não a amo!

Afirmei vendo minha mãe sorrir.

_Tem certeza? Você dirigiu por quarenta minutos e veio até minha porta alguém que você costuma evitar, chorando por causa de uma pessoa que está prestes a morrer, se isso não é amor Zulema, eu não sei como podemos chamar.

Talvez ela tivesse razão e eu realmente a amava.

_Pode ser que eu a ame, o que eu faço?

Estava perdida eu só queria fazer algo a respeito, cuidar dela.

_O que ela tem?

A pergunta finalmente saiu de seus lábios.

_Leucemia.

Falei enquanto via sua feição mudar demonstrando pena.

_Tem alguns tratamentos, médicos, medicações. Você sabe o que já foi feito?

Neguei com a cabeça, não sabia exatamente nada sobre ela ou a doença.

_Não sei de nada, ela jogou isso pra cima de mim hoje, não sei nada sobre o acontecido.

Minha mãe suspirou se aproximando de mim tocando meu ombro novamente.

_Vai atrás dela, conversem Zulema. Deixe tudo esclarecido, vai ser o melhor a ser feito por agora e só depois de você ter feito isso, descobriremos uma forma de tentar ajudá-la. Conheça-a, se não o fizer e se o pior acontecer, vai se arrepender disso o resto da vida.

No fundo aquela velha tinha razão, não sabiamos muito sobre a outra e precisavamos disso e era isso o que eu iria fazer, conquista-la da forma certa. Eu não iria perder mais ninguém, não agora!

_Obrigada.

Foi o que falei logo após assentir e pegar as chaves do carro.

_Não se esqueça de falar sobre o que sente, confie! Eu vou procurar especialistas.

Ela falou enquanto me levava até a porta.

_Não se preocupe com dinheiro, sabe que papai me manda a quatidade que eu quiser, não sabe? Veja o melhor!

Minha mãe concordou e beijou minha bochecha vendo eu entrar no carro.

_Estou orgulhosa de você.

Ela falou assim que dei partida no motor.

_Eu também estou.

Falei saindo dali e voltando a casa da loira.







Surrender ZURENA (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora