5° Capítulo

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— Eu me formei em medicina,sou Cardiologista- Médico cirurgião mas eu me afastei do cargo porque não consigo mais operar__Rafael diz e só em falar vejo uma de suas mãos conter sua outra mão que está tremendo__estou com um problema psicológico e não consigo controlar__.

Lembro que o sonho dele era ser Cardiologista - Médico cirurgião,e ele tinha alcançado,fico desapontada quando comenta do tremor nas mãos e imagino que algo tenha acontecido,já li algumas pesquisas sobre esses tremores e sei que é totalmente psicológico.

O que houve para sentir esses tremores,Rafael?__indaguei,já sei muito bem que não tem como alguém ficar assim do nada,eu sabia que tinha um motivo__.

— Eu não consegui operar ela__ele diz e lágrimas tomam o seu rosto__eu amava Helena e estávamos juntos há pouco mais de 2 anos, não casamos no cartório porque ela sonhava com algo grandioso demais e queria a festa dos sonhos,eu estava juntando dinheiro para realizar o sonho dela e então tivemos uma surpresa,ela estava grávida da nossa filha.No meio dessa gestação, Helena começou a apresentar dores no peito e fazendo alguns exames descobrimos que tinha algo grave diretamente no coração e precisava ser operada imediatamente__.

Ele parou e respirou fundo para continuar.

—  Então eu preparei a sala de cirurgia para opera-la,foi horrível Ana!__vejo Rafael perder o controle na minha frente,suas duas mãos com tremores enquanto respirava fundo__.

Se só de lembrar ele fica desse jeito, percebo que não faço idéia como tem sido difícil para ele desde que ele a perdeu.Vê-lo nessa luta e olhar seus olhos cheios de dor me fez querer proteger o meu melhor amigo de todos os momentos ruins,eu o abracei e fechei seus olhos com as mãos como se eu fosse capaz de tirar toda a sua dor.

Segurei suas mãos e vi ele se acalmar um pouco, não tinha como terminarmos essa conversa...

— Vamos parar por aqui__digo, me aconchegando mais nos braços dele pois imaginei o final__.

Como estava no início da gestação Helena pode ter sofrido um aborto naquele momento como tantos outros problemas.Enfim,mesmo que tenha ficado de fora alguns detalhes só sei que nenhuma das duas sobreviveram e com isso Rafael parou de exercer a profissão que tanto amava.

Ela morreu por minha causa,tudo culpa minha__ele diz chorando__.

— Não se culpe,Rafael__peço chorando junto com ele__não faça isso com você, você deu o seu melhor!__.

A última vez que vi o Rafael assim foi quando a professora duvidou de sua capacidade de alcançar seu sonho de se tornar um médico cirurgião cardiologista,e eu lembro que nesse dia eu desrespeitei a professora que mais me admirava porque o que ela disse ao meu melhor amigo tinha sido cruel demais.Nesse dia eu também chorei junto com ele.Todas as vezes que precisei ele estava comigo,me defendia de tudo e de todos.

Por que está chorando?__ele perguntou e repetia para mim__não fique assustada,já estou melhor__.

— Eu não gosto de ver você assim, é só isso!__falei entre soluços mas fui me acalmando__.

Somos interrompidos por um moça jovem de Jaleco de cabelos soltos longos que batia no vidro da janela do carro,abrimos.

Vocês estão bem?__a moça pergunta e se apresenta__me chamo Bianca e  tenho especialização em clínica médica, também atendo emergência.Se precisarem de atendimento...__.

— A Ana precisa de atendimento__Rafael fala,abro a boca para interromper mas ele segura em minha mão para me deixar ele continuar__ela está grávida de no máximo 1 mês de gestação  ou semanas mas está vomitando muito,pode estar desidratada__.

— Venham comigo__ela nos chama__.

Rafael apoia o braço ao redor da minha cintura com medo de eu ainda estar passando mal e seguimos ela.

A médica Bianca mesmo sabendo que estou bem melhor optou por me colocar para tomar pelo menos uma bolsa de soro na veia,ela colocou o acesso em meu braço e Rafael o tempo todo de olho em mim.

Meu celular toca,aparece o nome na tela Karoline.

Atendi.

Chamada On

— Amiga?como você está?__Karol pergunta em tom preocupado__.

— Estou bem agora mas é uma longa história amiga__conto__não se preocupe,o Rafael está comigo__.

Nesse momento uma criança grita chorando ao tomar injeção dizendo que não gosta de médico nem de hospitais.

— Você está no hospital,Ana!?__ela pergunta em desespero__o que houve?__.

— Em casa te conto detalhes,amiga, estou tomando soro__Aviso com o braço bastante dolorido,gemi um pouco__esse acesso está me machucando__.

— Ana,passa o celular para Rafael__ela pede e eu passo__.

Não escuto o que eles conversam mas ficam por um tempo se falando e a ligação foi encerrada.

Chamada Off

O que ela falou com você?__perguntei, estranhando por ele está quieto__.

Ele vira o celular dele para mim mostrando o número de contato de Karol e uma foto minha que nem vi que ele tinha tirado.

— Eu não permiti o uso da minha imagem__brinco__.

Ele sorri.

Então, reparei que a todo momento ele tirava fotos minhas para mandar para minha amiga e informava como eu estava,enfim comecei até a fazer poses para as fotos.

Quando fiquei melhor,saímos do hospital de emergência e avistei Karol no estacionamento,Luna estava adormecida no banco de trás.

Ela sai do carro e caminha até nós dois...

— Você é 1000__Karol sorri para Rafael e comenta a cerca de algum assunto__.

Antes de me despedir do Rafael, não pude evitar fazer uma coisa...pedi o celular dele emprestado,anotei o meu número e salvei.Agora não o perderia nunca mais.

Acompanhem...

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