16° Capítulo

340 35 0
                                    

Eu terminei me sentindo mal quando vi o tamanho da dor de Ana em descobrir que na verdade não tinha mais bebê no saco gestacional,eu me lembrei do meu trauma quando perdi minha filha e Helena.Não sei explicar mas não podia me controlar.

O meu luto era tão grande e meu coração estava tão quebrado com essa situação porém eu não conseguia chorar,o meu corpo reagia com fortes tremores.

— Rafael,eu estou bem...por favor,amor__Ana me implorava__fique bem__.

Já estávamos na emergência,eles me levaram ás pressas pois realmente acharam que era uma convulsão mas não era.Eu sabia que essa minha crise foi o motivo de eu ter parado de exercer a minha profissão.

Eles me deram um calmante e eu só consegui me acalmar quando dormi por efeito de um remédio na veia que me deram.Quando acordei Ana estava aqui segurando minha mão.

— Amor__abri os meus olhos e a vi sentada ao meu lado,tão linda mas com o olhar tão triste__você está bem?__.

— Eu vou ficar bem,meu amor__ela responde__quando você ficar bem eu também vou ficar__.

Eu tinha que ficar bem por ela,pela minha condição ela nem teve tempo de realmente viver o luto da notícia que recebeu.

— Ana,Deus cuida de você__digo essas palavras__não sabemos porque essa criança não nasceu mas o Pai que a formou sabia.E se tivesse alguma deficiência?ou talvez,se revoltasse quando maior porque cresceria sem o pai biológico?dentre outros motivos.Temos que pensar que Deus tem o melhor e toma a melhor decisão por nós.Ainda vamos ter muitos filhos,Ana, só vai depender do tempo que nos sentirmos preparados__.

Ela chorou com as minhas palavras.

— Nem compramos as coisinhas do neném e você sabe que o meu sonho é ser mãe, não do jeito que foi mas mesmo que eu não estivesse pronta para ser mãe desse jeito que aconteceu, eu já tinha aceitado a situação__ela falou e as lágrimas ainda rolavam em seu rosto__.

— Eu sei,meu amor__acariciei suas mãos que ainda seguravam a minha__não chore,eu te amo__.

Era o nosso primeiro te amo como quase namorados e partiu de mim, fiquei mais feliz quando fui retribuído.

— Eu também te amo,amor__ela responde__.

Não tínhamos muito tempo juntos mas foi natural começarmos a nos chamar de "amor" com tanto tempo se tratando como *amigos, não era estranho.

A médica se aproximou e nos informou que todos acharam que eu estava dando uma convulsão mas não era o caso,eu estava daquele jeito pelo abalo psicológico.Ela recomendou um remédio para me tomar todas as vezes que me sentisse assim e me deu alguns conselhos...

— Na verdade o que o senhor precisa é se libertar de sentimentos de culpa Sr.Rafael,dos traumas e do passado,o que foi ontem já passou e o hoje é presente, não queira ser dependente desse remédio a sua vida toda pois sua namorada não merece isso.Se perdoe e viva em paz,um erro ou fracasso do passado não te define,o que te define é a sua intenção diante daquele fracasso.Você não têm como modificar o passado mas você decide como será daqui para frente__a médica de plantão chamada Flora me falou__eu senti de te falar isso e não esqueça de marcar um psicólogo se sentir que deve porque você precisa se permitir se libertar disso__.

E fui liberado.Na volta passamos na farmácia e Karol comprou o meu remédio, então fomos para casa.Quando chegamos em casa começou outra situação difícil...

— AMIGA__Ana grita do banheiro__ai que dor__.

Ela geme e eu vou ver se está bem.Quando chego Karol estava com ela abraçada enquanto estava sentada no vaso sanitário muito pálida,sem forças.Quando me aproximo Karol fecha rapidamente a porta do banheiro por Ana está em um momento complicado.

— O que está acontecendo?__perguntei preocupado__.

— Ela está sentindo cólicas muito fortes__Karol me explica__.

E então escutei gritos como se fossem de parto.

— Amiga,eu não vou aguentar__repetia chorando__.

— Eu estou com você, você vai aguentar sim!__Karol encorajava__você já aguentou dores piores, amiga__.

— Amiga....__ela falou e ouvi barulho de vômito__.

— Karol,me deixe ajudar__peço que abra a porta__.

— Ela está sem uma parte da roupa, não posso Rafael__me explica__.

— Por favor,me deixe ajudar__imploro__.

Karol termina cedendo.

Entro no banheiro e Ana está vomitando no balde que Karol está segurando e sentada no vaso sanitário.Eu queria ajudar mas não sabia como,me aproximei e ela encostou a cabeça em meus braços.

— Estou com você,minha vida.Eu te amo__falei com o meu coração apertado por vê-la assim__.

— Ela está vomitando por causa da intensidade da dor__Karol disse__.

Ela ficou assim por 2 horas seguidas e depois melhorou um pouco,ao decorrer do tempo que se passava,as cólicas foram ficando mais fracas.

— Eu vou dar banho nela,saia por favor__Karol pede__.

Saio e escuto o barulho da água do chuveiro escorrer.

— Eu estou bem agora, amiga...estou bem,amor__ela falou para que eu ouvisse__.

Karol sai com Ana toda enrolada em uma toalha e ajudou a se vestir,minha namorada deita na cama...

— Cuide dela que vou lavar o banheiro__disse-me__.

Assenti.

Deitei ao seu lado e fiquei fazendo cafuné em seus cabelos até que adormecesse.Ela não voltou a se sentir mal,o que me parece que o saco gestacional foi expelido mas teríamos que voltar na médica para ela verificar.Fiquei aliviado,estava exausto pois o dia tinha sido muito cansativo.Eu não lembro em que momento mas eu dormi e tive a impressão de ver o seu rosto próximo ao meu.

Acompanhem...

Eu Escolho Você de Novo!Onde histórias criam vida. Descubra agora