Assim que acordei e fiz minha higiene matinal, resolvi procurar algo mais confortável e quente para passar esse sábado frio me preparando psicologicamente para ir a escola na segunda.Visto uma calça pantalona branca, ponho um moletom amarelo com o personagem coraline, confesso que quase ponho os tênis, mas para meu conforto no resto do dia pego a minha sandália papete aberta com tiras grossas, também de cor branca.
Prendo o cabelo em um meio solto, por ele ser pequeno e saio do quarto com a esperança de ver alguém que me guie até onde tomam o café da manhã.
Para minha infelicidade não dou dois passos para dar de cara com Gabo que me fita de cima a baixo, claramente igual a mãe jugando as minhas roupas. Ele veste uma calça moletom preta e uma camiseta sem estampa da mesma cor e nos pés um chinelos pretos, roupa típica de ficar em casa.
Automaticamente lembro da sua regra de pedir favores, então faço a sonsa e fico parada esperando ele andar e assim o seguir pois provavelmente ele deve está indo comer também.
Mas nem tudo é girassóis, pois ele não sai do lugar ficando apenas me encarando.
- Algum problema? - Pergunto me sentindo desconfortável com o olhar dele preso em mim.
- Você é esquisita. - Gabo simplesmente joga na minha cara.
- Jura? - Não espero que ele responda e me ponho a andar em direção às escadas.
Depois de descer todos os degraus, me encaminho para a sala de jantar da noite anterior e para minha alegria e livramento de alguma vergonha alheia, vejo que o doutor Miguel e sua esposa já estão lá.
- Bom dia. - Digo me sentando no mesmo lugar de ontem.
- Bom dia Lola, eu já estava indo chamá-la para o café da manhã. - O médico diz.
- Fique ciente de que apenas no final de semana tomamos esse horário, durante ela é mais cedo. - A mulher loira esclarece.
- Não se preocupe com isso Virgínia, vou passar todos os horários para a Lola assim que terminarmos o café da manhã, inclusive já está tudo certo na escola a senhora Margo foi muito prestativa. - Doutor Miguel diz gentilmente me fazer ter um mini ataque
- Claro, uma mensalidade a mais. - Gabo aparece falando.
Eu poderia dizer que ele foi grosso, e ele foi, mas não está errado as pessoas vão até a lua sem trajes de astronauta por dinheiro.
- Não seja rude Gabriel. - O pai ralha com ele, que apenas dá de ombros sentando ao meu lado.
O café da manhã assim como o jantar ocorre bem e calmo com conversas paralelas entre a família, pois eu me mantive calada e apreensiva.
Sim, apreensiva por que eu não quero ir para escola, não vou me adaptar, não vou ter amigos porque não sei fazer amigos, eu nunca tive um da minha idade, os amigos idosos e fofos dos meus avós não conta não é?
- Lola? - Saio do meu pensamentos com a voz do doutor Miguel me chamando.
- Sim? - Pisco algumas vezes para me acentuar.
- Está tudo bem? Te chamei algumas vezes e você não escutou. - A voz do homem parece preocupada.
- Está sim, só me distrai. - O que não foi bem uma mentira.
- Já terminou de comer? Quero te entregar os papéis e falar mais sobre a escola. - O doutor pergunta.
- Já sim, podemos ir agora se quiser.
- Vamos para o meu escritório. - Ele se levanta ao me chamar e eu prontamente o acompanho.
Ao chegarmos no local citado, me sento em um das duas cadeiras em frente a mesa com uma cadeira maior do outro lado a qual ele se senta.
- Bom, aqui estão os seus horários. - Ele me entrega uma planilha parecida com as das regras que a Virgínia me deu, eles devem usar o mesmo programa do Excel.
Olho e leio algumas coisas do papel, como o horário que devo me acordar para não me atrasar para as aulas, o horário do almoço, jantar e que devo me recolher para dormir claro que nesse tem grifado a frente 'pode ser negociado, em caso de festas, atividades escolares e dia de cinema'.
Quer isso, eu estou em uma prisão? Rico e sua mania de controlar tudo, não duvido que foi a esposa dele que exigiu.
- A sua escola não exige fardamento, se precisar de roupas avise que a levamos você para comprar. - Assinto. - O seu material escolar pode escolher por alguma loja virtual que entregam aqui em casa ainda hoje.
- Eu não tenho celular, pode fazer isso por mim?
- Isso não é um problema. - Ele abre uma gaveta e tira uma caixa, de aparelho eletrônico de última geração. - Todos precisam de um meio de comunicação hoje em dia Lola, e esse será o seu. - Ele me entrega o celular, o qual eu pego.
- Eu não sei mexer ainda. - Esclareço meio envergonhada.
- Ah! Claro, tudo bem me diga suas exigências sobre material escolar que eu compro, e mando levar no seu quarto mais tarde, não é difícil mexer nesse aparelho vou pedir para o Gabo te ensinar. - Ele diz acreditando nas próprias palavras.
Como se o Gabriel fosse mesmo, penso mais não digo, também não digo para ele não fazer tal coisa.
- Meu sonho era ter uma mochila amarela, de resto pode comprar tudo, não precisa ser nada muito menininha. - Ele assente anotando.
- Mais alguma coisa? - Pergunta ainda sem me fitar.
- Posso não ir para escola? - Não custa nada perguntar mais uma vez
- Lola, você tem que entender que é necessário. — Dessa vez ele me fita por cima dos óculos, que o vi poucas vezes usar.
- Mas eu não vou me enturmar, nunca tive nenhum amigo da minha idade. - Quase faço um bico em frustração.
- Segunda-feira Lola, não se atrase, vou viajar amanhã pela manhã e hoje vou ter um dia ocupado então não sei se vou conseguir vê-la mais. - Ele avisa.
- Quando o senhor volta? — Pergunto já sabendo que não vai ser fácil só a mulher e o filho dele aqui.
— Não sei exatamente, agora a senhorita Lola vai aproveitar esse dia de sábado. — Sou dispensada com um gesto de mão.
Saio do escritório sem saber para onde ir, resolvi dar uma volta discreta por fora da casa, assim que deixo o celular e o papel no quarto onde durmo, e depois de explorar a frente com um jardim minimalista, chego na área da piscina citada nas regras dadas por Virgínia.
Ela é enorme, com curvas bem desenhadas, espreguiçadeiras e mesinhas com guarda-sóis por todo o laud, vejo que tem uma área gourmet e portas de vidros que dão para dentro da casa, fora o deque coberto com um sofá cama redondo cheio de travesseiros no meio, as plantas dão um ar mais verão mesmo estando frio.
O lugar é lindo, e mesmo eu não sabendo nadar eu adoraria aproveitar a piscina em algum momento.
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Ele me "odeia" ama
Teen Fiction《Livro único》 Entre girassóis e outras coisas... Lorena Bernard de Lara, ou Lola para todos, é uma garota que viveu a vida inteira com os avós, enquanto sua mãe trabalhava na cidade mais próxima. Ela vê tudo mudar quando seu avô fica doente, depois...