- Michael?
Eu me engasguei com a bebida, cuspindo uma uva verde direto no terno dele ao vê-lo se aproximar com seus passos largos de velocista pernudo. Tossi várias vezes, pegando o guardanapo e pressionando contra a boca de modo desesperado enquanto abanava minhas mãos.
- Calma, calma. - ele sorriu gentil, sentando-se em minha frente. - Eu não quero que você tenha um treco aqui.
- O quê...? - franzi o cenho, arrebatada por sua presença. - Qual é a sua?
De todas as coisas que eu esperava fazer em Vegas, reencontrá-lo não era nem de longe uma delas.
- Eu vim pra uma convenção de acionistas, eles terminaram a reunião agora pouco e eu resolvi vir pro bar. - diz Michael, remexendo-se no próprio lugar. - Como vão as coisas?
Fico em silêncio, desconsertada demais para lhe responder qualquer coisa.
- Você quem mandou o drink? - perguntei, sinalizando o copo agora vazio.
- Sim, eu imaginei que você fosse gostar dele. - sua fala é casual, como se estivéssemos flertando ou tivéssemos acabado de nos conhecer. - Na verdade a convenção já terminou tem um tempo, eu estava só observando você de longe. Não sei se consigo formular frases direito perto de você ainda.
Meu queixo foi direto pra mesa e, tenho certeza disso, nesse mesmo momento eu sinto o revertério do século me invadir as entranhas. Toda a bebida consumida até agora bateu e voltou na goela, me fazendo levantar e correr com as mãos na boca direto para o elevador. Eu apertei os botões de modo desesperado, chacoalhando as mãos e respirando fundo em uma tentativa de segurar o vômito.
- Mallory! - ele me segue, a mão erguida enquanto as pernonas davam passos longos no terno de alfaiataria caro.
- Não, não. - murmuro sem parar, vendo-o se espremer comigo dentro daquele espaço subitamente mais apertado.
Sei que ele está disparando um zilhão de coisas, que entra no quarto comigo e fala ainda mais enquanto fecha a porta atrás de nós mas eu só consigo ir até o banheiro e botar os bofes pra fora em um jato digno de filme de terror. Eu sentia o ar escapar de meus pulmões a cada esforço, fazendo lágrimas jorrarem pelos olhos e escorrerem pelo meu rosto como um consolo não desejado.
- Mal...?
- Hã... - murmuro, apoiando a cabeça em ambas as mãos.
Eu estava bêbada há alguns segundos atrás, agora só estava triste e irritada.
- Vou pegar roupas limpas pra você. - sua voz gentil me faz borbulhar de ódio por sentir alívio ao ouvi-la, por perceber que eu morria de SAUDADES dele mesmo depois de ficar meses sem notícia alguma. - Aqui, vem. Eu te ajudo a tomar banho.
- Para. - nego, empurrando sua mãozorra para longe de mim depois de puxar a descarga e lavar o rosto na pia.
- Mallory...
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Contrato: mãe por escolha ✔️
RomanceLIVRO 01 Um casinho em uma noite sórdida com um homem sedutor deveria terminar em ambos seguindo cada um a sua vida. Desde os primórdios da humanidade duas pessoas com desesperança e desejo se encontram e, deste encontro, surge uma história única qu...