Nós fomos jantar em um restaurante refinado no centro de Vegas depois de visitarmos um zilhão de casas e odiarmos em concordância absurda todas elas.
Michael se vestia, como sempre, como aqueles galãs de 1960, o cabelinho alinhado para trás e até mesmo um anelzinho adornando seu mindinho estava lá para completar o seu senso fashionista. Ele era uma pessoa diferente, uma pessoa... Excêntrica? Seja como fosse, eu e ele estávamos degustando de pratos incríveis, que eu detonava sem pausa enquanto ele bebia whisky e já estava farto faziam horas.
- Meu, isso aqui tá muito bom. - aponto para uma sobremesa, suspirando depois de terminar de devorá-la e sentir vontade de comer aspargos. - Será que podemos pedir mais legumes na manteiga, eu estou tendo um desejo muito forte agora.
- Querida, peça o que quiser. - ele faz uma expressão de permissão, pegando o celular e passando a digitar sem parar na tela.
Percebendo a ausência de interesse dele momentânea, eu o observo melhor.
Fico muito alegre em perceber que ele de fato não parece nenhum pouco calvo aos trinta e tantos anos, tinha sobrancelhas meio rebeldes e um narizinho meio fofo e proporcional para o rosto dele. Se eu tivesse que lhe comparar com algum animal, acho que seria com um cão São Bernardo. Ele sempre parecia uma fofura quando estava longe, os olhinhos brilhavam a cada piadinha interna que se passava naquela cabecinha perturbada dele e tudo nele parecia simplesmente... adorável?
Não sei o que deu em mim, mas do nada eu comecei a imaginar como seria nosso filho, e aquilo me subiu uma emoção tremenda. Eu não consegui me controlar, somente olhei para o prato e fechei os olhos com força antes de dar uma fungada que deve ter sido ouvida até no espaço.
- Mallory, o que houve? - Michael larga o telefone na mesa, levemente assustado.
- E-eu... - me lamento, enxugando as lágrimas com o guardanapo de tecido. - Não sei. Não consigo me controlar ultimamente, eu só comecei a pensar em como o nosso filho seria.
As lágrimas copiosas ficam jorrando idiotamente sem parar, me fazendo ficar de cara inchada e pagando papel de boba.
- Querida, se acalme, está tudo bem. - ele diz, se debruçando sobre a mesa.
- Estou tentando. - fungo, respirando fundo e apertando mais forte o guardanapo contra os olhos.
- Vem, vamos pra casa.
Pra minha surpresa, ele não teve uma das reações que eu estava acostumada a receber em casa. Meus pais sempre tentavam suprimir nossos sentimentos, os meus e do meu irmão, nós nunca podíamos nos expressar abertamente sem sermos diminuímos por fazê-lo.
Michael me ajudou a levantar e me acomodou no banco do carona, voltando para pagar a conta e então partimos rumo a minha casa, onde ambos ficaríamos - depois de uma discussão calorosa onde eu lhe falava sobre economia. Eu já estava super calma quando chegamos, e me senti mega culpada por ter estragado nosso primeiro jantar sozinhos, então fui marchando para dentro com uma moleza de dar inveja na tentativa de esconder a minha reação.
- Mallory? - chama-me ele, tirando o grande sobretudo e pendurando no porta-casacos. - Vamos conversar sobre o que houve mais cedo?
Eu andava de fininho pra lá e pra cá, arrumando o quarto de hóspedes enquanto lhe dizia "uhum" entredentes baixinho, torcendo no fundo para que ele esquecesse daquilo e me deixasse dormir em paz aquela noite. Para o meu azar, quando voltei para a sala, já de pijamas e totalmente disfarçada, Michael ainda usava as mesmas roupas e estava sentado pacientemente no sofá me esperando.
- Vamos, sente-se. - sua mãozorra bate no lugar livre ao seu lado, simpático e convidativo.
De novo, a minha mente me levou pra ele batendo com ela em outro lugar...
- Estou bem de pés. - digo, rodeando o espaço ao meu redor com o dedão direito e a meia felpuda.
- Mallory... - seu tom condescendente ecoa pela sala pequena, me fazendo suspirar e dar por vencida de uma vez. - Ótimo. O que foi que houve de verdade lá?
- Foi só os hormônios, eu juro. - digo, mas sabendo que lá no fundo até que Michael estava certo em determinado ponto. Não tinha sido somente o vislumbre do nosso filho, mas sim os sentimentos de insuficiência que eu temia fazê-lo ter caso não conseguisse ser uma boa mãe. - É sério, está tudo bem.
A cabeça dele balança em negação, cravando em mim sua atenção perfeita.
- Não minta pra mim Mallory, eu sou uma pessoa muito paciente confesso, mas odeio mentirosos. - Michael posiciona a mão em meu rosto, o braço passado por detrás do meu corpo e apoiado no sofá. - Eu vejo que há mais coisas nessa sua mente pervertida, e que não está me contando nenhuma delas.
- Eu já disse que não é nada. - fecho a cara, odiando aquela pressão. Se tinha algo que eu realmente odiava era quando tentavam fazer com que eu botasse meus sentimentos pra fora, eu não era assim, não falava dos meus problemas. - Podemos deixar isso pra lá?
- Somos um time Mal, preciso saber o que você pensa pra poder te ajudar. - ele insiste.
- Você está me deixando muito puta, por favor para de insistir. - me levanto, o cenho tão franzido que havia me dado dor de cabeça.
Michael me olhou de cima abaixo, aquelas orbes escuras parecendo arrancar cada verdade indecente e problemática que existia dentro de mim.
Eu me senti desconfortável, tanto que me deu vontade de chorar outra vez, eu odiava ter meu espaço pessoal invadido. Para outra surpresa, ele se levantou e pegou minha mão, me sentando no chão de frente para a poltrona onde ele podia se sentar atrás. Apesar dos meus protestos, Michael voltou da cozinha com um pano com gelo e se posicionou entre a almofada macia, puxando minha blusa pra cima de supetão e me levando a soltar um gritinho.
- O que é isso? - falo, botando ambas as mãos em frente aos seios.
- Só relaxa. - arfo ao senti-lo erguer meus cabelos e prendê-los, botando o saco de gelo na minha nuca e me dando um arrepio delicioso. Suas mãos voam para os meus ombros e meio das costas de modo firme, deslizando para cima e para baixo, para um lado e para o outro com maestria de um verdadeiro profissional. - Fiz um curso de gestantes com Valéria no passado, quando achamos que ela poderia estar grávida e nos recusamos a fazer um teste, a professora nos ensinou a fazer esse tipo de massagem para acalmar a gestante quando ela estivesse sob muito estresse.
- Uau. - gemo, esquecendo de tudo e me inclinando para frente, onde os braços pararam ao lado do corpo e meu torso esconderia os seios.
- Isso aí mamãe, relaxa. - ele sussurra, aplicando mais força e movendo o gelo para outro lado da pele. - É bom, não é?
Eu estava amando aquilo, tanto que parecia até mesmo perdida naquele instante.
- Sim... - continuo gemendo com alegria a cada pressão aplicada, sentindo a boca salivar de prazer. - Vai, assim... - imploro ao sentir que sua mão tocou um local de tensão que estava me irritando há semanas, na parte do meu pescoço e quase na frente do mesmo. - Isso!
- Acho que é melhor pararmos por hoje. - de repente Michael se põe de pés, virando-se para longe de mim. - Vou dormir.
- O quê, por quê? - me levanto rapidamente, indignada. - Você não vai me deixar na mão!
Ele me olhou rapidinho e logo se virou de novo, encarando o teto e erguendo uma mão.
- Você está empolgada demais com isso, é melhor ir dormir e se acalmar um pouco. - Michael evita de me olhar, apontando para o quarto.
Curiosa com a reação dele, e tapando meus peitos que estavam finalmente deixando de serem míseras laranjinhas, eu olho pra baixo e então vejo o motivo da sua fuga.
Aquela coisa VOLUMOSA que parecia querer ansiosamente dar oi pro mundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato: mãe por escolha ✔️
RomanceLIVRO 01 Um casinho em uma noite sórdida com um homem sedutor deveria terminar em ambos seguindo cada um a sua vida. Desde os primórdios da humanidade duas pessoas com desesperança e desejo se encontram e, deste encontro, surge uma história única qu...