Capítulo 2

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O caminho do meu quarto até o portão de casa nunca foi tão longo. Meu Deus do céu que sensação ruim.

Cheguei na rua e liguei pra ele. Já tinha passado um pouco mais dos 5 minutos, será que ele já tinha ido embora.

- Oi, to saindo.

-Ta.

Eu respondi, mas acho que ele nem ouviu.

Segui andando até o portão da Rafa e de longe vi eles se despedindo.

Ela deu um abraço nele, um beijo na testa e ele nela. Droga, ver essa cena não está me ajudando. O que será que ele tinha ido fazer lá. Será que ele foi pedir pra voltar com ela?

E eu nem podia reclamar, eu que não quis assumir ele. Mas não é como se eu não quisesse ele. Eu queria e muito. Só que nem tudo era simples assim na minha nova vida.

Para Juliette, cê já ta pirando. Vocês vão conversar e se entender. Falei tentando me convencer das minhas próprias palavras.

Depois da minha conversa com a Giu eu estava decidida a assumir nosso namoro. E queria muito falar isso pra ele. Dizer que não importava o que os outros iam pensar eu só queria estar com ele. E quem gostasse bem, quem não, amém.

Eu estava disposta até fazer uma tag de casal do insta. Ele adora essas coisas e vive dizendo que nossas gêmeas (as rodettes e Judolffos) iam amar isso. Ele tem muito orgulho desse fandon, porque elas não desistem nunca da gente.

- Juliette, cê ta surda?

- Ah desculpa, eu estava pensando.

- Não se preocupa não, aqui não tem fotógrafos, ninguém vai ver a gente.

Merda ele tava muito chateado. O que será que tinha acontecido que eu não estava sabendo.

-Para Rodolffo, eu estava só pensando nas coisas. Cadê seu carro? Onde nós vamos conversar, quer ir lá pra casa?

- Nós vamos de a pé mesmo. A casa do Pepato é aqui perto.

- Ah cê ta na casa dele. Não sabia que ele tinha casa aqui. Não é ele que está produzindo seu disco novo?

- Sim, por isso estou aqui.

- Ah então ele está ai também.

- Não.

Eu tinha até medo de perguntar mais coisa, ele estava tão distante, tão frio.

De novo enquanto caminhamos em silêncio me perdi nos meus pensamentos, nas minhas lembranças.

Me lembrei do nosso primeiro beijo. Foi logo depois do BBB, no dia 101. Eu estava no camarim com um tanto de gente estranha, falando sem parar e eu não entendia nada. Eu só queria mainha, um banho e minha cama. E ai ele entrou no camarim, com um perfume que encheu aquele espaço. Ele tava mais lindo do que eu lembrava, e olha que nem fiquei muitos dias sem ver ele. Eu pedi para as pessoas saírem e me deixar sozinha com ele. Nem sei por que fiz isso, e de repente todo mundo me obedeceu e saiu.

E lá ficamos nós dois e nosso mundo particular.

- Sabe July, eu andei vendo uns vídeos seus, nossos...

Eita, ele viu eu dizendo que queria pegar ele. Socorro Deus, eu fiquei muito sem graça.

- Viu é Piruca?!

- Vi sim boca de chupa peda.

- E o que você viu?

- Eu vi que você me enxerga por inteiro, que vê além de mim. Sem reservas, só amor e desejo. Quando ocê me olha, é minha alma que cê vê. Por isso toda vez te dou o meu melhor sorriso, mais sincero, mais puro.

Meu Deus, ele ta muito perto. Eu consigo sentir até o cheiro do chiclete de menta dele misturado com perfume. Eu poderia beijar ele agora mesmo. Mas ele continua falando, e agora está mexendo no meu cabelo.

- Ta apaixonado por mim Piruca?

Eu estava tremendo, e não sei por que mas eu queria que eles respondesse que sim. Eu tinha medo que ele dissesse que não.

- Desde do primeiro dia em que te olhei, desde do primeiro momento que seu olhar cruzou o meu.

- Rodolffo...

Agora ele estava me puxando pra junto dele, encostando o nariz no meu.

-Oi?

- Eu estava com saudade boca de coração.

E assim ele me beijou, calmo, profundo, intenso, tudo ao mesmo tempo.

Com as mãos pelo meu corpo e eu entregue. Juro teve uma hora que eu jurei que estava flutuando. Quando ele me soltou eu me senti sozinha automaticamente e queria mais. Não podia acabar assim, eu esperei meses por isso.

- Juliette, cê ta bem? Ta ofegante e vermelha.

- Tô sim. Ta calor aqui fora né.

- Não Ju, ta fazendo 14 graus hoje.

Fiquei sem graça e nem respondi. Eu não podia dizer pra ele o que estava pensando. Ou podia?

- Na verdade eu estava lembrando de uma coisa...

Silêncio....

Ele não ia perguntar, ele não parecia interessado nos meus pensamentos como antes....

- Hum, do que?

- No nosso primeiro beijo.

- Ah sim....

Eu percebi que ela tinha ficado triste porque eu não perguntei o que era seu pensamento. Mas eu não podia me deixar levar pela emoção, eu tinha uma missão ali.

Perguntei...

Droga ficou pior agora.... Eu nunca esqueci nosso primeiro beijo, e nunca vou esquecer.

Nunca tinha me declarado para alguém, como fiz com ela. Mas aquilo tudo que eu falei era a verdade, a mais pura verdade.

Eu sabia que sentia algo pela Ju, e passei meses naquele programa fugindo daquilo que eu nem sabia direito o que era. Mas ela me quebrou aos poucos. Não conseguia passar por ela sem tocar, sem sentir a pele macia dela, em qualquer parte do meu corpo. Eu tinha uma necessidade louca do toque dela. Eu nunca fui assim.

Quando sai a Bella me mostrou um compilado com nossos melhores momentos, segundo nossas filhas. Eu ainda acho esse termo engraçado, mas gosto disso.

E vendo tudo aquilo, eu tinha certeza do que sentia, aquele amor pulsava em meu sangue. Ela me conhecia por inteiro, sem máscara, sem julgamentos.

Era tudo que eu tinha pedido a deus.

Quando eu entrei naquele camarim, não tinha a intenção de beijá-la. Mas quando ela fez com que ficássemos sozinhos e o olhar dela encontrou o meu, já era, eu não poderia sair de lá sem ela. E então fui falando dos vídeos, do fandon e de como ela me via.

E assim que ela fez aquela pergunta, eu não tinha como negar. E cada vez fui chegando mais perto, e sentindo sua respiração, seu cheiro de maçã do amor. Eu só podia juntar meu corpo no dela, minha boca na dela. E cacete nossos corpos se encaixam perfeitamente.

Obrigada Deus, ela foi desenhada pra mim. E esse foi meu último pensamento antes de finalmente beijar o amor da minha vida a primeira vez.

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