Capítulo 6

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Disse isso e sai da sala, eu não era forte o suficiente pra resistir o sorriso quase feliz que ela me deu. A casa era grande e eu podia me esconder dela e ainda tinha algumas coisas pra fazer.

Subi pro meu quarto, deitei e comecei a fazer as ligações que precisava. Tinha que falar com o Ryan sobre a casa que ele tinha alugado pra mim em Banff. E depois tinha a tarefa mais difícil, contar ao público sobre meu afastamento.

Minha equipe não queria que eu fizesse isso, eles queriam postar vídeos e coisas antigas. Mas não podia ser assim, eles têm o direito de saber o que está acontecendo, nem que seja em parte, sempre fui muito transparente pra mentir agora.

....

Rodolffo tinha me deixado sozinha naquela sala há muito tempo. Estava atordoa perdida em pensamentos, com medo, com raiva.

Como as coisas entre nós haviam chegado aquele ponto. Ele nem conseguia me olhar nos olhos. Eu não conseguia ler ele por inteiro.

Mas na real a verdade estava toda ali na minha frente. Ele estava machucado, magoado e se defendendo. Eu podia entender aquilo, apesar de não querer aceitar.

Minha vontade era de largar tudo, colocar uma muda de roupa na mala e ir com ele seja lá pra qual lugar ele estava indo.

Já passava das 2 da manhã e comecei a ouvir ele cantar baixinho, mas não conseguia entender que música era, comecei a seguir o som. Encontrei ele no escritório, com o celular na frente, o violão no colo, um copo de whisky na mesa e cantando de olhos fechados.

"Teu jeito rima com o meu
O tom albino da tua pele me contrasta
Meu toque até te escolheu
Pra te fazer casa

Meu bem, tu tem minha saudade
Minha verdade, meu querer
Então, se deixa ser
Mais de mim ter
Mais de mim que já é, que já tem..."

Que música mais linda, acho que é Ana Vitória. Nunca tinha ouvido ele cantar assim, com tanta dor e tristeza. Comecei a chorar de novo e me sentei na porta do escritório. Essa música dizia tanto, sobre mim, sobre ele.

Acho que ele estava fazendo uma live com os fãs. Fiquei quietinha ouvindo ele conversar com as pessoas, e mais uma vez estou admirada com a facilidade que ele se comunica com eles. Seguro de si, seguro deles. Ele sabia que eles não iram pra lugar nenhum e iriam apoiar a dupla em todas as decisões.

A live acabou. Eu tinha que sair dali, mas eu não podia deixar ele sozinho. Então continuei observando de longe. Ele desligou o celular, bebeu aquele líquido amargo de uma só vez e foi até a janela, grudou a testa do vidro e pude ver que ele estava chorando. Tomada por um instinto me levantei e fui até ele.

- Rodolffo...

- Achei que ocê nunca ia entrar July.

- Cê sabia que estava aqui? Como?

- Consigo te sentir chegar antes mesmo de te ver.

Essa mulher tão pequeninha tinha um poder sobre mim e não fazia ideia do tamanho. Ela jamais passaria despercebida pra mim. Espero que tenha entendido a música que cantei pra ela.

- Rodolffo, eu te amo!

- Cê não sabe por quanto tempo quis ouvir isso July...

Ela tava perto demais. E disse de novo que me ama. Meu deus eu só quero amar ela mais uma vez. Ela deu mais um passo e colocou as mãos por baixo da minha camisa, droga...

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