Capítulo 111

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Não consigo nem imaginar a aflição que a Jenna está passando agora. Espero ter sorte e nunca precisar descobrir.

O Ryan saiu daqui desolado. Sei que por mais que ele saiba que vamos cuidar bem do Lucca, deve ser puxado a sensação de deixar ele pra trás.

Chegamos no parquinho e eles já estão brincando de acertar algumas latas. Ainda bem que o Rodolffo é mais tranquilo, porque eu já estou aqui pensando mil coisas.

Só tenho mais dez dias aqui em Banff. Mas não vou embora de jeito nenhum se a Jenna ainda estiver no hospital. Não vou deixar eles sozinhos no meio desse turbilhão.

Procuro meu celular na bolsa, mas não encontro. Preciso mesmo descobri onde foi que larguei ele.

Pego então o do Rodolffo, e desbloqueio. Ele achou mesmo que a data do meu aniversário era uma senha segura, pobi piruca.

Entro no whatsapp e começo procurar o numero da Giu. Preciso ver como anda minha agenda lá no Brasil.

Vou descendo as conversas e vejo que tem várias mensagens de mulheres que mandaram o famoso "oi sumido". Arrrhhh me dá vontade de apagar e bloquear cada uma delas. Mas não posso fazer isso, o celular não é meu e também não tenho o direito de dizer com quem ele tem amizade ou não.

Mesmo pensando assim, fico incomodada com as mensagens. Abro uma aleatória e me arrependo logo em seguida. A oferecida teve a coragem de mandar a mensagem e uma foto de biquini. Bloqueio e apago, não quero nem saber se ele vai gostar ou não.

Me concentro no que fui fazer ali e resolvo ligar pra Giu, preciso falar com alguém e mudar meu foco.

Espero um pouco e ela atende desconfiada.

- Oi..

- Oi amiga, sou eu.

- Oi mulher, finalmente um sinal de vida.

- É.

Nem sei por que estou com raiva. Ele nem sequer viu ou respondeu qualquer mensagem que está ali. Mesmo assim estou morta de ciúmes e a Giu percebe que tem algo errado e me questiona.

- Ta tudo bem Juliette? Sua voz ta estranha.

- To nervosa.

- Oxe com o que mulher? Porque você ta ligando do celular de Rodolffo?

- Porque não sei onde coloquei o meu. Precisava falar com você e peguei o dele mesmo. Mas já me arrependi.

- Eita, por quê?

- Porque ta cheio de mensagem de paquera dele. Até foto de biquini tem. E olha que abri uma conversa só, imagina as outras que eu não abri.

A raiva está borbulhando em mim.

- Mas ele ta conversando com outras mulheres, mesmo depois de ter te pedido em casamento e tudo mais?

- Não, é tudo mensagem antiga que ele nem abriu.

- Ah Juliette!

- Que foi?

- Pode parar com isso agora! Você ta se torturando atoa visse!

Ela tem razão, mas não quero admitir, então sigo em silêncio.

- Mulher, olha tudo o que ele fez por você. O que você fez por ele. Pare de se preocupar com besteira. Isso aí não significa absolutamente nada, ainda mais se ele não respondeu.

- Mas porque ele tem essas conversas aqui ainda?

- Pelo mesmo motivo que você também deve ter no seu celular. Vocês dois estão a tempos se passando de solteiros pra todo mundo.

- Mas agora a gente ta junto de verdade.

- Sim, e ele não ta perdendo tempo com celular. E sim aproveitando todos os minutos com você. Pare de ser besta, se te incomoda, fala pra ele, apaga e segue a vida de vocês.

Respiro fundo. De novo estou dando um chilique por ciúmes bobo.

- Ta bom, vou me controlar. Mas escuta, te liguei pra saber como estão as coisas aí.

- Tudo sob controle.

- Você acha que seria possível, eu conseguir mais uns dez dias?

- Eita Ju, cê ta querendo ficar um mês aí?

- É que aconteceu tanta coisa. Talvez eu precise ficar mais uns dias.

Conto pra ela tudo sobre o Ryan e a Jenna, sobre a gente ser padrinhos do Lucca.

- Olha Ju, não sei. O pessoal já está deixando várias coisas engatilhadas pra quando você chegar. Vou dar uma sondada e te aviso.

- Ta bom. Qualquer coisa vocês me mandam os produtos e eu gravo algumas publis daqui mesmo. Só sei que não vou embora enquanto eles precisarem da gente.

- Amanhã mesmo já te falo alguma coisa. E oh, pare de graça e converse com Rodolffo, sobre essas coisas aí que te incomodaram. Não deixe mais isso atrapalhar vocês.

- Vou conversar com ele. A gente se prometeu isso.

Me despeço dela, encerro a ligação e jogo o celular de volta na bolsa.

Procuro eles com o olhar e vejo que estão na fila do algodão doce. Rodolffo não tem jeito, o menino nem almoçou e ele já quer encher ele de doce.

Pego as coisas e vou me juntar com eles.

- Ei amor, finalmente cê largou o celular e veio se juntar com a gente.

Ele coloca a mão na minha cintura e me puxa mais pra perto. Instintivamente me afasto e ele me olha confuso.

- O que foi Juliette?

- Nada não.

Pego o Lucca do colo dele e entrego a mochila e viro de costas.

- Bebê, seu padrinho já vai te dar doce e você nem almoçou ainda.

- Doce sim.

Mesmo um pouco longe e ainda de costas sei que ele não tirou os olhos de mim.

Vou com o Lucca até um banquinho e o coloco em pé ali mesmo. E ele grita de felicidade ao ver Rodolffo se aproximar com dois algodão doce.

- Pilucaaaaa.

- Toma carinha, se esbalda aí.

Entrega o doce para o menino, e nem ao menos me oferece um pouco.

- Vou ali pegar uma água e já volto.

Me dá as costas e vai saindo. Ele está me afastando, assim como acabei de fazer com ele.

Droga, porque que ele tem que ter tanta paquera por aí. Seria tão mais fácil se fosse diferente.

...

A Juliette me deixa confuso.

Estava toda animada e sorridente quando chegamos aqui. Disse que ia sentar um pouco enquanto eu brincava com o Lucca nas barraquinhas.

E agora está puta comigo e eu nem sei o que fiz.

Será que é por causa do algodão doce? Ta cedo ainda pra ele almoçar, e ele nem vai comer tudo de qualquer jeito.

Uma das coisas que mais me incomoda, é quando ela me afasta em público. Me recusa. Já passei por isso tantas vezes.

Entrego o doce do Lucca e saio de perto. Preciso sair, senão a gente vai discutir aqui e não é hora pra isso.

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