Capítulo 37

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Depois que a April foi embora, fiquei pensativo.

Por mais que não queria que meu amor e o da Ju seja desses que não são para acontecer. Cada dia que passa, mais tenho certeza de que não é pra ser mesmo.

Talvez numa próxima vida, se é que existe isso.

Vou ajeitando as coisas pela casa que está uma bagunça. Subo, ajeito o quarto também e coloco o celular pra carregar.

Tomo banho e vou pra cama. Minha mente está tomada por pensamentos. Tenho que ir me preparando para o que vai acontecer daqui um tempo.

Quando eu voltar, as conversas que vou ter não serão fáceis. Mas espero do fundo do meu coração que eles compreendam minha decisão. E espero que minha mãe consiga guardar segredo, sei que é um fardo pesado pra ela. Mas não posso fazer nada, ela descobriu sozinha minhas intenções.

Durmo envolto nesses pensamentos e os pesadelos me fazem ter uma noite péssima.

...

Acordo com um barulho forte na janela. Levanto pra ver o que é, e me deparo com um dia cinza, mais que ontem e com muita chuva. Vou até o closet, coloco uma roupa bem grossa e vou tomar café.

Depois de comer, resolvo sair e ir comprar as coisas que April falou ontem. Coloco o casaco e o boné e vou correndo até o carro.

Merda, esqueci o celular no quarto. Não vou buscar não, senão vou ter que trocar de roupa. Coloco no GPS o endereço do centro da cidade e vou.

Estaciono o carro na rua principal e vou andando tentando me proteger da chuva embaixo das marquises. Pulo de uma loja pra outra, e encontro uma que tem tudo que preciso. Escolho uma touca cinza com preto e um par de luvas da mesma cor. Pego um cachecol também, o protetor labial e quando estou indo para o caixa me deparo com um enfeite com um cenário que representa a cidade. É um globo de vidro com um casal dançando na frente de uma montanha, vou levar ele também.

Pago minhas compras e volto para o carro. A chuva diminuiu agora então resolvo ir para o Instituto.

Chegando lá dou de cara com a Jenna e o Lucca no estacionamento e vou falar com eles.

- Ei carinha, tudo bão?

- Rodolfflinho!

Ele sorri pra mim enquanto a Jenna tira ele da cadeirinha.

- Oi Rodolffo, caiu da cama hoje?

- A chuva me acordou, aí resolvi vir comprar umas coisas que estava precisando.

- Encontrou tudo?

- Sim, aproveitei e dei uma volta no centro da cidade.

O Lucca agora já está no chão me segurando pela mão. Vamos entrando os três no Instituto e vejo o Ryan com os meninos no ringue e vou indo pra lá.

- Vem Lucca, o tio Rodolffo vai jogar com o papai e você vem comigo.

- Não mama. - O Lucca choraminga e segura mais forte na minha mão quando ela tenta levar ele.

- Se você não se importar eu fico com ele. Só vou ver o Ryan treinar os meninos.

- Tudo bem, mas não deixa ele entrar no ringue, senão ele vai se molhar todo. – Ela fala e já vai indo em direção a sala de dança.

- Pode deixar. - Abaixo pego ele no colo e vamos indo. – Bora carinha, vamos encher o saco do seu pai.

Nos sentamos na arquibancada e ele logo começa a chamar pelo pai. Ele vem até a beira do ringue falar com a gente.

- Olha quem está aqui. Vai pagar sua aposta hoje Bastião?

- Não, hoje estou de babá e Jenna deixou bem claro que o carinha não pode entrar no ringue.

- Porque senão ele se molha todo.

- Como cê sabe?

- Ela fala isso todos os dias. E todos os dias ele entre e se molha e ela fica brava comigo.

- Você não tem medo de morrer não, cara?

- Tenho, mas ela brava fica uma gracinha.

Alguém chama, e ele volta a atenção ao treino. E eu fico lá com aquele menino doidinho pra se jogar no ringue. Faço de tudo para conter ele, então depois um tempo ele se cansa e pede colo. Pego e começo a cantar baixinho, até que ele pega no sono.

A sensação de ter um serzinho daquele dormindo no meu colo é muito boa. Viajo em pensamento enquanto imagino que podia ser um bacuri meu.

O Jogo termina e o Ryan vem se juntar a gente.

- Como você fez ele dormir? Só a Jenna consegue isso.

- Ele cansou de ficar aqui, pediu colo, eu peguei e cantei pra ele até dormir.

- Vou te contratar como babá oficial!

- É, talvez eu precise mesmo de um emprego daqui um tempo.

- Como assim Bastião?

- Nada não.

- Pode ir me contanto seus planos cara.

- Na hora certa cê vai saber.

Essa fala dele me deixou intrigado. Sabia que ele estava escondendo algo e eu precisava descobrir. Mas agora não é o momento, então mudo de assunto.

- Ei, vamos almoçar?

- Vamos. O carinha pode ir junto? Ele está tão confortável aqui que não quero tirar ele do colo.

- Vou avisar a Jenna e nós vamos. Ela nem vai acreditar que ele está dormindo.

Ele sai, e volto minha atenção de novo para o meu colo.

Faço uma prece em silêncio, "Deus, que o senhor me permita viver isso um dia também, ter um pedacinho meu com um pedacinho dela crescendo por aí."

O Ryan volta e então me levanto e ajeito o Lucca no colo e vamos indo.

- A Jenna disse que você está contratado!

Dou uma risada alta e o Lucca reclama. Agora ele está com os braços em volta do meu pescoço e está segurando meu cabelo com uma das mãos. Gosto disso.

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