Capítulo 77

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Vamos indo para o mesmo restaurante que fui com o Ryan.

Não estava a fim de sair, mas eles não entendem o que eu falo e eu preciso comer.

A Ju vai dirigindo e tagarelando sobre tudo o que vê. Ela está fazendo de tudo para deixar o clima mais normal possível.

Mas ainda estou estranho. Foi tudo intenso, o medo, a raiva, a frustração. Acho que vou levar um tempinho pra tirar tudo isso de mim.

- Ju, é aquele restaurante ali. O que tem um urso na porta.

- Ta bom, vou tentar achar uma vaga mais perto, pra você não precisar andar muito.

- Ok. Tem certeza que cê não quer escolher a comida?

- Não amor, confio no seu gosto.

- Não aceito reclamações depois.

Ela pisca pra mim e finalmente escolhe uma vaga e para o carro.

- Olha Piruca, uma máquina de raspadinha. Nossa faz anos que comi isso.

- Não gosto desse trem aí não, congela a cabeça.

- Ah, divide um comigo Piruca?

- Quero não Juliette. Cê pode tomar tudo sozinha.

Vamos saindo do carro e ela continua com a ideia fixa dessa tal raspadinha.

- Vai lá Ju, comprar uma procê e eu vou pegar a comida. Pode ser?

- Mas cê vai conseguir pegar as coisas?

- Vou sim. Vou andando devagar e da tudo certo.

- Ta bom, vou lá.

Ela me dá um beijo estalado e vai toda felizinha pra lá

Acho que um pouco desse meu mal humor é fome, né possível!

...

O centro dessa cidade é muito lindo. Com essas casinhas todas iguais, tudo colorido e cheio de flores e ursos.

Tem várias lojas por aqui. Se a Jenna me desculpar pelo papelão de hoje, vou pedir pra ela vir comigo fazer algumas compras.

Não gosto muito de gastar, mas acho que posso comprar algumas coisas aqui pra nossa casinha.

Agora que sei que a casa é mesmo dele, quero ir arrumando aos poucos do nosso jeito, e acho que ter lembranças daqui vai ser bem massa.

Me aproximo do vendedor das raspadinhas e me preparo pra arrasar no portunhol.

- Olá, quiero uno. – Aponto para o sabor de morango. – Entendes?

- Olá, você é brasileira?

Meu disfarce foi descoberto.

- Sim. Meu espanhol é tão ruim assim?

- Um poquito.

Ele faz um sinal com a mão e morre de rir de mim. O vendedor é um homem de meia idade, mas muito simpático, como um bom brasileiro não perde uma piada.

- Achei que estava arrasando. Qual seu nome?

- Antônio e o seu?

- Prazer Juliette. – Estendo a mão e me apresento, faz tanto tempo que não preciso me apresentar para as pessoas, que faço questão de fazer quando posso. - Vou querer um copo grande e com cobertura extra de calda de morango.

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