Capítulo 140

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Esse lugar que o Ryan indicou não fica muito longe. Mas agora que a noite caiu de vez, vejo que a Ju está dirigindo mais tensa. Ta quase grudada no painel.

- Ju, você quer que eu leve o carro agora?

- Não amor. É que eu to sem óculos, ai fica um pouco mais difícil enxergar a noite. Mas a gente já está chegando, não está?

Confiro no GPS e realmente estamos muito perto.

- Sim, mas uns oito minutos e chegamos.

- Ainda bem, to morrendo de fome.

O Ryan disse que o lugar que vamos é bem simples. Geralmente quem fica por lá são os caçadores, então é bem rústico, mas pelo menos é livre de ursos.

- Rodolffo, você ficou bravo?

- Por que vida?

- Porque a gente podia estar no conforto da nossa casa e estamos aqui no meio do nada por minha culpa.

- Ju, eu achei muito massa sua ideia de ter uma noite diferente. E passar por perrengues faz parte. Agora tenho mais uma história pra contar pra nossa vidinha.

- Que história?

- Sobre o dia que a mãe dela quis dar o papai de janta para os ursos no Canadá.

Dou risada e ela me olha de cara feia.

- To só falando a verdade, uai.

- E eu vou contar pra ela, que o pai é um linguarudo que fica mangando de mim.

Ela faz uma curva e finalmente vejo algo no horizonte. Uma cerca mal iluminada, uma placa que não da pra ler e um sino. Ela para, e buzina algumas vezes.

- Será que é bom descer e tocar o sino?

- Acho que não, o Ryan disse que era só buzinar que o rapaz já ia estar esperando.

Esperamos mais um pouco e resolvo ligar pra ele. Não demora nada e ele atende.

- E aí, já estão instalados?

- Não, estamos na entrada, mas parece que não tem ninguém aqui.

- Pera aí, não desliga. Vou ligar pra ele do celular da Jenna.

Espero um pouco enquanto escuto ele conversar com alguém.

- Rodolffo, ele ta descendo aí. Vou esperar até vocês estarem instalados e depois desligo.

- Obrigado cumpade.

Demora mais um pouco e vejo uma luz trêmula se aproximando e um rapaz pequeno surgindo.

- Ele ta chegando moço.

- Até que enfim.

Ele abre o portão e a Ju vai entrando com o carro devagar e para do lado dele.

Abaixo o vidro e ele fala comigo.

- Oi, você deve ser o amigo do Ryan?

- Sim. Cê fala português cara.

- Um pouco. Fiz algumas aulas com a April no Instituto.

A Ju revira os olhos só de escutar esse nome.

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