Capítulo 12

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Finalmente o trajeto de avião tinha acabado, não aguentava mais ficar chacoalhando naquele teco-teco. Agora é só pegar as malas e encontrar com Ryan.

Estava ansioso por esse novo momento da minha vida, sempre quis vir pra cá.

Estou empolgado. Ok, talvez eu ainda esteja me enganando um pouco com meus sentimentos.

Mal saio da área de desembarque e já consigo ver o Ryan com um pequeno cartaz com meu nome, não escondo o riso e vou em sua direção.

- Oi meu amigo! Muito obrigada por vir me buscar, e por todo o resto também.

- Que isso Bastião, estou muito feliz por te receber aqui!

- Hahaha você vai ter que treinar um pouco mais esse português hein.

- E cê acha que veio fazer o que aqui hein? Vai me ajudar com isso e você sabe que não fugo do treino. Vamos, meu carro não está muito longe.

Ryan Cooper era um famoso jogador de hóquei em seu país e tinha um grande centro de treinamento para adolescentes de todo mundo lá em Banff. Nos conhecemos quando ele sofreu uma lesão no tornozelo e foi até Goiânia para um tratamento específico. O Tatico que nos apresentou, criamos uma grande amizade no período que ele esteve no Brasil, e apesar de nunca mais termos nos encontrado, nunca paramos de conversar.

Ele sempre me contava sobre os projetos do centro e sempre cultivei a ideia de vir conhecer de perto. E aqui estou eu, anos depois para viver tudo isso.

- Não se preocupe Rodolffo, a viagem de carro é rápida. Em menos de 2 horas já estaremos em casa.

- Ainda bem que é perto daqui pra frente viu. Por que ó faz é tempo que estou rodando desde que sai do Brasil.

- Relaxa, a paisagem daqui vai compensar qualquer cansaço da viagem.

- Não vejo a hora de ver se é tudo isso que cê fala viu.

- Valendo uma partida de hóquei, tenho certeza de que você vai achar tudo mais lindo ainda.

- Aceito a aposta, mas se não for você vai dar um jeito de cantar em público e eu vou mandar o vídeo pros cara.

- Ta bom, tenho certeza que não vou perder! Mas me diz, o que te deu pra parar tudo e vir pra cá assim do nada?

- Ah cê sabe que eu sempre quis vir, até planejei um tempo atrás lembra. Mas aí eu fui pro BBB e não rolou.

- Mais cara, vocês estão no auge, e você vai ficar aqui por dois meses?

Eu sei que ele sempre quis vir pra cá, e estou muito feliz por estar vivendo esse momento com meu amigo. Mas sei que no fundo não é só isso. Ele não ia cruzar o atlântico para ver um pouco de floresta de eucalipto e um ringue de hóquei. Vejo no olhar dele que está triste, ainda bem que vamos ter tempo para conversar e tentar entender tudo o que está rolando.

- Eu tive um problema de saúde e o médico pediu para me afastar dos palcos um pouco. Então achei que era a hora certa de vir pra cá. Vou poder andar tranquilo pelas ruas, descansar, compor novas músicas, e ver ocê cair de bunda no gelo. – Digo isso e caio na gargalhada com a cara que ele faz pra mim.

- Ahhh ta bom viu, eu praticamente nunca caio, ou pelo menos não de bunda. - Digo entre risadas. Esse Rodolffo não tem jeito, nunca perde uma piada.

-Veremos.

- Oh vamos só passar em casa e buscar a Jenna e o Lucca, e depois vamos pra casa que você vai ficar. Eles estão ansiosos pra te conhecer.

- Nem acredito que você se casou e já tem um bacurizinho. Cê achava isso tão distante da realidade quando nos conhecemos.

- Jenna acha essa palavra "bacurizinho" muito engraçada, ela ri toda vez.

- Eu gosto muito dela, o jeito que ela tenta falar em português comigo é engraçado demais cara.

- Ela melhorou bastante viu, andou treinando pra te receber com mais facilidade. Você tem que ver o Lucca, ensinei ele a dizer "Tio Rodolffinho", ele ta quase lá.

Estou me sentindo aliviado com essa conversa simples e engraçada, faz tempo que tava precisando disso. Uma conversa banal, sem medo de deixar algo escapar, de esperar julgamentos, só conversar por conversar mesmo.

- Ah quero muito ver isso. Não sabia que ele já estava falando.

- Está no começo ainda, por isso fica mais engraçado. Mas tento falar bastante em outras línguas com ele, nessa fase é mais fácil a compreensão dele.

- Entendi, já tinha ouvido mesmo falar sobre isso. Acho que foi o Rael que disse.

- E ele cara, não ficou chateado com o cancelamento da turnê?

- Não, cê sabe que ele é um irmão pra mim, a ideia de ser uma pausa longa foi dele até. Ele também precisa de um tempo pra família, os filhos dele estão crescendo e ele mal está vendo.

- Entendi, admiro muito a relação de vocês dois, vai muito além da carreira. E olha eu achava que há essa altura você já teria pelo menos uns dois filhos.

Eita, acho que não devia ter tocado nesse assunto, lá vem de novo aquela sombra nos olhos dele.

- É bastião, eu também achei. Mas talvez isso não seja pra mim.

Esse assunto me assombra a um tempo já. Sou louco por crianças e elas parecem loucas por mim. Sempre me imagino com meu menino no colo em cima do palco, cantando uns modão. E Deus se for uma menina que o senhor me ajude, porque já tenho ciúmes.

- Vou mandar uma mensagem pra Jenna e dizer que estamos chegando. Espero que você goste da casa que preparamos pra você, a Bella que ajudou a escolher, e disse pra Jenna todas as coisas que você gosta de comer e de usar.

- A Bella sabe que estou aqui?

- Ué, não era pra contar? Quando a Rafa me ligou e disse que você queria vir pra cá, resolvemos a questão das passagens e do deslocamento e depois ela me disse pra ver as outras coisas com a Bella, porque ela estaria viajando e talvez eu não conseguisse falar comigo.

- Entendi. É que achei que só a Rafa soubesse que eu tinha vindo pra cá. Mas faz sentido a Bella saber também. Não quis contar pra eles, por que não quero que a imprensa descubra onde estou.

- Sei, sua família lá é boca de sacola né. É assim que fala né. – Não aguento e caio na risada com ele.

- Isso mesmo, principalmente meu pai.

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