Capítulo 141

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Pego algumas lenhas que encontro ao lado da cabana e acendo a fogueira.

Ela vem de lá de dentro arrastando a cesta pelo caminho.

- Ju, porque cê não pediu ajuda?

- Porque achei que conseguia.

Vou até ela e pego a cesta e coloco em frente ao nosso colchão.

- Caramba. O que vocês colocaram aqui?

Ela se senta e começa a tirar as coisas lá de dentro.

- A Jenna que arrumou tudo. Mas agora não faz muito sentido usar elas aqui.

Abro a cesta e tem um pouco de tudo, toalhas, guardanapos de pano, taça, copo, prato. Um monte de trem que não se usa em acampamento.

- Que diacho de lugar é esse que a Jenna, acampou na vida dela? Ela mandou taças?

- Eu disse pra ela que queria um pic nic chique.

Balanço a cabeça e continuo tirando as coisas.

- E a comida?

- Ta aí também amor, no fundo.

Depois de tirar mais um conjunto de toalhas, finalmente encontro os potinhos com comida. Tem um pouco de carne, queijos, pães, chocolates e frutas.

- A intenção é fazer um fondue?

- Isso, naquela outra caixa no carro tem a panelinha.

Vou até o carro e pego o restante das coisas e também as duas cobertas que ficaram pra trás.

A Ju já fez uma mesinha em uma das cadeiras e separou as comidas.

Coloco a chapa em cima da fogueira que agora já está com o fogo alto. Espero esquentar e coloco a carne e jogo um pouco de sal por cima. Elas realmente pensaram em tudo, apesar dos exageros, tem tudo que a gente precisa pra preparar o fondue.

Entrego a mistura de queijos pra ela que coloca tudo dentro da panelinha, acendo o fogareiro e coloco embaixo da panela.

- Ju, vamos combinar uma coisa?

- Sim, eu topo.

- Oxe, mas eu nem falei o que é.

Ela se aproxima de mim e me da um beijo na bochecha.

- Topo tudo com você vida.

Isso me alegra de um jeito que nem sei explicar. É bom saber que chegamos nesse ponto da nossa relação.

- Bom saber bb, bom saber.

- Agora vai, fala que cê ta pensando.

- Nem precisa, cê já topou mesmo.

Pego o celular no bolso e coloco pra tocar alguma coisa.

- Vai amor, fala. To curiosa.

A abraço por trás e começo a dançar no ritmo da música que ta tocando.

- Pensei da gente fazer uma tatuagem, bem aqui. – coloco seu cabelo pro lado, deixando o pescoço exposto, e mostrando o local exato da tatuagem. – Escrito sou do Rodolffo, e em mim sou da chupa peda.

Dou um beijo estalado, a pego pela mão e giro, fazendo com que ela fique de frente pra mim de novo.

Ela me olha receosa, ta esperando eu dizer que to brincando.

- Será que cê pode fazer tatuagem, estando grávida?

A trago mais perto e continuo dançando. Ela segue no ritmo, mas sinto seu corpo tenso.

- Ju, não precisa ficar com medo. Não vai ser nada grande, acho que de oito a dez centímetro de altura ta bão, num ta?

Deito ela na minha perna, como num passo de dança e não seguro a risada. O olhar dela é de pânico agora.

- Que foi vida?

Levanto ela e sigo olhando firme em seus olhos.

- Rodolffo, você ta brincando não é?

- Não Juliette. Eu to falando bem sério.

Dou um beijo nela e volto pra fogueira. Olho por cima do ombro e ela está parada no mesmo lugar ainda com a mão no pescoço.

- Piruca, acho que não é tudo que topo com você não.

Dou de ombros e respondo sem olhar pra ela.

- Ju, já era, você se comprometeu.

- Mais vida, não posso fazer isso. É uma tatuagem muito grande, vou ter problema com as marcas.

- Não posso fazer nada bb. Você disse que topava.

Ô meu Deus, como minha mulher é tão esperta pra umas coisas e tão bobinha pra outras. Jamais pediria pra ela fazer uma coisa dessa, marcar aquele pescocinho lindo com uma tatuagem tão sem noção assim.

Vou de novo até ela e a seguro pelas mãos.

- Ju, eu to brincando amor. Cê acha que eu ia mesmo te obrigar a fazer uma coisa dessa?

- Sei lá, cê vive dizendo que sua palavra não faz curva.

- Vida, eu jamais faria uma coisa dessa com a gente. Eu só queria que a gente combinasse de sempre ter noites assim. Mesmo depois da nossa vidinha.

Ela respira aliviada e o sorriso volta pro seu rosto.

- Noites assim como? No meio do nada, cercados por ursos e um lugar desconhecido?

- Hahahaha, a gente pode pular a parte dos ursos. Mas quero noites assim com você sempre. Só nós dois, no meio do mato. Mas sempre em um lugar seguro.

- Ah ta. Isso eu topo muito bb.

Ela sobe no meu colo e quase caiu pra trás com a surpresa.

- Segura peão!

Ela solta uma gargalhada com meu vacilo e a calo com um beijo.

Com ela aqui nos meus braços, sem medo, sem vergonha, sem hora pra nada. To considerando seriamente, uma fuga nossa pro meio da floresta. Voltar pra vida real não me apetece mais.

...

Ele me coloca no chão quando começa a tocar um xote no celular. Puxo ele no forró e dançamos coladinho.

Nunca tinha reparado na letra dessa música do Mioto, até que ele começa a cantar baixinho no meu ouvido.

"...Quanto custa um lote no seu coração?
Que eu tô querendo investir
Que eu tô querendo você pra mim

Meu plano é construir uma casa grande aí dentro
E nunca mais sair
Eu já consultei meu coração sobre esse investimento
E ele mandou agir

Você é Sol quente no meio do frio
Minha verdade em primeiro de abril
Chuva forte em seca nordestina
É o melhor negócio da minha vida..."

Dou risada e ele me puxa mais pra perto e continua.

"...Se eu imprimir a escritura agora e aí
Cê assina?
(Só por curiosidade)
Deixa esse teu peito ser
Minha casa minha vida..."

- Você já é meu lar bb.

Ele me joga pra trás e me puxa de volta num beijo.

Se tem vida melhor que essa, desconheço.

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