Capítulo 58

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O sol começa invadir o quarto pela fresta da cortina e me acorda.

Olho do lado e ele está esparramado na cama dormindo. Não tenho coragem de acordar ele tão cedo.

Saio devagar da cama, fazendo de tudo pra ele não perceber.

E mesmo assim ele se mexe um pouco, me procura com a mão, encontra um travesseiro e abraça.

- Pobi do Piruca, ta achando que sou eu.

Vou até ao banheiro, tomo um banho rapidinho me enrolo na toalha. Resolvo abrir a cortina, quero que quando ele acordar, dê de cara com o sol.

Saio de fininho do quarto e vou descendo pra pegar minhas malas.

- Eita peste, tá muito pesada. Não vou levar lá pra cima não. Rodolffo que leve depois.

Abro ela ali mesmo e pego um conjunto de moletom levinho, uma blusinha e me troco ali. Arrasto as malas até embaixo da escada, pra deixar tudo arrumadinho. Sei que ele não gosta das coisas espalhadas. Apesar que essa casa ta bem bagunçada visse.

Nem parece a casa do senhor organização.

Vou até a cozinha. To morta de fome.

Ontem a gente estava tão ocupado que nem paramos pra comer.

Um sorriso me enche o rosto só com as lembranças da noite passada. Quero tudo de novo hoje, e depois e depois.

Na geladeira tem poucas coisas e nada que me agrade.

Vejo a chave do carro no balcão e resolvo sair pra comprar alguma coisa pra comer. Pego minha bolsa e vou. Tomara que ele não acorde.

O sol está iluminando tudo e isso deixa a paisagem ainda mais bonita. Entro no carro, me ajeito, vejo o histórico do GPS e coloco o endereço do Instituto. Sei que dessa forma vou passar pelo centro da cidade.

Dou partida e vou embora.

O caminho é muito bonito e diferente de tudo que já vi. Tem uma floresta de eucaliptos que correm junto com a estrada, e quanto mais se anda, mais perto da montanha fica.

O Centro de Banff, parece um cenário de filme. Estaciono o carro na primeira vaga que encontro e vou atrás do nosso café.

Entro em algumas lojas, e compro tudo que preciso.

Estou feliz que nem precisei falar em inglês, me virei no portunhol e deu tudo certo.

No caixa de uma das lojas vejo que tem um chip de celular do país, compro e agora já no carro, pego meu celular e tento colocar. Eu demorei um pouco mais do que queria pela cidade. Ele já deve ter acordado.

Queria avisar o que vim fazer. Mas tudo bem, já estou voltando mesmo.

Guardo o carro na garagem, pego as sacolas e vou entrando em casa. Gosto tanto de saber que posso chamar de casa qualquer lugar que ele esteja. Afinal ele é o meu lar.

Tudo em silêncio por aqui, acho que ele deve estar dormindo ainda.

Levo as coisas pra cozinha, procuro uma bandeja, arrumo tudo ali.

Vou tentando equilibrar as coisas e subir a escada ao mesmo tempo.

Quando chego no último degrau quase derrubo tudo.

Ele está sentado no pé da cama de frente pra janela. E antes mesmo de me olhar, sei que ele está chorando. Coloco a bandeja no chão e vou indo em sua direção.

- Ei bb, o que foi? Porque cê ta chorando?

Ele me olha e posso ver o alívio estampado no seu rosto.

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