⚘ sete

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Vasculhei cada parte do armário atrás de mais um pouco do papel de parede rosado da cozinha da minha tia.

— Qual a possibilidade da loja de decoração e construção abrir especialmente para nós dois a essa hora da noite? — perguntei, já desistindo em parte.

— Não é uma opção — ele tomou a frente e procurou melhor pelo armário bagunçado.

— Isso aí está parecendo o armário de vassouras onde o Harry Potter morava.

— Não peguei a referência — ele olhava focado para as prateleiras e eu o olhava assustada.

— Nunca assistiu Harry Potter?

— Não.

Ele me olhou sobre o ombro quando percebeu o meu silêncio. Tentei não me chocar, mas era difícil. Que criança não cresceu vendo Harry Potter e esperando por sua carta de hogwarts?

— Deus, achamos o seu defeito — Taehyung suspirou — Se você não sofreu bullying na escola, deve ter chegado perto.

— Não é pra tanto, são só filmes.

— Filmes?! Cara, eu vou ter que te bater.

— Relaxa, Jen. Ah, achei!

Ele tirou de lá o papel de parede florido, e eu soltei um gritinho de entusiasmo.

— Ok, se senta enquanto eu faço o trabalho sujo.

— Estranhamente sexy. — arranquei um riso dele e me sentei na cadeira — Não vou me esquecer desse absurdo. Você vai ver todos os oito filmes comigo.

— Oito?! Caramba, as crianças da minha época eram tão desocupadas assim?

— Eu era uma dessas crianças, está me chamando de desocupada? — ele desenrolou o papel em suas mãos — Harry Potter é cultura. Está explicado você ser tão rabungento, não teve infância alguma.

— Eu gostava de Star Wars.

— Ah, lá vem.

— Lá vem o que? — ele questionou, afastando o fogão para conseguir ter uma visão melhor da parede.

— Os fãs de Star Wars ficam sempre tentando explicar porque esses filmes são as maiores produções já feitas na história do cinema, eu não aguento mais. Todo mundo já sabe que o cara lá é pai do outro.

— Você nunca viu Star Wars? — agora ele me olhou chocado — Cristo, você é esquisita.

— Estou começando a te odiar de novo.

— Como vai explicar para a sua tia que o forninho dela foi pro brejo?

— Bem, eu não vou. Com sorte ela não vai reparar, já que mal o usava.

— E se ela reparar?

— Daí eu corro. Muito rápido. — ele sorriu, e voltou ao trabalho.

O cheiro de fumaça tinha se dissipado, e eu assisti Taehyung trabalhar enquanto sussurrava o que deveria fazer em seguida. Poderiam ser só os hormônios da gravidez, mas acho que nunca me senti tão atraída pelas costas de um homem. A camiseta preta fina marcava bem suas costas, e me dava a ótima visão de boa parte dos seus músculos. Os ombros largos e os braços mais definidos também ocuparam a minha visão por mais tempo do que deveriam. Meus olhos desceram cada vez mais até a cintura fina e em seguida o quadril, a calça jeans apertada mostrava a bunda dele descaradamente, e eu desejei não pensar dessa forma em Taehyung.

Desviei minha atenção para a minha barriga.

— A bebê decidiu sambar na minha bexiga, já volto — avisei antes de deixar a sala.

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